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Três genes que resistem ao vírus da Aids

A equipe de Amalio Telenti analisou genes durante 18 meses. Keystone

Uma equipe internacional, incluindo pesquisadores suíços, identificou três genes que resistem ao vírus da Aids. Publicado na revista «Science», o trabalho abre perspectivas para o desenvolvimento de vacinas ou medicamentos.

Associados a colegas americanos, cientistas de Lausanne e Genebra queriam saber porque quase dois por cento dos pessoas reagem de maneira diferente a uma infecção com o vírus HIV e têm defesas naturais mais fortes.

“Os seres humanos dispõem de possibilidades bem diferentes de controlar naturalmente um vírus. Existe, portanto, um impacto humano e devemos encontrar a chave para poder imitar a natureza”, explica Amalio Telenti à swissinfo.

O professor do Institituo de Microbiologia da Universidade de Lausanne (oeste da Suíça) dirige a parte européia de uma vasta pesquisa genética conduzida pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

O programa CHAVI (Center for HIV/AIDS Vaccine Immunology), dotado de 300 milhões de dólares, visa desenvolver uma vacina contra a Aids.

A Suíça bem colocada

Os americanos solicitaram aos suíços, pois sabem que o país “está melhor situado para fornecer profissionais capacitados e também conhecimento”, acrescenta o professor Telenti.

O estudo começou com um grupo de 30 mil pessoas infectadas pelo vírus HIV e recrutadas através de uma centena de hospitais em todo o mundo. Ao final, os pesquisadores – 29 cientistas de competências diversas – concentraram seus trabalho em 489 pacientes e fizeram uma análise detalhada do genoma dessas pessoas.

Código de barra da pessoa

“Criamos na Suíça uma espécie de código de barra da pessoa, o equivalente a uma etiqueta de 500 mil linhas”, explica o pesquisador. Esses dados foram transmitidos aos Estados Unidos para serem analisados por especialistas que fizeram, então, uma classificação dos genes mais resistentes.

“Para nossa supresa, encontramos três genes muito resistentes ao vírus. O primeiro era mais ou menos conhecido; o segundo nunca tinha sido investigado e do terceiro nada sabíamos”.

Acessível a todos

A descoberta abre novas perspectivas de pesquisa, até porque os milhões de dados coletados serão acessíveis a pesquisadores em todo o mundo. A quantidade de informações úteis é tal que é impensável mantê-las em segredo.

As pesquisas permitirão compreender melhor o vírus da Aids e podem levar futuramente ao desenvolvimento de uma vacina ou novos medicamentos.

Um remédio, desenvolvido a partir de uma outra descoberta, anos atrás, de outro gene (chamado CCR5) que protege da infecção, deverá ser colocado no mercado em breve.

“O medicamento já está sendo usado de maneira experimental e aguarda aprovação das autoridades americanas e suíças”, conclui Amelio Telenti. Ele deverá ser ministrado, em primeiro lugar, às pessoas para as quais todos os outros tipo de tratamentos fracassaram.

swissinfo com agências

A parte européia do programa CHAVI(Center for HIV/AIDS Vaccine Immunology), coordenada pelo professor Amalio Telenti, coletou informações de 30 mil pessoas infectadas pelo vírus HIV.

Ao final, os pesquisadores fizeram uma análise detalhada dos genomas de 486 pacientes provenites da Suíça, Itália, Grã-Bretanha, Espanha e Dinamarca.

As análises foram efetuadas nos hospitais universitários de Lausane e Genebra (oeste da Suíça) e Duke, nos Estados Unidos.

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA na sigla latina e Aids, na sigla em inglês) corresponde à destruição das céelugas do sistema imunitário por retrovírus.

Quando a infecção se desenvolve, o sistema imunitário fica mais fraco e torna-se vulnerável às doenças ditas oportunistas. Uma pessoa infectada pode levar entre 10 e 15 anos para desenvolver a Síndrome da Imunodeficiência Aquirida. Os remédios anti-retrovirais podem frear o o processo de desenvolvimento.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 39,5 milhões de pessoas vivem com o vírus da Aids em todo o mundo. No ano passado, 2,9 milhões de pessoas morreram.

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