Perspectivas suíças em 10 idiomas

Suíço é candidato a prefeito de Maputo

Maputo, capitale du Mozambique. Keystone

O médico Philippe Gagnaux, originário do Cantão de Vaud, tenta conquistar a prefeitura da capital moçambicana nas eleições municipais (autárticas) realizadas quarta-feira. Os resultados sairão nos próximos dias.

Em 1998, a candidatura do suíço foi a surpresa das eleições municipais conquistando 30% dos votos.

Não há dúvida nenhuma. Philippe Gagnaux é um africano. Com 43 anos, nascido no Cantão de Vaud (oeste da Suíça), ele conhece bem Moçambique, onde vive há 39 anos.

Desde 1998, ele tem inclusive a dupla nacionalidade. Foi também em 98 que ele concorreu às primeiras eleições autárticas (municipais) realizadas em Moçambique. Sua lista eleitoral obteve 30% dos votos em Maputo, capital moçambicana.

Viver em Moçambique foi uma escolha da família. O pai de Philippe Gagnaux, foi um médico conhecido em Moçambique por dedicar-se aos mais pobres durante muitos anos. Mesmo assim, René Gagnaux foi assassinado em 1990, na época da guerra civil.

Trabalho, transparência e honestidade

Agora, 10 anos depois do final da guerra, Philippe Gagnaux, concorreu novamente à prefeira de Maputo com a lista “Juntos pela Cidade” e o lema “trabalho, transparência e honestidade”.

Em 1998, a lista de Gagnaux tirou proveito do boicote às eleições da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido da oposição.

Desta vez a Renamo participou das eleições realizadas quarta-feira. A principal incógnita, no entanto, segundo as primeiras estimativas, é a fraca participação do eleitorado moçambicano.

Antes das eleições, o candidado suíço-moçambicano disse que não se preocupava com a participação da Renamo porque o partido, segundo ele, é pouco representado em Maputo.

“Vamos melhorar nosso resultado”, estimava Gagnaux, definindo-se como “um político amador”.

Os eleitos nas 33 autarquias terão mandato de 5 anos. Os resultados das apurações serão divulgados dentro de alguns dias. O processo eleitoral é acompanhado por 168 observadores internacionais.

Denunciar a corrupção

Durante a campanha, o médico suíço denunciou a gestão opaca e “muito bem organizada por eles mesmo” dos responsáveis do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

Ele afirma que “existem recursos suficientes para resolver os problemas de Maputo como a superpopulação, a coleta de lixo, a sugeira e falta de infraestruturas nos bairros pobres. Mas o dinheiro desviado e somente 30% dos impostos muncipais ficam na cidade”.

Em 5 anos de presença na Câmara da capital moçambicana, os 15 vereadores (conselheiros) do grupo “Juntos pela Cidade” conseguiu algumas vitórias como a abertura ao público das sessões da Câmara e uma rigor nos trabalhos do legislativo municipal.

“Nosso objetivo, garante Philippe Gagnaux, é fazer a prefeitura governar cada vez melhor”.

Seguindo os traços do «docteur Schweitzer»

Como o pai, Philippe Gagnaux também é médico conhecido em Moçambique. Na campanha, ela apostou no discurso atípico que tem.

Ele afirma passar 30% de seu tempo em consultas gratuitas e reconhece que tira proveito da imagem deixada pelo pai, médico missionário que chegou a Moçambique em 1964 e que ficou conhecido como o “doutor schweitzer de Moçambique”.

Na época da independência, em 1975, muitos estrangeiros deixaram o país mas o médico suíço resolveu ficar. A família passou privações e conheceu os horrores da guerra civil, período que culminou com o assassinato do “doutor suíço”, em 1990.

Philippe Gagnaux explica que “muitos afirmaram na época que meu pai havia sido assassinado pela Renamo mas eu não tenho certeza. Meu pai foi assassinado por bandidos.”

Depois de morto, René Gagnaux foi condecorado com a “medalha da bravura e do patriotismo”, mais alta distinção moçambicana.

Integração e raízes helvéticas

Com o mesmo espírito humanista do pai, Philippe Gagnaux ainda efetua missões pontuais para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Ele afirma que não rompeu completamente as ligações com a Suíça, onde regressa regularmente. Isso não exclui, no entanto, o fato dele ser um verdadeiro moçambicano.

Ele afirma que o “povo moçambicano é extremamente tolerante” e que há poucos países africanos “onde um branco pode se integrar como eu fiz em Moçambique”.

swissinfo com agências

– Os eleitores moçambicanos votaram em ambiente calmo, quarta-feira, para eleger as câmaras e prefeituras de 33 cidades, inclusive a capital Maputo.

– Essas foram as segundas eleições autárquicas da história do país e as primeiras com a participação da Renamo, mais forte partido da oposição.

– A participação do eleitorado foi bastante fraca.

– Havia 2,65 milhões de eleitores inscritos em todo o país, 540 mil em Maputo; 8,4 milhões de moçambicanos têm idade para votar.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR