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Suíços nos EUA e as eleições

Walter Liniger, professor na Universidade de West Columbia, na Carolina do Sul. cla.sc.edu

O dia da votação para as eleições nos Estados Unidos se aproxima e a disputa entre os dois candidatos à presidência se intensifica. Dos 71 mil suíços que vivem no país, mais da metade tem a dupla-nacionalidade e podem dar o seu voto.

Este conteúdo foi publicado em 29. outubro 2004 - 10:46

swissinfo entrevista alguns deles e pergunta como viveram os últimos quatro anos de George Bush.

“Dessa vez, os atentados e a guerra no Iraque criaram uma nova situação, onde a política externa se tornou tema central da campanha eleitoral. É a primeira vez que isso ocorre na história desse país”.

Matthias Meyer retornou à Suíça, porém ele viveu vários anos nos Estados Unidos, onde trabalhou como diretor-executivo do Banco Mundial. Ele também viveu esse período crucial ocorrido logo após o atentado de 11 de setembro, que terminou por abalar a moral americana.

Há quatro anos, uma equipe de jornalistas da swissinfo entrevistou esse e outros suíços-americanos durante a operação “Swissmobile”. Agora gostaríamos de saber como eles viveram esses últimos quatro anos e em que candidato eles estão apostando.

Um observador decepcionado

No Texas, terra de George W. Bush, Bernard Nussbaumer, produtor de cinema em Dallas, viveu esse período de quatro anos como “um observador decepcionado, abusado e enojado”.

“A metade da população desse país está anestesiada e cega. Eu não acredito que Bush seja desonesto ou mal-intencionado, porém acredito que seus valores sejam falsos e que ele esteja cometendo muitos erros no governo. Porém ninguém percebe isso”.

Para Mathias Mayer, os últimos quatro anos nos EUA foram especiais, sobretudo o espaço de tempo logo após o atentado de 11 de setembro. “Sinto uma fixação dos americanos na sua segurança, assim como um patriotismo fanático”
“O que ocorreu naquele dia, acabou favorecendo uma presidente que havia começado de forma insatisfatória seu governo, sobretudo pelos problemas ocorridos durante sua eleição. Ele acabou assumindo a posição de chefe de Estado que garante a estabilidade do país. Isso o tornou mais simpático para o povo americano”.

Não existe mais o “povo eleito”

Em West Columbia, na Carolina do Sul, Walter Liniger declara estar “envergonhado da nacionalidade americana e pelo fato de que, nessa fantástica democracia, tenha votar não por um candidato, mas sim contra um deles”.

Para o professor de blues, “o pior é que os americanos não sabem o que fazer, pois eles estão totalmente desorientados pelo medo e terror e não compreendem o que está ocorrendo ao redor”.

Bernard Nussbaumer acrescenta: - “Em três anos, os cidadãos desse país trocaram os papéis, passando de vítimas para agressores”.

Os americanos se encolhem , segundo Walter Liniger, “na crença de que são um povo eleito, sem ver de que isso não é mais a realidade, pois Bush lhes mostra um espelho cheio de maldades que ele cometeu”.

Ricos cada vez mais ricos

Nos Estados Unidos, sobretudo o aspecto social da presidência de George W. Bush é visto de forma crítica pelos suíços. “Pensando no meio-ambiente, nos aspectos humanos e sociais desse governo, sinto uma regressão de décadas”, afirma Bernard Nussbaum.

Walter Liniger também acredita na “erosão da classe média, apesar dela se mostrar geralmente mais crítica e liberal do que a massa de pobres manipuladas pelas mensagens de medo”.

Esses últimos, segundo o músico, devem votar em George W. Bush, assim como os ricos que se tornaram mais ricos graças ao seu governo.

Porém, para evitar a piora da erosão social, é necessário que os democratas ganhem as eleições, estima o professor, que se entristece de não poder convencer uma grande parte dos estudantes das suas posições.

O derrotismo europeu

Como nenhum dos seis suíços entrevistados durante a ação “Swissmobile” é partidário de George W. Bush, swissinfo resolveu encontrar uma posição diferente. Assim entrevistamos Peter Jordi, um suíço que vive em Nova Iorque e apóia o Partido Republicano.

Ele se considera fã incondicional de George W. Bush: - “Apóio incondicionalmente seu governo”. O empresário concorda, sobretudo, com a redução de impostos promovida pelos republicanos no poder.

O suíço-americano também está de acordo com a política externa de Bush e “a guerra contra os terroristas e contra o islamismo”. Este deve “adaptar-se à globalização” e também “é necessário impedir que os radicais controlem uma parte do mundo, assim como ocorreu durante o comunismo”.

Peter Jordi sabe que a opinião de grande parte dos europeus, como mostram as pesquisas, é diferente. “Porém na minha opinião, trata-se de um grupo de derrotistas”. Para esse patriota de origens helvéticas, Bush irá ganhar as eleições com uma grande margem de vitória.

Vitória republicana

Para Bernard Nussbaumer, o atual presidente americano também poderia ser reeleito. “Dessa forma, os americanos não terão mais desculpas e irão aprender, como as crianças, através dos seus erros”.

Para o suíço que vive há vários anos em Dallas, “é melhor deixar o abcesso republicano se desenvolver, pois depois será possível curá-lo”. Porém ele deplora a gravidade do fosso que divide hoje em dia os americanos.

“É como se existisse um gigantesco iceberg separando os dois lados e cada um toma sua própria direção”, conclui Nusbaumer.

swissinfo, Isabelle Eichenberger
traduzido por Alexander Thoele

Fatos

Até o final de 2003, 70.994 suíços estavam registrados pelos consulados nos Estados Unidos.
Desse grupo, 40.227 têm dupla-nacionalidade e podem participar nas eleições americanas.

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Breves

Swissmobile: de 23 de outubro a 7 de novembro de 2000, durante a campanha eleitoral de George Bush e Al Gore, uma equipe da Rádio Suíça de expressão francesa e da swissinfo percorreu os Estados Unidos para entrevistar os suíços que vivem no país.

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