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Uma rainha de carnaval com tempero “suíço”

Veronice de Abreu Rodrigues, a rainha do Carnaval de Porto Alegre 2012 Prefeitura Municipal de Porto Alegre

Sorridente, esbelta e dona de uma personalidade forte e cativante: Veronice de Abreu Rodrigues, eleita a Rainha do Carnaval 2012 de Porto Alegre.

A brasileira de 28 anos viveu durante quatro na Suíça, onde acabou caindo no “samba”. Entrevista.

Formada em Turismo e Comércio Exterior, e trabalhando como tradutora de inglês, francês e espanhol, ela tem no DNA a alegria e a ginga do samba brasileiro. A esses predicados, se somam à disciplina, a seriedade e o profissionalismo. Moldados na Suíça, onde viveu por quatro anos e chegou a ser eleita Miss “Fêtes de Genève ” (Festas de Genebra). 

Ao receber o réporter de swissinfo.ch, Veronice contou que retornou ao Brasil por saudades da família e para realizar um sonho, que era concorrer a Rainha do Carnaval de Porto Alegre. No início do ano passado a Academia de Samba Praiana, uma das maiores escolas de POA, convidou-a para ser a Soberana deles. Ela viu nesse convite o caminho para realizar esse sonho.

swissinfo.ch: Você viveu quanto tempo na Suíça e aonde?  E o que te motivou a essa experiência? 

Veronice Rodrigues: Morei na Suíça de 2007 ao início de 2011. Vivi por três anos em Genebra e depois numa pequena cidade na fronteira suíço-francesa chamada Divonne-Les-Bain. Eu conheci um suíço quando residia em São Paulo, em 2005. Ele morava no Rio de Janeiro. Ficamos namorando por um ano, na ponte aérea Rio-São Paulo. Daí, quando terminei os meus estudos em São Paulo, onde também era modelo, decidi viver com ele no Rio, onde ficamos até o final de 2006.

swissinfo.ch: Chegaste a conhecer a Suíça nesse período de namoro ou só quando mudaste? 

V.R.: Durante o namoro fui à Suíça algumas vezes, sempre a passeio e para conhecer a família e os amigos dele, que eram de Zurique. Adorei as pessoas e o estilo da cidade, o que até foi surpreendente. As informações que eu tinha falavam de um povo mais frio e distante no trato. Lembro que teve um amigo do meu namorado que me recepcionou na casa dele com uma camiseta do Brasil, num gesto de carinho e afeto. Fizeram até churrasco pra mim, para que eu pudesse me sentir em casa. E fui também a uma festa que adorei e achei fantástica, a Street Parade, no Lago Zurique, que ocorreu justamente no período em que estávamos lá.

swissinfo.ch: lsso aguçou a vontade de ficar? E como ocorreu a mudança em definitivo para a Suíça? 

V.R.: Sim, mas retornamos ao Brasil, onde ficamos mais um ano. Ao final de 2006 ele recebeu uma proposta para voltar à Suíça e trabalhar em Genebra. Como eu já tinha ido ao país e estudado um pouco de francês na Aliança Francesa, em São Paulo, pensei que era uma boa oportunidade de experimentar, até porque o meu namorado estava há três anos no Brasil e desejava voltar. Ele foi em fevereiro de 2007 e eu cheguei em março desse mesmo ano, logo depois de terminado o Carnaval no Brasil.

swissinfo.ch: E como você ocupou seu tempo no país? Estudos?

V.R.: Fiz uma formação na “École de Commerce”, uma espécie de faculdade de Comércio Exterior onde estudei das 8h às 18h por três anos. Aprendi, por exemplo, a criar sites e muito sobre economia, direito comercial e contabilidade, algo que eu tinha pouca ou quase nenhuma formação e que me ajuda até hoje a administrar a minha vida e a minha pequena empresa, pois eu mesma elaboro meus contratos. Essa formação me dá tranquilidade quanto aos futuros trabalhos que fujam ao artístico.

swissinfo.ch: E fostes fazendo amigos? 

V.R.: Sim, um processo natural de aproximação. Fui começando a conhecer pessoas e saber mais da cultura local, com as coisas melhorando. Porém, ao mesmo tempo em que eu evoluía o meu relacionamento terminava, pelo fato de quase não ver o meu namorado e nossas realidades irem se tornando distintas. Findamos a relação quando faltava um ano para eu me formar. Porém, decidi que não voltaria ao Brasil, que primeiro terminaria o curso. E aí fiquei sozinha.

swissinfo.ch: A partir desse rompimento começou uma outra aventura helvética? 

