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Um sapato para quem quer andar “descalço”

Markus Walt (esq.) e o dono da loja da MBT em St. Gallen. swissinfo.ch

A sola grossa e côncava é sua marca registrada: os sapatos MBT não primam pela estética, mas fazem sucesso na Europa e nos Estados Unidos. A empresa suíça que os criou, vende os produtos como a solução saudável para o homem urbano.

Seu criador, o engenheiro Karl Muller conseguiu resolver seus problemas de coluna com o calçado. Agora investidores internacionais querem tornar a marca tão conhecida como Nike ou Reebok.

Arnold Schwarzenegger já o utiliza. Sharon Stone, Julia Roberts e Richard Gere também já foram vistos com eles. O que essas estrelas de Hollywood têm em comum é estarem calçando o MBT, um modelo de sapato suíço que se tornou coqueluche na Europa e Estados Unidos nos últimos tempos.

Feios, gordos, com um solado redondo e espesso feito de camadas de borracha e poliuretano, o MBT salta aos olhos nas ruas e mais lembra um tamanco ou produto ortopédico. Ele é o principal produto da Swiss Masai, uma pequena empresa localizada em Roggwil, cidade de três mil habitantes no cantão da Turgóvia.

O sucesso de produto se mostra nos números. Desde que foi criada em 1998, ela vendeu mais de 4,5 milhões de pares de sapatos, produzidos em países como Coréia, Vietnã, Indonésia e China. A empresa atua em 20 diferentes países, em grande parte Europa e Estados Unidos. O crescimento tem sido exponencial: em 2004, foram 300 mil pares; em 2005, 900 mil pares e em 2006, 1,7 milhões.

Inspiração em campos de arroz

A história do MBT – as três letras significam “Masai Barefoot Technology” (Tecnologia de Pés Descalços Masai) começou nos anos 90, quando Karl Müller, um engenheiro suíço que na época vivia e trabalhava na Coréia, descobriu que caminhar descalço em campos de plantação de arroz era uma meio eficaz para reduzir as dores de coluna. “Foi o momento em que ele começou a refletir sobre as causas da sua melhora, o que o levou a ter uma idéia genial”, revela Markus Walt, diretor da MBT Suíça.

As reflexões em cima dos campos de arroz acabaram se materializando num novo produto, um calçado que, nas palavras da empresa, deveria trazer as pessoas de volta para a natureza. “O homem moderno se movimenta nas ruas, em casa e no trabalho sempre sobre chão duro como o asfalto ou cimento. Isso provoca o enfraquecimento de todo o aparelho de locomoção do corpo”, explica Walt a filosofia do MBT.

Sapato para se equilibrar

Responsável pelos negócios da Swiss Masai na Suíça, o jovem administrador percebe o olhar descrente do repórter. Assim ele se levanta e pega na prateleira um modelo esportivo do MBT e pede para que ele o calce e caminhe por alguns minutos através da loja em St. Gallen. Assim como muitas pessoas que utilizam pela primeira vez o estranho sapato, a sensação é de não estar sob chão firme. Com o formato bojudo das solas, os pés precisam segurar o equilíbrio do corpo como se estivessem em cima de uma pedra de rio.

“Essa é a sensação normal que as pessoas têm quando utilizam pela primeira vez o MBT”, diz Walt, que mostra suas qualidades de vendedor ao tentar justificar por que um sapato pouco estético que custa aproximadamente 300 francos suíços (US$ 260) é, na sua opinião, é melhor do mercado.

“Os sapatos e tênis tradicionais não conseguem resolver o problema da inatividade dos pés. Pelo contrário, eles até pioram a situação. Quando você utiliza o MBT, é como se estivesse caminhando de pés descalços na cidade ou na areia da praia”.

Franquias

Na Suíça, a Swiss Masai vende seus produtos em 13 lojas criadas através do sistema de franchising. A promoção dos sapatos é feita mais através da propaganda boca-a-boca.

“Não colocamos anúncios na mídia impressa ou na televisão, assim como também não temos nenhum garoto-propaganda”, reforça Walt. Ele revela, porém que a estratégia de presentear atletas famosos com os sapatos é uma maneira simples e barata de tornar os produtos conhecidas.

Essas estrelas podem ser vistas nas brochuras distribuídas juntos nas lojas da MBT: Philipp Schoch e Simon Schoch, campeões olímpicos de snowboard, a esquiadora Evelyne Leu, campeã olímpica de freestyle, ou Markus Baur, campeão do mundo de handball.

Investidores estrangeiros

Em julho de 2004, a maioria das ações da Swiss Masai foi vendida por Karl Müller a um grupo de investidores liderado pelo austríaco Klaus Heidegger, um ex-campeão de esqui que imigrou para os Estados Unidos e ficou milionário através depois que vendeu sua bem-sucedida empresa de cosméticos Kiehl’s à multinacional L’Oréal.

Em 2006, Karl Müller vendeu o restante das suas ações ao austríaco. Em julho de 2007, os investidores americanos Berkshire Partners compraram 20% do capital, tornando a Swiss Masai ainda mais internacional. “No mundo, as pessoas estão tomando cada vez mais consciência da saúde. Por isso acreditamos que existe um potencial de mercado muito grande para os sapatos MBT”, declarou Michael Ascione, diretor da Berkhire Partners, no comunicado distribuído à imprensa.

Já o engenheiro Karl Müller não abandonou em negócios para curtir uma aposentadoria precoce. Há poucos meses, como publicou a imprensa suíça, ele disse que quer comprar uma pequena companhia de navegação no lago de Bodensee, na fronteira entre a Suíça, Áustria e Alemanha. Seu objetivo é vender pacotes de viagem para turistas coreanos. As negociações ainda não foram concluídas, mas muitas já acham que ele está fazendo um grande negócio.

swissinfo, Alexander Thoele

MBT é a sigla para “Masai Barefoot Technology”.
O Masai vivem entre o Quênia e partes da Tanzânia. Essa tribo africana que vive basicamente como pastores das suas criações de cabras e bovinos.
O conceito do MBT foi desenvolvido pelo engenheiro suíço Karl Müller em 1996. O principal objetivo era criar sapatos que ajudassem a diminuir dores de coluna, corrigir a postura do corpo e melhorar o trabalho das articulações.
Se no início os sapatos MBT eram considerados produtos de saúde, hoje já competem no mercado de produtos de fitness e lifestyle.

A Swiss Masai está sediada em Roggwil, cidade de três mil habitantes no cantão da Turgóvia. Seu principal produto é o sapato MBT, vendido em 20 diferentes países.

Em 2006, a empresa vendeu 1,5 milhões de pares de sapatos.

O crescimento da marca MBT é atualmente de 20%. O faturamento da empresa na Suíça é de 7,5 milhões de francos. Um par custa entre 289 e 349 francos.

O diferencial dos sapatos MBT são o seu solado de borracha e poliuretano, que dão ao usuário a sensação de estar pisando em areia. Eles são produzidos em fábricas na Coréia do Sul.

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