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Tragédia do túnel reativa debate

Política sobre transportes na berlinda Keystone

O drama no túnel do Gotardo, quarta-feira, nos Alpes suíços, que deixou pelo menos 10 mortos, atualiza debate político sobre segurança rodoviária.

Na Suíça, medidas de segurança, como as galerias paralelas de refúgio e sistema de ventilação (que funcionaram bem) no túnel do Gotardo – uma referência na Europa – permitiram reduzir o número de vítimas e atenuar as conseqüências do acidente. Esse desastre não deixa, porém, de ser o mais grave drama rodoviário no país. Drama semelhante ao ocorrido no túnel de Mont-Blanc (entre França e Itália), em março de 1999 que deixou 39 vítimas.

Um túnel de « dois tubos »

Com o acidente, ganha força uma das reivindicações dos meios automobilísticos : a construção de uma segunda via no Gotardo. Esses meios estimam insuficiente e perigoso o sistema atual de via única de duas mãos em que desemboca uma rodovia de pista dupla. E lembram que no túnel passam diariamente quase 20 mil veículos. No momento do desastre cerca de 200 encontravam-se dentro desse túnel de 16.5 km.

A União Internacional dos Transportes Rodoviários (IRU), com sede em Genebra, estima que a catástrofe veio revelar a necessidade de túneis de « dois tubos » (duas pistas) no Gotardo.

Trens para transporte de caminhões

Na Suíça, proposta parlamentar nesse sentido já foi encaminhada ao governo. Por coincidência, a Comissão dos Transportes da Câmara deve debatê-la na semana que vem. E o grave acidente no Gotardo terá certamente influência nas discussões.

O assunto já foi abordado por subcomissão que propôs realização rápida de um referendo nacional para saber o que o povo suíço pensa do assunto.

O presidente suíço, Moritz Leuenberger, atual ministro dos Transportes, criticou a “exploração política do acidente”. Ele estima ilógico exigir um segundo túnel, paralelo ao atual. Lógico, segundo o ministro , seria dizer que não se quer mais caminhão no túnel, estimando mais que necessário promover a transferência dos caminhões aos trens, para a travessia dos Alpes.

Caminhão-bomba

Um deputado do Partido Verde (Patrice Mugny) acha que um caminhão num túnel (ainda mais no de dimensões como o Gotardo) representa sempre um perigo, “principalmente quando transporta matérias tóxicas” (como declarou no jornal Le Temps, de Genebra).

No mesmo jornal, a Associação suíça de Transportes e Meio Ambiente (ATE), pede medidas de segurança mais severas. Propõe por exemplo, obrigação de os caminhões terem um extintor.

Seja como for, caminhões no túnel do Gotardo, e em qualquer outro túnel, tornam-se verdadeiras bombas, caso se declare incêndio após um choque e transportem materiais inflamáveis.

Os suíços e os milhares de europeus que utilizam o túnel vão ter que viver com o perigo. A construção de um segundo “tubo” levaria pelo menos dez anos…

J.Gabriel Barbosa

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