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Telecomunicações no Haiti são afetadas por ameaça de gangue

Os moradores de Porto Príncipe jogam futebol usando pneus de caminhão como meta em uma rodovia normalmente movimentada que estava vazia em meio a uma escassez de combustível no Haiti, em 25 de outubro de 2021 afp_tickers

As redes de telecomunicações do Haiti são severamente afetadas pela falta de combustível causada pelo crescente controle das gangues sobre a capital, alertaram profissionais do setor nesta terça-feira (26).

“Nunca vi nada assim em dez anos”, disse à AFP Maarten Boute, presidente-executivo da companhia telefônica Digicel, que cobre 75% do mercado haitiano.

“Hoje temos 430 antenas afetadas, das 1.500 de todo o país, o que prejudica centenas de milhares de clientes”, disse.

As quadrilhas que controlam grande parte da capital, Porto Príncipe, bloqueiam as rotas que levam aos terminais de petróleo, o que vem complicando – há vários meses – o abastecimento de combustível.

Essa situação leva à suspensão do serviço de telecomunicações móveis porque as antenas são alimentadas com energia elétrica de geradores térmicos.

“Agora temos uma pequena reserva de combustível que nos permite, dia a dia, manter o serviço às áreas provinciais e às mais importantes de Porto Príncipe”, acrescentou Maarten Boute, que especificou que a maior parte do abastecimento de combustível é feita de motocicleta.

Desde segunda-feira, ocorre uma greve geral na capital e em várias províncias do país, convocada pelos sindicatos dos transportes. Escolas e comércios permanecem fechadas em Porto Príncipe, onde as ruas normalmente movimentadas estão desertas.

Além disso, “há rádios que pararam de transmitir e outras reduziram seu tempo de operação” devido à falta de combustível, disse Jacques Sampeur, presidente da associação nacional de mídia haitiana, à AFP.

“Os meios de comunicação estão morrendo. É a realidade”, lamenta Venel Remarais, presidente da Associação de Mídia Independente do Haiti.

Por outro lado, é “provável que se percam vidas” se o combustível não chegar imediatamente aos hospitais, alertou o coordenador humanitário da ONU em exercício no país, Pierre Honnorat, em nota publicada no domingo.

Há muito tempo dominantes em bairros pobres da capital, gangues armadas vêm assumindo o controle de cada vez mais territórios nos últimos meses, à medida que os sequestros no país também se multiplicam.

Uma dessas gangues está exigindo um resgate de 17 milhões de dólares para libertar um grupo de missionários e membros de suas famílias – 16 americanos e um canadense – sequestrados em 16 de outubro a leste de Porto Príncipe.

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