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Um pupilo, um ex-banqueiro e um indígena: os candidatos à presidência do Equador

O candidato presidencial da coalizão equatoriana Unión por la Esperanza, Andrés Arauz, em comício de encerramento de campanha em Quito, em 4 de fevereiro de 2021 afp_tickers

O Equador vai eleger no domingo (7) seu presidente entre 16 candidatos, embora apenas três tenham chances de ir ao segundo turno. A esquerda é favorita com duas cartas: um pupilo do ex-presidente Rafael Correa e um indígena ambientalista, enquanto a direita aposta em um ex-banqueiro conservador.

Se as pesquisas forem confirmadas, entre os três estará o sucessor de Lenín Moreno, o impopular presidente que trocou de aliados após conquistar a presidência com o apoio de Correa em 2017.

– Arauz, na sombra de Correa –

Ele tem 35 anos e até recentemente se apresentava como um “perfeito desconhecido”. Mas por trás de Andrés Arauz está a sombra de Rafael Correa. O ex-presidente depositou neste jovem economista as esperanças para reconquistar o poder para a esquerda radical e nacionalista.

Arauz presidiu o Banco Central e foi ministro do Conhecimento e Talento Humano durante o governo de Correa (2007-2017).

“Quem os saúda é um perfeito desconhecido que conhece e ama o Equador e que hoje está comprometido em tirar nosso povo da crise econômica e de saúde”, escreveu no Twitter ao se apresentar como candidato à presidência.

Ele nasceu em Quito e é casado com Mariana Véliz, com quem tem um filho. Ele se define como patriota, democrata e progressista. Fiel ao credo do ‘correísmo’, rotula Moreno de traidor.

Arauz fala inglês, francês e russo; toca piano e acordeão.

Seu companheiro de chapa era o próprio Correa, mas o ex-presidente foi desqualificado para disputar a vice-presidência por conta de pendências com a Justiça, que o condenou a oito anos de prisão por corrupção.

O jornalista Carlos Rabascall substituiu Correa como vice de Arauz na coalizão União pela Esperança (Unes).

Arauz prometeu abrir caminho para o retorno de Correa, considerado um “perseguido político”. O ex-presidente está na Bélgica desde 2017 e de lá conseguiu evitar a Justiça equatoriana que, segundo ele, foi manipulada por Moreno.

Se o economista vencer as eleições, espera que, sob seu mandato, os juízes revejam os processos abertos contra Correa, embora ele próprio também possa conceder indulto.

– Lasso e a direita conservadora –

Três vezes candidato (2013, 2017 e 2021) à presidência do Equador, o ex-banqueiro conservador Guillermo Lasso, de 65 anos, lidera a oposição ao ‘correísmo’.

“Vamos virar a página do socialismo do século XXI (promovido por Correa) e entrar em uma fase de plena democracia, de liberdade”, disse.

Em sua segunda tentativa, terminou atrás de Moreno por apenas dois pontos percentuais no segundo turno.

Lasso é o caçula de 11 irmãos em uma família de classe média e se tornou um importante banqueiro com apenas três semestres de Economia nas costas. Entre 1989 e 2012 foi vice-presidente, gerente e presidente do Banco de Guayaquil, um dos maiores privados do Equador.

Membro do Opus Dei e natural de Guayaquil (sudoeste), define-se como “tolerante” e “democrata”.

É casado com María de Lourdes Alcívar, com quem tem cinco filhos.

Ele representa seu movimento Criando Oportunidades (Creo) em parceria com o médico Alfredo Borrero.

Lasso afirma que trabalhou desde os 15 anos, na Bolsa de Valores de Guayaquil, para pagar as mensalidades de seu colégio católico. Na área pública foi governador da província de Guayas (capital Guayaquil) e secretário de Estado (superministro) da Economia na gestão do ex-presidente deposto Jamil Mahuad (1998-2000, direita).

– Pérez, a alternativa indígena e ambientalista –

O advogado Yaku Pérez, de 51 anos, personifica o movimento indígena que se levantou contra Moreno em outubro de 2019, forçando-o a recuar na alta dos preços dos combustíveis.

Ele se define como “ambientalista, esquerdista, comunitarista, profundamente respeitador dos direitos humanos”.

Sua feroz oposição à mineração desagradou ao governo de Correa e, por defender o acesso à água, foi detido quatro vezes, sob a acusação de sedição e terrorismo.

Filho de trabalhadores rurais, Pérez – atual prefeito (governador) da província de Azuay (sul) – promete ser “o primeiro presidente filho de um analfabeto”. Sua mãe Rosa frequentou apenas três anos de escola.

Ele nasceu em Cuenca, capital de Azuay, e seu nome original era Carlos Ranulfo. Em 2017 mudou legalmente e, alinhado ao seu amor pela natureza, escolheu Yaku Sacha, que em quíchua significa “Água da Montanha”.

Ele pertence ao povo milenar kañari, que vive no sul andino do Equador, onde emergiu como líder indígena.

Toca saxofone e acordeão. É ateu, vegano e pratica ioga. Fez campanha em uma bicicleta de bambu.

É professor universitário e publicou sete livros sobre questões indígenas e ambientais.

Ficou viúvo há oito anos, tem duas filhas e sua atual companheira é a jornalista franco-brasileira Manuela Picq.

Ele aspira chegar ao poder com o partido Pachakutik, o braço político da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie).

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