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Telecom World 2003: a busca de novos caminhos

Telecom mundial, em Genebra. Keystone

No setor das telecomunicações passou-se de um otimismo exagerado ao pragmatismo, com procura de novas fórmulas menos arriscadas de expansão.

Banda larga, wireless, novos serviços, segurança são termos na moda na maior mostra do gênero.

Organizada em Genebra de 11 a 18 de outubro, pela União Internacional das Telecomunicações, a “ITU Telecom World 2003” é a única vitrine global do setor.

A exposição reúne as grandes empresas de telecomunicações em busca de um mercado promissor, apresentando novos produtos e serviços.

É uma mostra voltada quase que exclusivamente para os especialistas, propiciando contatos, informações, troca de idéias e possibilidade de negócios.

Ao público reserva-se apenas o último dia do evento que acontece desde 1971, todos os 4 anos, e que não deixa ninguém indiferente, pois as novas tecnologias vêm invadindo a nossa vida.

Em relação à exposição precedente, nota-se que nos últimos anos, os empresários ficaram muito mais prudentes. Quando da Telecom de 1999 a euforia era grande. Fracassou, porém, a expectativa de que novos produtos e serviços fossem se implantar rapidamente. Mas o mercado entrou em crise e muitas start-ups (novas empresas) do setor faliram.

Banda larga e WAP

Na ocasião da exposição de há 4 anos, a maior revolução era a tecnologia do WAP (sigla inglesa para Wireless Application Protocol) que permite acessar a Internet através de um telefone móvel (mobile). Tecnologia que não deu muito certo: o sistema é lento e o serviço ainda insatisfatório.

“Quando se falava de “mobile” havia uma expectativa de que (com a utilização de modelos apropriados) fosse uma realidade hoje a transmissão de dados a alta velocidade através da banda larga. Isso já é possível, mas não é realidade do mercado”, constata Vladimir Batista, gerente de produto de rede, da filial brasileira da empresa chinesa ZTE.

Vladimir lembra que está se concretizando a transmissão rápida de filmes, fotos ou informações, através do telefone móvel: “É realmente possível, mas ainda não é uma realidade de mercado”, enfatiza.

“Triple play”

Parece, porém, haver bastante expectativa atualmente em torno do que se denomina “triple play” que consiste levar ao usuário, além do texto, a voz e o vídeo, através das linhas de banda larga.

E é também nessa mesma direção que a Microsoft realizou demonstrações em Genebra de sua proposta de IPTV , ou seja, uma nova tecnologia, atualmente aperfeiçoada, que constitui “um novo padrão de difusão televisiva”.

A empresa exalta os méritos desse serviço que – dentro de um ano – deve permitir fornecer filmes, vídeos, jogos e música, enquadrados por sistemas especiais de codificação, difusão, recepção e gestão dos direitos autorais.

Compressão

No que diz respeito ao “triple play”, Vladimir Batista destaca um desafio: vencer a distância que separa o usuário das centrais de difusão. Para isso, “é preciso comprimir para enviar mais informações em menos pacotes”.

As empresas estão conscientes de que não basta ter a capacidade de produzir tecnologia. É preciso uma estrutura que inclua, por exemplo, a segurança, respeito a regulamentação, capacidade de memória e atratividade. E acima de tudo, o serviço precisa ser atraente para convencer as pessoas as adquiri-lo.

Segundo Batista, “são esses tipos de fórmulas” que mais interessaram os especialistas na Telecom 2003.

Viabilidade

“Os consultores têm propostas e querem saber como ela funcionaria em outros países”.

Ele constatou que na China, Japão e Coréia, por exemplo, o interesse pelo karaokê é enorme. Através da tecnologia “vídeo on demand” se pode oferecer karaokê pela Internet, diz o representante da ZTE. Um serviço interessante nesse setor pode atrair o usuário.

E de fato, verificou-se na Telecom que a atual preocupação é saber se tal ou tal projeto é viável, se interessa, se é de aplicação imediata, se é rentável. Estamos, portanto, longe da euforia do fim dos anos 90.

Wireless

A bolha especulativa em torno das starts-ups, a crise que se seguiu, teria sido uma boa lição. Hoje as empresas e os investidores estão mais realistas, mais prudentes.

Mas além da banda larga, os especialistas acreditam que a tecnologia wireless (sem fio) tem grande potencial. Bill Gates, o patrão de Microsoft aposta nesses dois segmentos.

Essa tecnologia já é, aliás, operacional em pequena escala. Funciona, por exemplo, em alguns aeroportos e em saguões de hotéis de luxo. (E tem também algumas aplicações domésticas para conexões, como entre o toca-CDs e a TV numérica).

O problema é não ser segura porque funciona com o sistema de ondas radioelétricas. Os piratas da área informática podem então facilmente entrar num programa de computador… com conseqüências imprevisíveis.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa, Genebra

Segundo a União Internacional das Telecomunicações, UIT:

– um quinto da população mundial tem ou utiliza um telefone móvel. A proporção era de 1 para 339. Chegam a 1.2 bilhão, dos quais 48% se encontram nos países em desenvolvimento.

– Desde 2002, os telefones móveis ultrapassaram os telefones fixos.

– O aumento das linhas telefônicas passaram de 1 bilhão e meio a 2.5 bilhões.

– Na China, em 2001, 200 mil pessoas tinham acesso à banda larga.

– No ano seguinte a cifra saltou para 3 milhões, para um país de mais de mais de 1 bilhão de habitantes e duzentos milhões de habitantes (num território de 9.6 milhões de km2.

– Na Coréia do Sul, 60 % das residências têm banda larga.

– No Brasil, estamos abaixo de 1%.

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