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Surpresa na embaixada suíça em Lisboa

Amizade helvético-portuguesa... Tito, o treinador, Tiago e Diogo. swissinfo.ch

Para Portugal, o jogo contra a Suíça era para cumprir calendário... E aí a Suíça obteve uma vitória surpreendente de 2 a 0. Ambiente em Lisboa...

Uma chuva fina começou a cair sobre Lisboa, inesperada depois de belos dias ensolarados. “Olha só, dividimos alguma coisa com a Suíça”, brinca um espectador. Também chovia em Basiléia e sobre o gramado do Estádio St-Jakob.

Na embaixada da Suíça, decidiu-se homenagear os dois países durante o último jogo da primeira fase. Cerca de 60 pessoas compareceram ao belo jardim com algumas palmeiras da embaixada suíça.

“Esperávamos mais gente, mas é fato que tudo já está decidido. Além disso, chove”, afirma um diplomata. Na entrada, já era dado o tom. Os convidados recebiam uma faixa que se tornará um objeto de coleção, com as palavras “Portugal” e “Suíça”, com fundo verde e vermelho, cores da bandeira portuguesa.

“Eu sou Suíça, Basiléia e Portugal, nesse ordem”, afirma o embaixador Rudolf Schaller. Ele está em Lisboa há quatro meses, gosta de futebol e não esconde a decepção. “Claro, estou decepcionado. Esperávamos passar para segunda fase. Falta entusiasmo à nossa equipe e aos torcedores. Os portugueses acreditam e, desde o início, apóiam a seleção. Eles vão até a final”, opina o diplomata.

Tudo pelas crianças

Dentro de 15 minutos o jogo vai começar. Deste lado do mundo, homenageia-se a equipe infantil de Oeiras, cidade dos subúrbios de Lisboa. Os garotos representam a Suíça em um torneio organizado conjuntamente pela embaixada e pela Associação de Futebol de Lisboa. Como a seleção principal, a equipe infantil foi eliminada.

Uma taça “cópia da original” é entregue a Tiago e Diogo, representantes do clube de Oeiras. Os dois garotos estão orgulhosos. “Doce com creme à vontade e jogo no telão, é a felicidade”, sorri Tito Amaral, o técnico do time infantil. Ele responde com ar embaraçado se sua seleção vai ganhar a Euro: “acredito”. Sua hesitação se explica. “Os portugueses são otimistas em futebol, mas para o resto …”.

As pessoas se sentam diante do telão, lá no fundo do jardim. “Foi o maior que encontramos”, me explicam. O jogo começa em um ambiente de silêncio. Um gol português anulado por impedimento, um chute na trave de Postiga … alguma coisa não está dando certo. Thomas, um alemão, ironiza: “Os suíços, a única equipe que vai ganhar conra os campeões da Europa.”

Um surpreendente tira-gosto desperta o apetite: tomate com morango, alguém tinha de inventar. Jean escolheu a Suíça para acompanhar o jogo. Ele é francês e gosta de futebol, sobretudo dos bons jogos, mas torce sitematicamente para os times mais fracos. David contra Golias, lhe agrada a idéia dos “pequenos” que vencem.

De repente Yakin…

Estamos no primeiro tempo. Nas ruas de Lisboa, envoltas num calor húmido, reina uma estranha calma. Ouve-se apenas as televisões através das janelas abertas.

Na Casa Suíça, não muito longe da embaixada, cerca de 40 pessoas assistem ao jogo. Sardinhas assadas, o prato do mês de junho, salada de batatas e cerveja são servidas aos convidados. Não há entusiasmo, mesmo quando os espectadores estão vestidos com a camisa da seleção suíça, a Nati.

De repente, Yakin marca um gol. Como uma só pessoa, todos se levantam e ficam em pé alguns instantes, de certa maneira incrédulos. Logo depois, pênalti, Yakin e os vermelhos ganham de 2 a 0.

“Marecíamos passar para a segunda fase e jogar pelo menos mais uma vez”, afirma Claudia, um pouco triste. Um português saúda os presentes com um “viva a Suíça” que consola todo mundo. Paulo Simões veio “por causa das sardinhas” e porque tem amigos suíços. Ele não gosta de futebol, algo raro em Portugal.

No quintal da Casa Suíça aparece um “cor dos Alpes”, o típico instrumento. O som jaz-cômico que Roger consegue tirar do instrumento faz todo mundo rir. Um curioso destino une Portugal e Suíça. Um perdeu mas está classificado, o outro ganha mas está eliminado. Thomas tinha avisado. A festa vai ficar para outra ocasião.

swissinfo, Marie-line Darcy, Lisboa

O jogo Suíça x Portugal, no domingo, em Basiléia, foi o primeiro encontro entre os dois países em uma grande competição. Nos últimos seis jogos, houve três vitórias de Portugal e três empates.

A última vitória anterior dos suíços contra Portugal ocorreu num amistoso disputado em Lugano (sul do país), em março de 1982 (2 a 1, com gols de Gianpetro Zappa, aos 42 minutos do primeiro tempo, e de André Egli, aos 17 do segundo tempo.

Ao perder para a República Tcheca (1 a 0) e para a Turquia (2 a 1), os suíços estavam eliminados do Grupo A, antes do jogo de domingo contra Portugal. A vitória da Suíça (2 a 0) foi a primeira em uma fase final em três participações na Eurocopa

Classificação do Grupo A

Portugal: 6 (classificado)
Turquia: 6 (classificada)
Répública Tcheca: 3
Suíça: 3

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