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Jovens suíços criados no exterior falam sobre sua integração na Suíça

Duas alunas a caminho da aula na Universidade de Zurique.
Duas alunas a caminho da aula na Universidade de Zurique. Keystone / Michael Buholzer

Como se integrar na Suíça se você cresceu no exterior? Quais são os principais desafios enfrentados na vida profissional, acadêmica e cotidiana? Três jovens suíços criados no exterior compartilharam suas experiências de integração durante um webinário organizado pelo Parlamento dos Jovens Suíços no Exterior.

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Na noite do dia 2 de março, cerca de cinquenta jovens de todo o mundo participaram do webinário organizado pelo Parlamento dos Jovens Suíços no Exterior (YPSALink externo, na sigla em inglês: Youth Parliament of the Swiss Abroad).

O mestre de cerimônias foi o presidente da organização, Max Groenveld, um jovem suíço que vive nos Países Baixos.  Luis Gostin e Paul Baumann, ambos do Chile, e Ramon Velazquez Aba, da Venezuela, foram os convidados especiais.

O que esses três jovens têm em comum é o fato de terem herdado a nacionalidade suíça de seus pais, mas terem crescido no exterior.  Motivados pelo desejo de conhecer seu país de origem, eles se mudaram para a Suíça.

Difícil de se abrir, mas muito agradável

Embora cada um deles tenha enfrentado obstáculos ligeiramente diferentes, todos os três citam a integração social como um dos principais desafios.

Em comparação com a cultura sul-americana, que é muito aberta desde o início, fazer amizades na Suíça pode demorar um pouco. “A sociedade suíça é como um coco”, diz Paul Baumann. “É difícil de se abrir, mas, depois desse momento inicial, é muito agradável”.

Ramon Velázquez Aba ressalta que, na Suíça, muitas pessoas frequentam a escola juntas durante anos. Por isso, pode ser difícil para o recém-chegado encontrar um lugar nos círculos de amigos, “mesmo que você tenha um passaporte suíço”.

Apesar disso, todos concordam que, uma vez estabelecidas, as amizades são sólidas e duradouras.

Uma pontualidade “diferente”

O clichê da pontualidade suíça não passou despercebido. Paul Baumann fala mesmo de uma pontualidade “diferente”, na qual chegar cedo demais é tão indelicado quanto chegar tarde.

O rapaz do Chile teve dificuldade para se adaptar a essa pontualidade extrema, que está presente na vida pessoal, mas é ainda mais importante na vida profissional e acadêmica. “Você tem que fazer tudo na hora certa”, diz Baumann, que agora realmente aprecia o fato de que “tudo no trabalho é bem-organizado e funciona sem problemas”.

Um mercado de trabalho não tão acessível

Paul Baumann é arquiteto. Ele veio para a Suíça para fazer um mestrado em arquitetura e encontrou um emprego apenas dois meses após concluir seus estudos.

Essa é uma experiência muito diferente da de Luis Gostin, que estudou música no Chile e depois fez um curso de programação e desenvolvimento de sistemas na Suíça. Atualmente, Gostin ainda está em busca de um emprego.

“Enviei meu currículo para todos os lugares, até mesmo para trabalhar em caixa de supermercado”, confidencia. Ele aconselha os jovens suíços no exterior que desejam se estabelecer no país a obterem um diploma suíço antes de procurar um emprego; caso contrário, pode ser “complicado”.

Ramon Velázquez Aba confirma a declaração de Luis Gostin: “O mercado de trabalho suíço está aberto, mas é preciso se candidatar a muitas vagas”.

O idioma é a chave

Nesse contexto, os três jovens enfatizam a importância de falar pelo menos o idioma da região em que se vive.

Luis Gostin não hesitou em solicitar apoio financeiro para fazer cursos de alemão e melhorar seu nível: “Nunca me pediram um certificado, mas é claro que ter um bom nível de alemão é crucial para conseguir um emprego na Suíça. Isso também ajuda você a se integrar mais facilmente”.

O jovem suíço do Chile diz que há programas de integração e ajuda financeira disponíveis para as cidadãs e cidadãos suíços que retornam do exterior. “Mas as condições são rigorosas e cada caso é analisado individualmente”.

Ensino mais barato do que em outros lugares

A Suíça é conhecida por ser uma nação com preços altos. Ramon Velázquez Aba adverte que os aluguéis no país são excessivamente caros em comparação com muitos países do mundo, e que encontrar um apartamento, especialmente nas grandes cidades como Genebra ou Zurique, pode ser particularmente difícil.

Os três jovens, no entanto, ressaltam que as taxas de matrícula nas universidades são muito acessíveis em comparação a outros países, como, por exemplo, o Chile. “Além disso, as universidades suíças são altamente qualificadas e internacionais”, diz Paul Baumann.

Entrar na universidade também pode ser muito competitivo, de acordo com Ramon Velazquez Aba. Ele veio para a Suíça para estudar violino com uma bolsa de estudos e viu de perto o número muito limitado de vagas disponíveis em seu curso.

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Serviço militar

O tema do serviço militar gerou uma longa discussão e suscitou várias perguntas dos jovens após o webinário.

Luis Gostin ressalta que os jovens do sexo masculino são obrigados a prestar serviço militar se chegarem à Suíça antes dos 24 anos. Após essa idade, o serviço militar não é mais obrigatório, mas uma taxa de isenção deve ser paga até os 37 anos de idade.

“Existem diferentes formas de serviço militar, como o serviço civil. Pessoalmente, optei por pagar a taxa de isenção em vez de servir”, diz Ramon Velazquez Aba.

Embora o serviço militar não seja bem-visto por todos, Paul Baumann ressalta que, na Suíça, “as empresas têm o serviço militar em alta estima. Até mesmo as universidades o veem como uma experiência positiva”.

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Perseverança

Ramon Velazquez Aba e Paul Baumann se sentem bem integrados na Suíça e estão felizes por viverem no país. A experiência de Luis Gostin é um pouco mais complicada do que a de seus colegas, mas todos concordam que a paciência e a determinação são as chaves para o sucesso na Suíça, seja para se integrar socialmente ou para encontrar um emprego ou um apartamento.

Edição: Samuel Jaberg/fh
(Adaptação: Clarice Dominguez)

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