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Uma ponte suspensa nos Alpes para corajosos

Com o vento forte, não é qualquer um que gosta de sentir a "Skywalk" balançando. swissinfo.ch

Para atrair mais turistas, uma região nos Alpes suíços inaugurou a maior ponte suspensa na Europa. Atravessar seus 374 metros sobre um precipício vertiginoso exige nervos firmes, sobretudo em dias de ventania.

A ponte acompanha uma tendência no turismo no país: oferecer aventuras para pessoas de todas as idades e condições físicas, não apenas no inverno. Existem os que criticam.

Era um típico dia de outono, chuvoso e frio, mas ideal para conhecer uma nova atração turística nos Alpes suíços sem disputar espaço com massas de turistas costumeiras. A “Raiffeisen-Skywalk”, a maior ponte suspensa da Europa com 374 metros de extensão, foi inaugurada em 10 de julho de 2010 em Sattel, um pequeno vilarejo no cantão de Schwyz, no centro do país. Hoje ela atrai multidões.

Para poder atravessá-la, é preciso subir com o teleférico até uma pequena aglomeração de casas de veraneio, lanchonetes e propriedades agrícolas chamado Mostelberg, a 1.191 metros acima do nível do mar. Geralmente essa estação é frequentada por milhares de esquiadores durante o inverno, mas nas outras épocas do ano é um programa preferido por caminhadores e apaixonados pelos cenários alpinos.

A ponte está ao lado da estação. Construída em apenas três meses, ela atravessa um vale com profundidades de até 57 metros e faz ligação com uma outra trilha na colina vizinha. À primeira vista, a construção parece ser frágil e leve, mas os detalhes técnicos inscritos em uma placa tranquilizam: ela é sustentada por quatro cabos de aço com cinco centímetros de espessura e tem capacidade para suportar até 85 toneladas. “Teoricamente mais de mil pessoas podem estar nela, mas obviamente não há espaço para tanta gente”, explicou Pirmin Moser, do conselho de administração da empresa de teleférico Sattel-Hochstuckli AG, aos jornais no dia da inauguração.

Balança mas não cai

Porém à primeira vista a impressão é outra. A entrada da ponte tem quase dois metros de largura, mas afina-se em poucos passos para 90 centímetros. O piso é de gradeado, o que permite ver o vazio embaixo dos pés.

Quanto mais se aproxima da interseção, mais se sente a estrutura de metal balançando, apesar de vários cabos fixarem a ponte nas árvores vizinhas. O anemômetro fixado em uma das laterais gira com rapidez, indicando que o vento sopra a uma velocidade suspeita. De fato, esse espaço não é para quem sofre de vertigens.

Sua construção foi orçada em 1,5 milhões de francos. Metade da soma veio de patrocinadores, em sua grande maioria empresas locais e bancos. O objetivo era atrair mais turistas e bater um recorde mundial, mas rapidamente os construtores descobriram que no Japão existem duas pontes suspensas mais longas (ler coluna da direita). Assim, a “Skywalk” (n.r.: Caminhada no ar) se tornou a maior fora do continente asiático.

Assim a região ganhou mais uma atração além do próprio teleférico, que foi reformado há quatro anos para se tornar o primeiro de cabinas rotatórias. Nelas os turistas giram sobre o próprio eixo e podem, dessa forma, admirar melhor as belezas naturais dos Alpes.

Sucesso comercial

Um mês depois de inaugurada, a ponte suspensa de Sattel chega a atrair duas mil pessoas por dia, sobretudo em dias de bom tempo. Esse fluxo obrigou os responsáveis a pensar também na questão da segurança. Uma delas é naturalmente o tempo. “Se verificamos através do anemômetro que o vento está a mais de 50 quilômetros por hora, a ponte é fechada imediatamente”, diz Rudolf Marty, outro membro da direção da empresa.

Outra forma de controle são as quatro câmaras instaladas nas extremidades da ponte. Elas funcionam dia e noite. Às cinco da tarde, a Skywalk é fechada para os turistas. Porém se durante o uso algum deles não se comportar como deve – se balançando, por exemplo, na ponte para aumentar suas vibrações – ele pode ser advertido através de um sistema de alto-falantes.

Alpes vs. aventura

A construção da ponte segue uma tendência: frente ao aquecimento global – no qual a precipitação de neve diminui a cada ano, obrigando as estações de esqui a utilizarem máquinas para produzir neve artificial – as regiões turísticas da Suíça investem cada vez nas atividades fora do inverno. E nessas atividades, uma parte dos investimentos vai para infraestruturas de “aventura”, que têm o potencial de atrair mais turistas e de todas as faixas etárias, inclusive aqueles que não têm condições físicas de escalar ou fazer trilhas em montanhas.

Um exemplo é dado pela Companhia de Teleféricos do Stockhorn, que leva turistas à montanha com o mesmo nome nos Alpes bernenses. Como informa a imprensa, ela apresentou recentemente o projeto de construir uma espécie de plataforma de observação no pico com um formato que lembraria um “piercing”. Essa estrutura metálica permitiria que o turista “saia” e fique suspenso no ar, observando embaixo dos pés o precipício.

O pedido oficial está sendo analisado pelas autoridades competentes. Porém, pouco depois do seu lançamento, dez protestos contra o projeto já foram enviados por diferentes associações. Um deles é da seção bernense da Fundação Pro Natura. Ela argumenta que os turistas irão incomodar os pássaros que vivem no local. A crítica vai também ao próprio conceito do projeto: “Hoje as montanhas se reduzem a ser um cenário para eventos, encenações e lugar de arrepio para os turistas”, escrevem, informa o jornal NZZ.

As duas maiores pontes suspensas do mundo estão no Japão:

– Ponte Yume em Kokonoe: 390 metros

– Ponte Ryujin em Suifu: 375 metros

Na Suíça ainda existem outras pontes suspensas:

– Ponte Europaweg, entre Grächen e Zermatt: 230 metros

– Ponte sobre a geleira de Trift (cantão de Berna): 170 metros

– Ponte Hostalde em Frutigen: 153 metros

– Ponte entre Voralp e Salbithütte no cantão de Uri: 90 metros

Bilhete de trem Zurique-Sattel Aegeri: 57.20 francos

Bilhete de teleférico (ida e volta) Sattel-Mostelberg: 18 francos

A ponte Skywalk está aberta todo o ano.

Ponte pênsil ou ponte suspensa é um tipo de ponte sustentada por cabos ou tirantes de suspensão.

As primeiras pontes suspensa modernas, com plataformas niveladas, são datadas dos século XIX, porém existem relatos desse modelo de ponte desde o século III.

As pontes de suspensão simples, que são utilizadas por pedestres ou por rebanhos animais, são construídas de acordo com as antigas pontes de corda Incas.

Sua sucessora são as pontes estaiadas. (Texto: Wikipédia em português)

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