V.R.: Penso que sim. Separei-me, aluguei um quarto e recomecei tudo em Divonne-Les- Bain, uma cidadezinha no território livre da fronteira de Genebra com a França, onde se pode ir e voltar. Lá vivi com uma amiga brasileira, natural do Rio Grande do Norte. Ela dançava e comecei então a conhecer e ter mais contato com brasileiros. Mas, bem antes disso, em 2007, eu havia fundado com ela um grupo de danças brasileiras chamado “Miss Samba Show”, por sugestão de outro amigo. Escolhi o nome Miss Samba Show em alusão ao período que fui a Miss Fetês de Genève.

swissinfo.ch: Fale-nos desse título? Foi logo que chegaste ao país? 

V.R.: É importante dizer que o Miss “Fêtes de Genève” tem um formato diferente, por exemplo, do concurso de Rainha do Carnaval de Porto Alegre, que me coloca em evidência por um longo período. Esse título existe há mais de trinta anos e foi criado apenas para representar as festas de Genebra, durante uns 15 dias, quando ocorrem os festejos. Depois, termina. Como era a primeira vez que uma brasileira ganhava o título, eu imaginei que a corte da festa participasse ou fosse chamada por mais tempo para outros eventos que representassem a cidade. Por outro lado, como precisava visibilizar o trabalho do Miss Samba Show, por mim mesma comecei a vender o Miss Samba Show, mas sem atravessar com as responsabilidades e agenda do Miss “Fêtes de Genève “. O slogan era simples: “Você quer uma Miss no seu show? Então contrate a Miss Samba Show”.

swissinfo.ch: E como repercutiu o grupo na Suíça? 

V.R.: Houve muita surpresa, mas interesse. A grande maioria das pessoas não estava acostumada a escutar samba ou ver mulheres sambando de um jeito artístico. E nesse aspecto, é bom frisar, sempre evitei a coisa da roupa decotada em excesso. Sempre procurei me apresentar com muitas plumas e brilhos, até porque, inicialmente, eu era a Miss “Fêtes de Genève” e tinha que manter uma postura profissional com a titulação. Nesse período eu já me inseria em festas, encontros, quermesses e qualquer junção de brasileiros e estrangeiros. Deixava cartinhas de visitas, cartões, cartazes e chamava as pessoas para reuniões, onde explicava o projeto e formava a equipe de trabalho. Quando tinha contrato, nos juntávamos e apresentávamos.

swissinfo.ch: E qual o legado suíço na tua vida? 

V.R.: Aprendi muito com a pontualidade, disciplina, responsabilidade, com a seriedade e até com a burocracia suíça, requisitos que no Brasil nem sempre tem o mesmo valor. Essa atitude de ser mais sério, correto, de respeitar contratos e combinações. Nisso eu me adaptei muito à Suíça e evoluí profissional e pessoalmente. Adquiri credibilidade, mesmo sendo uma mulher jovem.

swissinfo.ch: E como o Carnaval entrou na tua vida? O que representa esse título numa das maiores cidades brasileiras? 

V.R.: Comecei a desfilar com oito anos de idade levada pela minha mãe, que foi passista de Escola de Samba. Depois disso desfilei a vida inteira, menos nos anos em que estava na Suíça estudando, visto que o período de férias lá é diferente do brasileiro. Em Porto Alegre passei pela maioria das escolas e em São Paulo desfilei para a Vai-Vai. No Rio de Janeiro fui passista da Portela de 2006 a 2007. Simplesmente amo o Carnaval, o que significa que o caminho trilhado é natural, é uma paixão. Preparei-me para isso e antes da noite de escolha do concurso de Porto Alegre, por cerca de um mês, cuidei da alimentação e intensifiquei as aulas de dança e de musculação. Preocupei-me também em aprender mais sobre etiqueta, passarela e postura para ter mais segurança na final. A minha estética, o samba no pé e a desenvoltura também foram importantes, foram decisivos na conquista desse título e na oportunidade de representar a minha cidade na maior festa popular brasileira.

Carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C..

Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção.

Passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica em 590 d.C..

É um período de festas regidas pelo ano lunar no cristianismo da Idade Média.

O período do carnaval era marcado pelo “adeus à carne” ou do latim “carne vale” dando origem ao termo “carnaval“.

Durante o período do carnaval

havia uma grande concentração de festejos populares.

Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes.

O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX.

A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas.

Já o Rio de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo, como São Paulo, Tóquio e Helsinque, capital da Finlândia.

O carnaval do Rio de Janeiro está no Guinness Book como o maior carnaval do mundo.

Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada, da cidade do Recife, como o maior bloco de carnaval do mundo. (Texto: Wikipédia em português)

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