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Tecidos para o mundo

Amostra de tecido utilizado em alta costura e fabricado pela empresa Forster Rohner de St. Gallen. Keystone

Cantão de St. Gallen organiza exposição mundial itinerante sobre a indústria têxtil suíça. Em Berlim, a mostra é realizada no Museu de Artes Aplicadas.

Seu desenvolvimento é associado à Revolução Industrial na Inglaterra. Apesar do fechamento de muitas fábricas, indústria têxtil suíça ainda se destaca pela tecnologia e qualidade.

Um portal colorido composto de tecidos, que são matéria prima para a alta costura parisiense, indústria de aviões, medicina, confecção e outros setores tecnológicos. Esse é o primeiro elemento exibido através de uma curiosa exposição sobre a indústria têxtil suíça e sua história.

O projeto cultural vem do cantão de St. Gallen. A mostra, que já esteve em St. Gallen e Viena, na Áustria, visa a popularização de informações sobre a indústria têxtil suíça que, apesar de pouco conhecida no exterior, têm uma tradição milenar. A exposição permanecerá aberta até cinco de janeiro e tem entrada franca.

De acordo com Cornel Dora, diretor da Biblioteca do Cantão de St. Gallen e organizador da exposição “a história da indústria têxtil espelha a história da humanidade.” Na região do Bodensee, lago que banha a Alemanha e a Suíça, região originária da produção de tecidos de linho na Suíça; foram encontrados vestígios da fabricação de tecidos de linho que datam de aproximadamente 3000 anos antes de Cristo.

A indústria têxtil também desempenhou um papel fundamental no comércio de mercadorias. A rota da seda, por exemplo, 100 anos antes de Cristo, vendia tecidos da China e da Índia trazidos através do mar Mediterrâneo para a Europa e tinha um posto de comércio em St. Gallen para a venda de musselina.

Desde então a história da indústria de tecidos na Suíça sofreu muitas mudanças, sempre ligadas à conjuntura econômica mundial. Hoje a produção de tecidos nesse país está ligada ao desenvolvimento de tecnologia de ponta.

Primeiro produto de exportação

Os registros oficiais mais antigos da produção de tecidos na Suíça datam do século IX e a produção e comércio de tecidos de linho em grande escala em St. Gallen atingiram o auge entre os séculos XVI e XVII, quando era o produto de exportação mais importante da Suíça.

No século XVIII, com a Revolução Industrial, os tecidos de algodão substituíram o comércio dos tecidos de linho, o que provocou uma crise na indústria suíça que permaneceu resistente à mudança na escala de produção e a conseqüente queda de preços.

Somente no século XIX há um renascimento da indústria têxtil na região que adotou novas tecnologias e especializou-se em tecidos bordados que atingiam valor mais elevado no comércio. A Primeira Guerra Mundial causou nova crise no setor que pôde recuperar-se somente após 1945, com o novo ramo dos tecidos sintéticos de alta qualidade.

Desde então a indústria têxtil suíça está à frente das inovações nos nichos de produção de alta qualidade. Exemplos disso são o desenvolvimento de tecidos exclusivos para as coleções de moda da alta costura parisiense, filtros utilizados em equipamentos hospitalares e na indústria farmacêutica, assim como tecidos especializados utilizados na indústria em geral e telas para serigrafia e desenhos de tecidos.

Reestruturação

Devido aos altos custos de produção na Suíça o setor foi obrigado a adaptar-se à nova realidade do mercado para continuar sobrevivendo. A alternativa foi desenvolver tecnologia de alta qualidade que empregasse pouca mão-de-obra e produzisse produtos especializados de custo elevado no mercado internacional.

Uma indústria têxtil tradicional com produção na Suíça, apesar da alta produtividade, não teria possibilidade de produzir produtos de baixos preços devido aos altos custos de mão-de-obra em relação aos tecidos produzidos na Ásia para a indústria de confecção. Segundo informações do Cantão de St. Gallen a indústria têxtil suíça emprega hoje aproximadamente 12 mil e 200 pessoas, 50% há menos que há dez anos.

Assentos para aviões

Em 2003 o setor movimentou 2,2 milhões de Francos Suíços. 60% da produção interna é transformada em tecidos para confecção, 15% é vendida no comércio interno e 25% é dirigida ao setor de tecidos tecnológicos. 80% da produção dos tecidos tecnológicos são exportados para mais de 150 países.

Entretanto 4/5 desse volume exportado vai para países da Europa, o que faz com que a indústria helvécia dedique-se mais a contatos com parceiros europeus. A maior parte das empresas é de pequeno e médio porte. Apesar do setor estar na quarta posição do ranking de exportações o seu lucro representa apenas 1,6% na participação dos lucros da economia suíça.

O desenvolvimento de tecidos biodegradáveis também tem sido um fator favorável ao desenvolvimento do setor que, entre outros, também negocia licenças e know-how dentro da própria Suíça e no exterior. A estratégia fez com que a Suíça se transformasse no maior exportador de tecidos para assento de aviões.

Em tempos difíceis o estado suíço permanece investindo num marketing que associa cultura e tecnologia. Uma estratégia agradável que proporciona a todos nós a oportunidade de conhecer a indústria, sua história e suas estratégias para aprendermos a compreender melhor o mundo em que vivemos.

swissinfo, Gleice Mere, Berlin

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