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Suíços doam 1 milhão de francos por hora ao Haiti

A ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey (dir), participou da coleta de doações para o Haiti. Keystone

A ajuda internacional às vítimas do terremoto no Haiti já supera 1,5 bilhão de francos. Também os suíços se mostram generosos e doam mais de 20 milhões de francos.

Este é o resultado do dia nacional de coleta promovido pela Rede da Solidariedade, ligada à Rádio e Televisão Suíça (SRG SSR idée suisse).

Em média, foram doados mais de 1 milhão de francos por hora, disse o porta-voz da Rede da Solidariedade, Roland Jeanneret. Estão incluídas nesse valor também grandes quantias doadas por empresas suíças e governos.

Segundo o site da Glückskette (o nome da rede em alemão), durante 18 horas (das 6 às 24h), os suíços fizeram através de 120 linhas telefônicas doações no valor exato de 20.828.008 francos. Não estão incluídas nesse montante doações feitas antes (4,4 milhões) ou depois do dia nacional de coleta.

“Um grande agradecimento à população suíça, que reagiu com tanta generosidade ao apelo da Glückskette para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti”, disse Félix Bollmann, diretor da rede.

Segundo ele, os números ainda não são definitivos. Em coletas anteriores, as doações de fato superaram o valor que os doadores haviam prometido ao telefone.

A primeira doação de um milhão nesta quinta-feira foi feita pela Amag, maior concessionária suíça. Até o meio-dia, a população, firmas, prefeituras e cantões (estados) já haviam doado 6,377 milhões de francos.

A cidade de Brig, no Valais, que em 2000 recebeu ajuda da Rede da Solidariedade, contribuiu com 5 francos por habitante (12 mil) com a campanha para o Haiti.

Entre os pequenos doadores houve crianças que venderam seus brinquedos e alunos que lavaram carros para ajudar os haitianos. Outros renunciaram a viagens de férias já planejadas e deram o dinheiro à Rede da Solidariedade.

A campanha teve também apoio político. A presidente da Câmara dos Deputados, Pascale Bruderer, e a ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, passaram uma hora na central de coleta, em Berna, e atenderam a chamadas dos doadores.

Cooperação com 16 ONGs

A Rede da Solidariedade coopera estreitamente com 16 organizações de ajuda que atuam há anos no Haiti e, por isso, puderam reagir rapidamente. Seu trabalho corre a todo o vapor.

Nesta quinta-feira, mais 45 toneladas de mantimentos foram despachados do centro de logística da Cruz Vermelha Suíça com destino ao Haiti.

O sistema de coleta de ajuda humanitária da mídia suíça já havia arrecadado 4,5 milhões de francos em doações antes do dia nacional de coleta para o país centro-americano.

O recorde de doações na Suíça foi atingido após o tsunami na Ásia, no final de 2004: mais de 227 milhões de francos foram doados na ocasião.

ONU satisfeita

Em Genebra, também a Organização das Nações Unidas mostrou-se satisfeita com as doações internacionais ao Haiti. Cerca de 500 milhões foram pagos e cerca de 1 bilhão foi prometido, informou.

A Suíça disponibilizou até agora à ONU e a diversas organizações humanitárias 7,5 milhões de francos e um helicóptero de transporte de carga, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores.

No próximo domingo, um terceiro avião com mantimentos partirá da Suíça. Cerca de 50 suíços atuam na região atingida pela catástrofe.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon mostra-se cada vez mais confiante nove dias após o terremoto. “Os problemas iniciais foram superados. Entrementes construímos um sistema muito eficiente”, disse em Nova York, após um culto religioso pelos mortos no Haiti.

Ajuda chega às vítimas

A ajuda emergencial começa a chegar às vítimas, declarou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Além disso, Porto Príncipe, “apesar de todo o sofrimento, da penúria e do caos, volta a ter certa normalidade”, segundo um comunicado do CICV.

No entanto, acrescenta a Cruz Vermelha, a situação humanitária continua muito difícil. Centenas de milhares de pessoas que vivem nas ruas de Porto Príncipe ainda não têm perspectiva de obter um teto e ajuda.

Também a assistência média continua precária. A ONG Médicos Sem Fronteiras informou que há tantos pacientes que muitos só poderão ser atendidos daqui a duas semanas. Alguns já teriam morrido de intoxicação sanguínea porque seus ferimentos não foram desinfetados.

Segundo a ONU, mais de 120 sobreviventes foram salvos depois do terremoto. Mais de 1800 pessoas e mais de 160 cães farejadores participaram das operações de resgate, que, no entanto, foram encerradas porque praticamente não há mais esperanças de encontrar outros sobreviventes.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)

A Rede da Solidariedade faz campanhas para angariar recursos sempre que ocorre uma catástrofe natural, na Suíça e no estrangeiro.

Antes da jornarda pelo Haiti, quinta-feira (21), os suíços já haviam doado 4,4 milhões de francos para as vítimas do terremoto.

O recorde de doações foi para as vítimas do tsunami, em 2004: 227 milhões de francos suíços.

Para as catástrofes da Ásia, em 2009, foram 13 milhões.

Da soma que for arrecada para o Haiti, 20% serão para a ajuda de urgência e 80% para a reconstrução do país.

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