Perspectivas suíças em 10 idiomas

Suíça teme por salários frente a Europa dos 25

Livre circulação de pessoas, mas de maneira progressiva. Keystone

A Suíça não deverá abrir seu mercado de trabalho aos dez nos membros da União Européia, pelo menos nos próximos 7 anos.

No entanto, já existe o receio, à direita e à esquerda, de que os trabalhadores da Europa Central e Oriental venham tomar o emprego dos suíços.

Apesar de não ser membro da União Européia (UE), a Suíça tem um acordo com os países que compõem atualmente sobre a livre circulação dos trabalhadores.

Esse acordo entra em vigor progressivamente e permite aos suíços de trabalhar e morar nos países da UE e aos cidadãos desses países fazerem o mesmo na Suíça.

A partir de maio, a UE terá 25 países mas o governo suíço se opõe à extensão do acordo aos dez novos membros, por temer uma invasão de trabalhadores da Europa Central e Oriental que viriam procurar emprego na Suíça.

O principal adversário da liberalização é a UDC, o mais à direita dos quatro partidos políticos representados no governo federal.

Temores irracionais e perigo real

Para René Schwok, da Faculdade de Ciências Econômicas e Sociais da Universidade de Genebra, os argumentos da UDC são xenófobos e irracionais.

« Eles não querem o que denominam como invasão de cidadãos da Europa Central e Oriental, explica à swissinfo o especialista em questões européias. É um receio totalmente irracional e ver, de repente, por exemplo, milhares de poloneses instalarem-se na Suíça. »

Mas a oposição à extenção do acordo de livre circulação também vem da esquerda, particularmente dos sindicatos, que temem pressões pela redução dos salários. Para René Schwok, esse receio não é totalmente infundado.

«Ao contrário da maioria dos países europeus, na Suíça não existe salário mínimo e todos os setores são regulados por convenções coletivas de trabalho », explica o professor.

« É por isso que os sindicatos reivindicam garantias do governo contra o risco de dumping salarial e a extensão dos contratos coletivos”, afirma René Schwok.

Medo por nada

A Suíça não é o único país europeu a se preocupar com a abertura do mercado de trabalho aos dez novos membros da UE.

Dos quinze membros atuais, quatorze adotaram medidas transitórias para reduzir o fluxo previsível de trabalhadores, principalmente da Europa Central e Oriental. Essas medidas transitórias ficarão em vigor durante dois anos.

Para Diana Wallis, deputada britânica no Parlamento Europeu, esse receio não tem fundamento.

“Nada leva a crer que haverá uma vaga de emigração para a Suíça ou qualquer outro país da UE », explica à swissinfo.

« As experiências das precendentes extensões da Europa demonstram que, ao invés de partir, as pessoas preferem ficar em seus países quando as condições econômicas melhoram », explica Diana Wallis.

Acalmar os temores

A Suíça negocia um período de transição de sete anos. Falta ainda determinar uma data para esse prazo começar, ou seja, 1° de maio próximo (data da ampliação da UE) ou outra data posterior.

Falta determinar ainda as formas de contrôle e as cotas que vão vigorar durante esses sete anos.

Mesmo assim, não há garantia de que a Suíça abrirá seu mercado de trabalho aos dez novos membros da UE, dentro de sete anos.

Os adversários da abertura – em particular a UDC – promete recolher facilmente 50 mil assinaturas e submeter a questão ao referendo popular.

René Schwok não acredita nessa possibilidade. Ele acha que os sete anos do período transitório serão suficientes para eliminar os temores.

“Se as pessoas perceberem que a invasão temida não acontece, acho que os receios irracionais darão espaço a uma análise mais realista da situação », prevê o professor.
professeur.

swissinfo, Jonathan Summerton
(tradução: Claudinê Gonçalves)

– Dia 1° de maio, a União Européia passará de 15 a 25 membros.

– O acordo de livre circulação das pessoas entre a Suíça e o 15 membros atuais entrou em vigor em 1° de junho de 2002.

– A partir de 1° de junho próximo, os cidadãos suíços não terão mais automaticamente a preferência sobre os europeus no mercado de trabalho suíço.

– A Suíça obteve um período transitório de 7 anos para abrir seu mercado de trabalho aos 10 novos membros da UE.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR