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Tintas de tatuagem são reprovadas em teste

Um artista tutua um visitante da Convenção de Tatuagem em Genebra, 2008. Keystone

Quarenta por cento das tintas usadas para tatuagem e maquiagem permanentes na Suíça são perigosas à saúde, conclui a Secretaria Federal de Saúde (SFS) a partir da análise de 152 amostras.

Desde o início de 2008, vigoram na Suíça normas legais sobre a segurança desse tipo de tintas. Análises mostram que fabricantes e usuários desrespeitam essas regras, segundo a SFS.

Tatuagens e outras pinturas na pele, que costumam ser oferecidas e exibidas com mais freqüência durante o verão europeu, podem ter um efeito estético positivo, mas prejudicar a saúde, como mostra um controle feito na Suíça.

Após análises de 152 amostras de tintas no laboratório cantonal de Basileia, 62 (ou 40%) tiveram seu uso proibido por representarem riscos à saúde. Apenas 32 amostras (21% das tintas usadas na Suíça e em Liechtenstein) correspondiam às novas prescrições legais, informa a Secretaria Federal de Saúde.

Segundo a SFS, em 35 casos foram comprovadas substâncias ilegais e em 22 casos foram detectados conservantes proibidos na composição das tintas.

Etiqueta incompleta

Dez produtos foram proibidos por conter aminas e nirosaminas cancerígenas. Esses compostos químicos podem causar alergias ou efeitos negativos de longo prazo para a saúde. Em quatro casos, a proibição do produto ocorreu devido aos resultados microbiológicos.

Além disso, em 12 de 39 tintas recém-fabricadas e em 23 de 106 em uso foram encontrados germes. Em 104 casos ou 68%, as etiquetas apresentavam deficiências. Em alguns casos, faltava a data de validade do produto.

A Secretaria Federal de Saúde pretende discutir os resultados da campanha de medição com as associações de fabricantes de tintas e com os cerca de 500 tatuadores profissionais do país. O controle será repetido posteriormente.

“Como mantemos contato permanente com a SFS, já informamos nossos sócios em maio sobre os resultados. A questão da tinta não é nova. Sabemos da problemática da declaração das substâncias contidas. As autoridades deveriam publicar uma lista das tintas sem restrições ao uso. Mas nosso pedido lamentavelmente não é atendido”, disse à swissinfo.ch Heidi Zogg, da Associação Suíça dos Tatuadores Profissionais (ASTP).

Segundo Zogg, a ASTP orienta seus sócios a se informar junto aos fornecedores de tintas se elas atendem às exigências da resolução de 2008 da União Europeia e da lei alemã de 1° de maio de 2009. “A situação vai se acalmar nos próximos seis meses. Daí as tintas estarão etiquetadas corretamente e as velhas tintas não estarão mais no mercado”, disse.

Higiene melhorou

Desde o início de 2006 vigoram na Suíça também exigências legais sobre as condições de higiene dos estúdios de tatuagem. Desde então muitos deles foram controlados pelas autoridades sanitárias estaduais.

Segundo a Associação dos Tatuadores Profissionais da Suíça (VST), o nível de higiene melhorou muito nos últimos 15 anos, graças à atuação da entidade, aos controles públicos e da firma Eyeco.ch (que distribui um selo de qualidade), bem como às notícias nos jornais sobre a fiscalização.

Além da Suíça, também na Holanda e na Áustria os estúdios de tatuagem estão sujeitos a um controle rigoroso. Os procedimentos de pintura, esterilização, limpeza e desinfecção são documentados por escrito.

Maior aceitação social

“O fenômeno da tatuagem e do piercing parece ter conquistado uma certa aceitação na sociedade, o que nem sempre foi assim”, constata a United European Tattoo Artists (Ueta) em seu site. “Estima-se que mais de 40% das jovens mulheres façam assim chamadas modificações corporais.”

Heidi Zogg diz não dispor de estatísticas, mas acredita que também na Suíça cerca de 40% das pessoas se tatuam.

Até o início do século 20, no mundo ocidental praticamente só marinheiros, soldados ou criminosos usavam tatuagens. No final dos anos de 1980, essa “arte” (os tatuadores se vêem como artistas) ganhou terreno em certas tendências musicais.

Nos anos de 1990, virou uma verdadeira moda. Floresceram especialmente as chamadas “tatuagens tribais”, sobretudo, no cóccix das mulheres. No final daquela década, também houve um retorno às raízes – às tradicionais tatuagens de marinheiros, como estrelas, andorinhas, âncoras ou corações.

Atualmente, uma nova onda ganha espaço na Alemanha, mas ainda não chegou à Suíça: são as tatuagens ultravioletas, feitas com uma tinta especial com componentes fluorescentes, cujos contornos só aparecem, por exemplo, à luz de uma discoteca. Também esse tipo de tinta não é livre de risco, uma vez que seus efeitos sobre o corpo são pouco conhecidos, advertem dermatologistas.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch

A United European Tattoo Artists (Ueta) estima que mais de 40% das jovens mulheres façam assim chamadas modificações corporais.

Heidi Zogg, da Associação Suíça de Tatuadores Profissionais (ASTP) acredita que cerca de 40% dos suíços se tatuam.

Os preços praticados na Suíça variam entre 150 a 250 francos por hora de tatuagem.

A Associação Suíça de Tatuadores tem 25 sócios, mas estima que hajam mais de 500 profissionais do setor no país.

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