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A criatividade de Barbara Lehmann

Barbara Lehmann no ateliê em Lisboa. Marta Gergório, swissinfo.ch

Diz que foi Lisboa que a escolheu para viver mas passou os primeiros anos a brincar no jardim da sua casa em Zurique. Trabalhou num banco mas o talento para as artes plásticas impôs-se sobre qualquer outro ofício.

Barbara Lehmann nasceu em 1965 e no primeiro ano da década de 90 rendeu-se ao sol das terras portuguesas. Mas o processo de adaptação nem sempre foi luminoso.

Desde muito pequena, as mãos de Barbara sempre foram o instrumento predilecto para dar vida ao seu universo criativo. Partindo de objectos vulgares, como pedaços de madeira ou pregos usados, Barbara moldava-os até se transformarem nas figuras que idealizava.À medida que foi crescendo, Barbara foi-se apropriando cada vez mais da sua capacidade de criar: se no início dedicou o seu tempo ao desenho e à criação de bandas desenhadas e cartoons…” a descoberta da fotografia e o aperfeiçoamento nas áreas do Design e da tecnologia mais sofisticada abriram-lhe portas para um mundo com múltiplas possibilidades de criação.

“O meu sonho foi sempre trabalhar na área criativa”, revela. Já em Portugal, estudou Design gráfico e Fotografia e começou a desenvolver alguns projectos em casa. Mas quando as solicitações dos clientes começaram a aumentar, “já não dava para receber as pessoas em casa e instalámo-nos na Rua Duque de Palmela em 2006.”

Besign

Apesar de trabalhar na área do Design há 17 anos, foi em 2006 que Barbara estabeleceu a sua própria empresa, a Besign. No esforço de aliar o design à comunicação, a empresa de Barbara procura dar respostas criativas e adaptadas às necessidades de promoção de serviços ou produtos dos seus clientes.

Com uma vasta carteira de parceiros, desde a Cudell à Luso Helvetica, passando pela Associação de Futebol de Lisboa e pela Câmara de Comércio e Indústria Suíça, na Besign “Desenvolvemos um serviço e queremos fazer um trabalho que surte resultados, ter informação completa e estruturada”, explica Barbara. Estruturação essa que trouxe da Suíça e que foi um dos principais confrontos culturais com que se deparou em Portugal. “Por exemplo, aqui em Portugal a palavra moderno pode referir-se a diferentes coisas, a um móvel de Luís XIV ou a outra coisa qualquer. Há diferenças de linguagem e para mim uma coisa moderna é completamente diferente do que uma pessoa pensa que é moderno. E depois criam-se conflitos”, desabafa.

O confronto entre culturas

Mas não foi só a nível profissional que Barbara Lehmann sentiu na pele o choque cultural entre uma Suíça emancipada e um Portugal no rescaldo do conservadorismo de quase meio século de ditadura. Quando em 1986 pisou pela primeira vezes as terras lusas, pouco mais conheceu do que as praias de sonho e as noite amenas de verão. Mas quando casou e se estabeleceu em Portugal em 1990, Barbara apercebeu-se da hostilidade em relação às diferenças culturais que trazia da Suíça. “Entrei numa família bastante conservadora.

Aprincípio estava tudo bem mas depois a maneira de estar era toda muito básica e muito hierárquica”, lembra. E até mesmo na condição de artista plástica que reutiliza objectos do quotidiano nas suas criações, não foi fácil para Barbara gerar raízes num Portugal ainda retrógrado. “Para o meu sogro era uma vergonha ter uma nora que vinha da Suíça e que depois levava uma cadeira do lixo para casa”, diz entre risos. ” Foi um processo ultrapassar isto, para depois caminhar no sentido de ganhar autoconfiança. Havia pouca variedade e depois se a pessoa não quer encaixar num sistema, se quer ser individual… Tive muitos conflitos com isso. Era a esquisita e pronto”, lembra.

Hoje, já na casa dos quarenta anos, Barbara é uma mulher que não pôs de parte o génio criativo que sempre a distinguiu nos tempos de criança. “Como normalmente trabalho muito com o computador, gosto muito de trabalhar com as mãos porque há outras possibilidades de trabalhar com a matéria”. Pois o processo criativo, esse, “é sempre dia e noite”, remata.

A 6 de Abril de 2000, Barbara inaugurou a sua exposição de Pintura no hotel Le Meridien, em Lisboa. “Don’t be nice, be cretive” defendeu que é urgente ser–se verdadeiro e não fingir comportamento sociais.

Em casa, Barbara Lehmann possui um pequeno atelier onde desenvolve trabalhos manuais no âmbito das artes plásticas.

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