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Suíça pede tempo para destruir bombas de fragmentação

Paul Vermeulen, diretor da ONG Handicap Internacional na Suíça, critica proposta de Berna. Keystone

Delegações de mais de 100 países discutem em Dublin, capital da Irlanda, a proibição mundial das bombas de fragmentação, prevista para entrar em vigor a partir de 1° de junho.

Vários países – entre eles a Suíça – pedem um longo período de transição para destruir essas armas. O país alpino teria um arsenal de 200 mil bombas de fragmentação.

Nas negociações em Dublin, que seguem até o final deste mês, a maioria dos países participantes manifestou-se favorável a uma solução do problema, disse Paul Vermeulen, representante da seção suíça da ONG Handicap International.

Segundo ele, ainda há países que pedem exceções que seriam prejudiciais à futura convenção, “mas há uma forte tendência em favor de uma ampla proibição”.

A delegação suíça foi criticada por ter apresentado uma proposta que deixa em aberto a duração do período de transição. Vermeulen teme que Berna peça um prazo superior a dez anos. A Handicap International é contra qualquer período transitório.

200 mil bombas



Organizações não governamentais estimam que o Exército suíço disponha de um arsenal de 200 mil bombas de fragmentação. O Ministério da Defesa e do Esporte não confirma nem desmente essa informação.

Os dados sobre o arsenal são considerados sigilosos. Os investimentos feitos nessas bombas seriam de 600 milhões de francos suíços.

Segundo Matthias Haller, da Direção de Política de Segurança do ministério, a compra das bombas de fragmentação do tipo M85 foi feita até 2004. Elas foram fabricadas pela empresa suíça Ruag sob licença israelense.

A Ruag “helvetizou” a munição, equipando as bombas com detonadores duplos, o que reduz ao mínimo o número das que não explodem, explica Haller.

Vermeulen desmente essa informação. “Todas as bombas do tipo M85 têm detonadores duplos, também aquelas que o exército israelense lançou sobre o Líbano em 2006. Na ocasião, mais de 10% das minibombas não explodiram na hora”, afirma.

Proibição geral

Alguns países, entre eles a Suíça, querem excluir do tratado munições com minibombas que, graças a um sensor, só atingem alvos que emitem calor no campo de batalha.

“Um sensor não pode diferenciar entre o calor emitido pelo motor de um tanque, de um trator ou de um ônibus escolar”, rebate Vermeulen. Por isso, a Noruega lidera um grupo de países que defende uma proibição geral.

Uma bomba de fragmentação pode conter até 650 pequenas bombas que se dispersam por uma área do tamanho de um campo de futebol. Há bilhões dessas minibombas nos arsenais de mais de 70 países, segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Assim como a minas terrestres, as bombas de fragmentação passaram a ser condenadas pelo fato de poder atingir aleatoriamente soldados e civis.

Além disso, as que não explodem na hora acabam mutilando agricultores e crianças. O relatório do PNUD fala em mais de 13 mil casos de vítimas dessa munição, principalmente civis no Afeganistão, no Iraque, no Líbano, em Laos e no Vietnã.

swissinfo com agências

Numa conferência internacional sobre este tema, realizada em Oslo, em 23 de fevereiro do ano passado, 46 dos 49 países participantes acertaram que o uso das bombas de fragmentação será proibido no mais tardar em 2008.

Somente Japão, Polônia e Romênia se negaram a assinar a iniciativa, que foi adotada na ausência de países-chave como Israel e Estados Unidos.

Por meio da declaração, os signatários se comprometem em “estabelecer em 2008 um instrumento internacional que proibirá a utilização, produção, transferência e armazenamento de bombas de fragmentação que causam danos inaceitáveis aos civis”.

Uma bomba de fragmentação pode conter até 650 pequenas bombas que se dispersam por um amplo perímetro. Entre 5% e 30% delas não explodem no momento do impacto, deixando o local ‘contaminado’, pois podem continuar explodindo mais tarde.

Em 2006, o Exército israelense lançou no Líbano pelo menos 1,2 milhão destas bombas, segundo o jornal Haaretz de Israel.

Segundo um relatório da Handicap International, 98% das vítimas de bombas de fragmentação são civis. (Fonte: AFP)

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