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Suíços vão investir em biodisel brasileiro

O biodisel já é uma realidade na Alemanha. Keystone

O Presidente da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, Ernest Moeri, afirma que a Suíça poderá ser um bom investidor na produção de biodisel brasileiro.

Para ele, o Brasil tem condições extremamente favoráveis e “está se preparando para ser um dos principais produtores mundiais”.

Ernest Moeri explica que os investimentos suíços ainda estão focados na área de pesquisa e avaliação de mercado, mas que até o final deste ano o foco poderá ser direcionado para a produção.

A Suíça se comprometeu em substituir uma parte do combustível mineral por renovável. Por isto, tecnicamente, o Brasil é o parceiro potencial para exportar o produto para solo helvético.

Assunto presente também na Europa

Neste aspecto cabe destacar que ambos os países têm um relacionamento comercial intenso, onde o Brasil é o principal parceiro comercial na América Latina e a Suíça está entre os vinte parceiros mais importantes para os empresários brasileiros. Só na última década o comércio bilateral cresceu 170%. Portanto, o interesse dos suíços pela produção de biodisel em território brasileiro é um desenvolvimento natural para o comércio entre os dois países.

Moeri lembra que a utilização deste tipo de combustível traz benefícios em nível global, pois ajuda a reduzir a quantidade de poluentes na atmosfera. Isso, naturalmente, é um apelo importante para a comercialização do produto.

O presidente da Câmara Suíço-Brasileira diz que o biodisel é um assunto muito presente na Europa – principalmente na Alemanha, Áustria e França – mas no Brasil, ainda não temos uma produção de escala que possa atender ao mercado interno nem externo, embora seja um assunto muito difundido pela imprensa nacional.

Interesse no mercado interno e internacional

“O Brasil domina a tecnologia de produção de etanol e álcool à base de cana mas o biodisel ainda é um assunto novo, porém de potencial muito grande” diz ele.

O executivo afirma também que o mercado suíço ainda é pequeno e por isso o grande interesse dos empresários helvéticos é investir na produção brasileira visando o mercado interno e internacional.

Segundo ele, outro aspecto importante é que, embora esteja sendo feito um grande esforço no Brasil para o desenvolvimento do biodisel, na Europa as pesquisas estão mais avançadas. Portanto uma possível parceria de empresas européias e brasileiras, com transferência de tecnologia, seria muito bem- vinda.

Essa transferência já vem sendo feita mas ainda de forma lenta. O empresário defende que esse processo seja acelerado visando o mercado externo.

Transferir tecnologia

“O Brasil conseguiria ampliar sua produção se trouxesse tecnologias existentes na Alemanha, na Suíça e em outros países europeus” complementa o executivo.

O interesse estratégico do Brasil na produção de biodisel acaba sendo complementado pelo interesse suíço em investir nesta área.

Tanto que o ministro da Agricultura brasileiro, Roberto Rodrigues, em visita à Suíça, em outubro passado, fez questão de mostrar o potencial nacional para a produção do produto.

Para Moeri isso é bastante positivo pois, segundo ele, as barreiras da agricultura européia estão diminuindo nas últimas décadas, o que beneficia o produtor brasileiro.

“As vantagens de produzir biodisel no Brasil só podem ser exploradas na medida em que as tarifas alfandegárias sejam reduzidas” afirma.

Centros de produção

Em se falando de exportação, Moeri acredita que o Brasil e a Argentina tenham grande potencial para a produção e comercialização mundial de biodisel. Mas o mais importante para ele, neste momento, é que ambos os países tentem substituir o próprio consumo de combustíveis minerais por biocombustível.

Sobre o programa social que está sendo associado à produção de biodisel, ele afirma que “é bem interessante a implementação de unidades de produção em regiões de baixa renda para que possam ajudar as famílias que vivem da agricultura; porém, para se atender a demanda do mercado será necessário instalar centros de produção de grande porte que possibilitem a produção em escala com baixo custo”.

Ele acrescenta que a matriz energética do Brasil (hidroelétricas) é a mais sustentável e ecologicamente viável.

O que o país precisa melhorar é sua matriz de combustíveis e, para isso, o biodisel é uma contribuição importante. Finaliza dizendo que a Suíça tem total interesse no desenvolvimento deste tipo de combustível.

swissinfo, Alvaro Bufarah, São Paulo.

– O presidente da Swisscam, Enesto Moeri, afirma que os investimentos atualmente em pesquisa e desenvolvimento ainda são tímidos.

– Para a fase de produção, os investimentos serão de dezenas ou centenas de milhões de dólares, a começar, segundo ele, ainda este ano.

– O mercado suíço é pequeno e os investidores suíços estão interessados no mercado interno brasileiro e no mercado internacional de biodisel.

– O assunto também é de atualidade na Europa, sobretudo na Alemanha, Áustria e França, inclusive como uma fonte de renda para a agricultura.

– Além do biodisel, o ministro brasileiro da Agricultura, robreto Rodrigues, já abordou duas vezes (em 2002, em Brasília e em outubro passado, em Zurique) com o ministro suíço da Economia, Joseph Deiss, a questão da exportação de etanol para a Suíça.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Suíça (51%) na América Latina.
Em 2004, o Brasil exportou US$ 96,4 bilhões e importou US$ 62,8 bilhões, com superávit de US$ 33,6 bilhões.
Cerca de 300 empresas de origem suíça estão instaladas no Brasil, com quase 90 mil empregados.
São raras em empresas brasileiras na Suíça.

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