Suíços abandonam o carro…por um dia
190 cidades e comunas suíças participaram do dia mundial sem automóvel, evento que também ocorreu em 1.500 localidades no mundo.
Apesar das ruas cheias de carros, alguns iniciadores vêem a campanha como importante sensibilização, sobretudo para as crianças, os motoristas de amanhã
Anna Schmuki não perde a esportiva. A cada minuto os carros param frente ao sinal vermelho numa das avenidas mais movimentadas de Friburgo nessa manhã de quinta-feira (22 de novembro).
Ela aproveita a oportunidade e entrega aos motoristas um folheto da campanha. A grande parte sorri, agradece e pisa no acelerador logo que o sinal fica verde.
Essa estudante suíça é membro da ala jovem do Partido Verde. Ela e mais oito colegas são os únicos em toda a cidade a participar ativamente da campanha mundial intitulada “Na cidade sem meu veículo”. Nas ruas cheias de carros, inclusive alguns com tração nas quatro rodas, a impressão é que ninguém sabia dessa ação.
– A cidade é pequena, mas o tráfego aumenta assustadoramente. Eu acho muito triste que poucas pessoas tenham consciência dos problemas provocados pelo uso intensivo do automóvel ao meio-ambiente e à saúde – afirma Anna.
Sem carro na Suíça
Das 1.500 cidades e comunas no mundo que participaram da manifestação em 2005, 190 delas eram suíças.
Em Zurique, cerca de trezentos ciclistas e esqueitistas circularam pelas principais praças e avenidas no maior espaço urbano do país. A polícia acompanhava os manifestantes e interrompia o tráfego quando era necessário.
– Os problemas de trânsito em Zurique ainda não foram solucionados. Nós precisamos aqui uma nova direção para a mobilidade das pessoas – disse um dos manifestantes.
A capital suíça, Berna, escolheu uma outra forma de participar da campanha. Lorraine, um bairro popular da cidade, foi fechado de duas da tarde às dez da noite para que seus moradores pudessem festejar nas ruas o dia sem automóvel.
Por onde normalmente trafegam veículos de carga ou particulares, crianças pintavam o asfalto ou participavam das diversas atividades oferecidas como passeios de charrete pelo bairro. Os adultos preferiam assistir os diversos concertos musicais organizados no meio das ruas e se deliciar com as especialidades oferecidas pelos comerciantes locais. Uma delas era o típico prato suíço de queijo derretido, o “raclete”.
O que parecia apenas uma festa popular teve também um caráter pedagógico:
– Crianças são os motoristas de amanhã. Nós oferecemos essa festa para mostrar para elas como é possível viver sem medo nas ruas – afirma Karin Gilgen, uma das organizadoras do “Na cidade sem meu veículo” em Berna.
Origem na França
Redescobrir as cidades. Essa continua sendo a proposta da campanha, desde que ela foi criada na cidade de La Rochelle, noroeste da França, em 1997.
Um ano depois, trinta e cinco cidades francesas aderiam à campanha. Em 2000, a União Européia instituiu um dia internacional intitulado “Na cidade, sem meu carro”, reunindo 760 cidades.
Encorajados pelo êxito da iniciativa, a comissão organizadora lançou em 2002 a Semana Européia da Mobilidade, que além de estender para toda uma semana os eventos de sensibilização, premia as melhores iniciativas.
swissinfo, Alexander Thoele
– Em 2004 haviam 5 milhões de veículos registrados na Suíça, dentre eles 3,8 milhões eram privados.
– O que significa que cada segunda pessoa na Suíça possui um automóvel.
– Em média, cada habitante percorre 17.400 quilômetros por ano, ou 38 quilômetros por dia.
– Em cerca de 70% do caminho percorrido – ou cada segundo quilômetro – os suíços utilizam o automóvel.
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