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Taxi solar suíço chega à Nova Iorque

Em Nova Iorque o público cercou o curioso veículo pilotado por um suíço. swissinfo.ch

O aventureiro suíço Louis Palmer continua sua viagem ao redor do mundo com o seu "taxi" solar. Agora ele faz uma parada em Nova Iorque para dar carona ao secretário-geral Ban Ki Moon, até o seu trabalho na Organização das Nações Unidas (ONU).

O “Solartaxi” é o primeiro veículo movido à energia solar a dar a volta ao mundo. A viagem começou em julho de 2007. O ponto inicial de partida foi Lucerna, na Suíça central.

Em 14 meses, Louis Palmer, 36 anos e professor ginasial de profissão, já conseguiu percorrer 43 mil quilômetros e visitar 28 países.

“E tudo isso sem gastar um tostão em gasolina”, ressalta Palmer, que em Nova Iorque apresentou à mídia seu veículo no Museu Nacional de Design Cooper-Hewitt, acompanhado pelo cônsul-geral da Suíça na cidade, Christoph Bubb.

“O Solartaxi anda como um relógio suíço”, disse. Com as baterias cheias, o veículo de dois lugares faz 300 quilômetros, podendo também alcançar uma velocidade máxima de até 90 quilômetros.

Ação ao invés de promessas

Com a sua peripécia, Palmer realiza um sonho de criança. Já em 1986, aos 14 anos de idade, ele sonhava em dar a volta ao mundo com um carro que não fosse nocivo ao meio-ambiente. Então ele fez os primeiros planos no papel.

Como até hoje ainda o veículo não existe no mercado, o jovem suíço decidiu pegar os instrumentos para construir ele mesmo um. Depois foi atrás de apoio técnico e patrocinadores.

Mundialmente se discute sobre o problema da mudança do clima e, sobretudo, sobre alternativas ao petróleo. Porém pouco ainda foi concretizado. O planeta aguarda respostas aos seus problemas mais prementes. “Com essa viagem quero mostrar que existem tecnologias e meios sustentáveis de resolver a crise energética. E que elas também são praticáveis”, declarou.

Se o aventureiro consegue percorrer o globo com seu “Solartaxi”, não existe justificativa para que a tecnologia não vire padrão técnico. Palmer espera que os investidores e a indústria sejam convencidos da viabilidade da energia solar no transporte.

O suíço se considera um “salvador” da pátria? “Não, eu quero apenas provar que existem saídas para o problema energético. O Solartaxi serve como uma espécie de aula prática para que todos vejam que existem alternativas. A alegria de viver é importante para mim. Eu não quero dar lições de moral às pessoas”.

Não apenas ecológico, mas barato também

Um automóvel movido à energia solar não é apenas ecológico, mas também barato, como explicou Palmer durante uma apresentação organizada às margens do rio Hudson, onde foi muito aplaudido pelo público. “Se eu puxo um dólar de energia da tomada, posso percorrer 100 milhas”.

“É uma vergonha que alguém originário de um país que não tem indústria automobilística mostre para os americanos que o automóvel solar não é uma idéia de loucos”, comentou um arquiteto à jornalista da swissinfo.

Outro visitante afirmou: “Eu não tinha idéia que na Suíça existam tantas pessoas aventurosas e inovadoras como ele”.

Passageiros famosos ou não

Para levar sua mensagem às pessoas, Palmer construiu seu veículo como um taxi. Aonde ele chega, as portas são abertas para transportar alguém por um curto trajeto. Eles são pessoas normais ou até mesmo estrelas ou personalidades mundiais.

Durante a conferência do clima organizada em Bali pela ONU, o Solartaxi chamou muita atenção. Nos Estados Unidos, onde o preço da gasolina não para de aumentar, um tal projeto só pode se tornar sensação pública.

“Fomos recebidos por todos os lugares de forma calorosa e receptiva. O carro chama atenção. O interesse é enorme. Sua visita ao Capital em Washington chegou mesmo a ocupar as manchetes dos maiores jornais dos EUA.

Dentre as personalidades americanas já carregadas por Palmer em seu “taxi” estão Michael Bloomberg, prefeito de Nova Iorque, o diretor de cinema James Cameron (“Titanic”) e o apresentador de TV Jay Leno.

Produção em série possível

O “Solartaxi” foi construído pela Escola Superior Técnica (HTA, na sigla em alemão) de Lucerna e a Escola Politécnica de Zurique (ETH) junto com parceiros da iniciativa privada na Suíça. As células voltaicas vieram da Alemanha.

Apesar de o veículo ser uma peça única, Palmer está convencido da possibilidade de produzi-lo em série. “O carro, incluindo também as células solares, poderiam ser lançadas no mercado por aproximadamente 15 mil francos”, afirmou.

80 dias ao redor do mundo

A viagem já fez Palmer percorrer a Europa, o Oriente Médio, Ásia, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e agora através dos Estados Unidos. De Nova Iorque o suíço pretende retornar ao Canadá e então, por barco, até a Argélia. Até o natal ele pretende estar de volta à Suíça.

E depois? Medo de um vazio após um ano e meio andando pelos quatro cantos do mundo? “Não, não realmente. Eu já tenho novos planos”.

Palmer quer organizar uma nova corrida internacional, do qual ele mesmo participaria. O lema do projeto é inspirado no escritor francês Jules Verne: “Dar a volta ao mundo em 80 dias com fontes energéticas renováveis”.

swissinfo, Rita Emch

O Solartaxi, um veículo de três rodas, oferece espaço para dois passageiros. As células solares ficam instaladas em um reboque. Elas produzem metade da energia necessária.

Os 50% de energia necessária é tirado da tomada. Como compensação, um sistema de células voltaicas produz energia na Suíça e coloca-a na rede pública.

Seu funcionamento não provoca emissão de CO2. O consumo de energia é de 8 Kilowatts por hora (kWh), o que corresponde a 0,8 litros de gasolina por 100 quilômetros.

Com duas baterias carregadas e 6 metros quadrados de células voltaicas, o Solartaxi consegue percorrer 600 quilômetros com uma velocidade média de 50 km/h. Porém o veículo pode chegar até a 90 km/h.

As baterias podem ser carregadas em tomadas de 110 ou 220 volts.

Quando está vazio, o Solartaxi pesa aproximadamente 500 quilos. O reboque solar tem 250 quilos. Os 6 metros quadrados de células voltaicas fornecem energia para percorrer 15 mil quilômetros por ano.

Palmer não é o primeiro suíço que se engaja na utilização de fontes alternativas como a energia solar.

Dentre as personalidades mais conhecidas do setor, seguramente uma delas é o aventureiro Betrand Piccard que, em 1999, fez sucesso ao ser o primeiro a circundar o mundo sem paradas em um balão. Agora ele planeja o mesmo vôo com um avião solar (Solar Impulse).

Raphael Domjan também é outro aventureiro. Ele pretende dar a volta ao mundo em um barco solar (PlanetSolar).

O grupo coordenado pelo aventureiro Martin Vosseler conseguiu atravessar o Atlântico em um catamarã com células voltaicas em 2007.

Outro projeto bastante comentado é o submarino “Goldfisch”, o primeiro movido à energia solar.

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