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Suíça-ONU: um casamento demorado

Sala da Assembléia Geral da Onu, em Nova York Keystone

A Suíça tornou-se membro das Nações Unidas apenas em 2002. Em 1986, a adesão fora rejeitada por 75% da população.

A cidade suíça de Genebra é a sede européia da ONU e de numerosas agências da entidade.

O “sim” que, em 3 de março de 2002, saiu das urnas, aprovando a adesão da ONU nada tinha de uma aceitação maciça: apenas 55% dos suíços ratificavam o fim da exceção helvética.

No primeiro voto sobre a questão, em 6 de março de 1986, a situação era inteiramente diversa, pois 75% dos cidadãos e todos os cantões haviam claramente rejeitado o projeto.

Na seqüência do êxito da votação, o Governo remeteu, em julho de 2002, o pedido oficial de adesão ao secretário geral da ONU, Kofi Annan.

Em 10 de setembro do mesmo ano, a Assembléia Geral da organização acolhia, por aclamação, a Suíça como seu 190° membro. Desde, então, o Vaticano ficou, e continua sendo, o único país do mundo fora do sistema das Nações Unidas.

Muito ativa



Quando da fundação da ONU, em 1945, o Governo, preocupado em garantir a neutralidade, preferiu que a Suíça não ingressasse no novo organismo. Mas outros países neutros, como a Suécia e a Áustria, não viram motivo para não aderir.

Mesmo não sendo membro, a Suíça destacou-se por suas atividades em numerosos organismos afiliados à ONU. Apesar de seu estatuto, ela pôde também assinar várias convenções e acordos, como, por exemplo, o pacto da ONU sobre os direitos econômicos, sociais e culturais.

Missões de paz



Desde 1948, a Suíça conseguiu um espaço nas principais organizações das Nações Unidas graças à sua posição de observadora. Assim, seu envolvimento assumiu formas muito variadas, como a de zelar pela observação do cessar-fogo entre a Coréia do Norte e Coréia do Sul, desde 1953.

Cidadãos suíços intervieram na condição de observadores militares da ONU ou dos ‘capacetes amarelos’ nas regiões de conflitos como Egito, Congo ou Namíbia. O compromisso dos soldados suíços pela paz em Kosovo foi garantido por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. Essa missão pôde assim começar três anos antes da adesão da Suíça.

Membro de plenos direitos, a Suíça prossegue com seu compromisso desenvolvendo outros gêneros de atividades. Uma deles é a defesa dos direitos democráticos.

A Suíça participou igualmente da criação do Conselho dos Direitos Humanos, sediado em Genebra. A cidade teve a oportunidade de, na mesma ocasião, reforçar seu papel como segunda sede da ONU, depois de Nova York.

Começo difícil



A volta ao passado nos faz relembrar, há cerca de 40 anos, fins da década de 60, como foi laborioso o início das discussões sobre a adesão suíça.

Em 1969, o Governo apresentou um primeiro estudo sobre a adesão, constatando serem cada vez mais numerosas as desvantagens de ficar fora das Nações Unidas. Realçava, porém, ser prematura a adesão. Um segundo estudo, dois anos mais tarde, confirmava que a Suíça não via motivos para mudar de opinião.

A mudança ocorreu em 1977. Naquele ano, o Governo entendia ser “desejável” a adesão. Quatro anos depois, enviava mensagem ao Parlamento, recomendando o ingresso nas Nações Unidas. Esse impulso, no entanto, foi sustado pela recusa popular, em 1986.

A neutralidade era o principal argumento dos que se opunham à adesão. Neutralidade que não podia ser liquidada, sem mais nem menos. Além disso, acenavam com o perigo dos capacetes azuis serem envolvidos em conflitos.

Antes tarde do que nunca



A nitidez da recusa suíça à adesão esfriou o debate por vários anos. Só em meados dos anos 90 é que os políticos suíços retomaram a proposição.

O Governo mostrou-se, inicialmente, muito prudente, porque estava negociando acordos bilaterais com a União Européia e receava ter que defender, ao mesmo tempo, duas delicadas propostas de política estrangeira.

Em 1998, o Governo publicava seu quarto relatório sobre a ONU. A adesão era apresentada como um “objetivo estratégico”, a se materializar em prazo politicamente “mais próximo possível”.

Mesmo assim, foi ainda necessária uma iniciativa popular para apressar o ritmo e para que a votação ocorresse. Tanto o Governo quanto as duas Câmaras do Parlamento haviam recomendado que a adesão fosse aceita.

swissinfo

A Suíça tornou-se o 190° Estado membro da Organização das Nações Unidas, em 2002.

A entrada da Suíça na ONU foi aprovada em votação popular.
Os adversários da adesão consideravam-na um perigo para a tradicional política suíça de neutralidade.

Bem antes de ingressar na ONU, a Suíça já era membro de numerosas organizações da ONU.

A sede européia da ONU fica na cidade suíça de Genebra.

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