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Suíça se mobiliza contra a fome no mundo

Como em Madagascar, são sobretudo os pequenos agricultores e trabalhadores rurais que sofrem de desnutrição Reuters

A Suíça vai continua agindo para melhorar a segurança alimentar no mundo. Este foi o tema da conferência anual da ajuda suíça ao desenvolvimento organizada recentemente em Basileia.

Lutar contra a fome no mundo “é uma tarefa hercúlea”, disse a ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey.

A população mundial será de 9 a 10 bilhões de pessoas por volta de 2004 e será necessário produzir muito mais alimentos. Daí a “tarefa hercúlea” a que se referiu a chanceler suíça.

“A fome no mundo não diminuiu, mas aumentou”, disse a ministra à imprensa pouco antes da abertura da Conferência Anual da Cooperação ao Desenvolvimento, com o tema vias e acesso a um sistema alimentar mundial sustentável e que reuniu 2100 participantes em Basileia, noroeste da Suíça.

Por muitas razões, hoje mais de um bilhão de pessoas sobre de fome e desnutrição atualmente, no mundo. As mudanças climáticas, os conflitos armados, a perda de áreas agrícolas e a especulação das matérias primas são algumas das causas enumeradas por Calmy-Rey.

Com a França e a Finlândia

“Ainda estamos muito longe da segurança alimentar”, acrescentou a chefe da diplomacia suíça, cuja Agência ao Desenvolvimento (DDC, na sigla em francês), depende de seu ministério. Mas a Suíça faz parte dos países que mais investem nessa área, juntamente com a França e a Finlândia.

Segundo Martin Dahinden, diretor da DDC, a Suíça de fato é um dos raros países que não diminuiu sua ajuda à agricultora dos países do hemisfério sul, nos últimos anos. Sua contribuição é de 200 milhões de francos suíços por ano.

Esse montante representa 1% do total da ajuda ao desenvolvimento agrícola dos países do sul, precisa Dahinden. “Ela só pode funcionar, portanto, em um contexto multilateral.”

A soma total da ajuda da Suíça ao desenvolvimento é de 1,2 a 1,3 bilhão de francos, precisou Jean-Daniel Gerber,diretor da Secretaria Federal de Economia (Seco), responsável por 25% da ajuda. O restante cabe à DDC.

Uma batata resistente

“Concretamente, a Suíça se engaja em etapas, explicou o diretor. Trata-se não apenas de aumentar a produtividade graças a métodos e infraestruturas modernas, mas também de criar mais valor apoiando o comércio, dando acesso ao crédito e melhorar a estocagem, por exemplo, inclusive privados.”

A Suíça estima já ter ajudado centenas de milhares de pequenos agricultores no mundo. Um exemplo: “possibilitamos a cultura na Mongólia uma batata mais resistente. A renda aumentou de 30%.”

“Mas essas famílias estão novamente ameaçadas porque a escassez de água potável e as mudanças climáticas pioraram novamente a situação”, acrescenta Martin Dahinden.

“Contradição parcial”

Seguindo os planos de ação internacionais, a Suíça se engaja por uma agricultura multifuncional e um sistema alimentar mundial sustentável. De acordo com Jean-Daniel Gerber, as normas de sustentabilidade voluntárias aumentam as chances dos produtores de criar um mercado para a venda de seus produtos.

O secretário de Estado admite, no entanto, uma “contradição parcial”: o apoio à agricultura nos países em desenvolvimento se opõe ao fato que a Suíça é, no setor agrícola, um dos países mais protecionistas do mundo. “Teremos de fazer concessões no setor agrícola”, prevê Gerber.

Mas a Suíça também à importante exportadora de produtos agrícolas. Além disso, é campeã do mundo no consumo de produtos equitativos (ndr: importados a preço mais justo) por pessoa (35 francos por pessoa, em média).

O comércio agrícola equitativo “representa apenas menos de 0,1% das trocas comerciais físicas de produtos agrícolas no mundo; ele não pode servir de modelo”, escreve a Seco em um encarte da revista A vida econômica.

Ponta de esperança

Uma das boas notícias da conferência veio de Ousseini Salifou, comissário para a agricultura, meio ambiente e água da Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO). “Doze países em 15 que que formam a comunidade adotaram planos de ação detalhados”, explicou.

O objetivo é reduzir a dependência dos mercados mundiais. “A agricultura ocupa 65% da população ativa, mas a pobreza atinge 30% de nossas populações”, afirmou o comissário, originário do Níger.

Ousseini Alifou insistiu há esperança porque somente 10% das terras irrigáveis são atualmente valorizadas. “Temos enormes margens de produtividade ainda não exploradas”. O comissário lançou um apelo à Suíça para apoiar essa iniciativa a assinar um pacto de financiamento da política agrícola regional da África Ocidental, adotado em novembro de 2009.

Ariane Gigon, swissinfo.ch, Basileia
(Adaptação: Claudinê Gonçalves)

Mais de um bilhão de pessoas no mundo passam fome, ou seja, um ser humano em seis.


80% das pessoas subnutridas são pequenos agricultores, trabalhadores rurais, criadores e pescadores ; 20% são citadinos.

O primeiro dos Objetivos do Milênio para o desenvolvimento é a redução pela metade do número de pessoas subnutridas até 2015. Ele provavelmente não será atingido em todo planeta.

A ajuda à agricultura recuou bruscamente no total da ajuda ao desenvolvimento, passando de 17% em 1983 para 3% em 2007, ou seja, uma redução de 4 bilhões de dólares.

A Agência Suíça de Desenvolvimento e Cooperação (DDC, na sigla em francês), aplicou no ano passado 221 milhões de francos suíços em segurança alimentar, ou seja:


– 108 milhões de francos em medidas bilaterais (projetos da DDC, apoio a entidades caritativas,

– 55 milhões de francos às organizações multilaterais de desenvolvimento,

– 45 milhões ao Programa Alimentar Mundial,

– 13 milhões à la pesquisa agrícola internacional multilateral.

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