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Vítimas de tortura são tratadas em Genebra

A tortura atinge pessoas de todas as origens e idades. Keystone

O Hospital Universitário de Genebra e a Cruz Vermelha Suíça oferecem consultas aos refugiados que tenham sofrido algum tipo de tortura.

Não se trata apenas de cuidados físicos mas também de um acompanhamento psicológico para que as vítimas possam se integrar à sociedade.

Ante a pergunta “alguma vez já foi vítima de tortura?”, um em cada cinco refugiados na Suíça respondem pela afirmativa. É o caso de Clark, 31 anos, originário da República Democrática do Congo, que chegou em novembro de 2004 ao território helvético.

Ele foi torturado com regularidade durante os quatro anos que ficou na prisão, sobretudo com choques elétricos. Os guardas o espancavam colocavam produtos tóxicos em seus olhos. O resultado é que agora sofre de dores nas costas, sente fortes dores de cabeça e tem hipertensão arterial.

“Com freqüência, os refugiados têm mais seqüelas da violência do que de doenças tropicais”, constata o Dr. Laurent Subilia, responsável pelas consultas realizadas há várias semanas no Centro de Saúde para os Imigrantes de Genebra.

“Essa consulta não se limita a curar o corpo. Há psicólogos que ajudam os requerentes de asilo vitimados pela violência a recuperarem suas habilidades de socialização”, acrescenta o médico, membro do Conselho Internacional de Reabilitação de Vítimas da Tortura (IRCT), com sede em Copenhague, na Dinamarca.

Imagens do Iraque

a Dinamarca é pioneira no atendimento aos refugiados, que não consiste somente em detectar casos de tuberculose o vacinar contra a hepatite B. O país também propicia tratamentos coordenados a nível somático, psicológico e psicossocial.

Em Genebra, as consultas são feitas por dois médicos e dois psicólogos e é financiada pelo Hospital Universitário, pela Cruz Vermelha Suíça e pelo Fundo das Nações Unidas contra a Tortura.

“Dez anos atrás, todo mundo condenava a tortura. Atualmente, a situação não é tão clara. As imagens feitas no Iraque mostram que inclusive países democráticos como os Estados Unidos recorrem a esse gênero de violência”, lamenta Subilia.

“Mataram minha esposa e agrediram minha mãe”

As consultas no Centro de Saúde para os Imigrantes de Genebra recebem atualmente uma centena de pacientes. Não se trata somente de refugiados requerentes de asilo mas também membros de organizações civís que pedem apoio psicológico depois de terem participardo de missões especialmente difíceis.

Um dos exemplos é Serra Leoa, onde certos combatentes não exitam em mutilar braços de crianças e até de recém-nascidos.

Clark, o requerente de asilo congolês, trabalhava em um hospital de Kinshasa. Seu único erro foi ter se casado com uma ruandesa e os ruandeses são reprimidos pelo regime do presidente Kabila.

“Os soldados mataram minha esposa, minha mãe morreu de um ataque cardíaco depois de ter sido selvagelmente agredida. O restante de minha família foi forçada ao exílio e há anos não vejo minha filha, escondida por religiosas”, explica Clark.

swissinfo, Ian Hamel

18% dos refugiados na Suíça foram torturados em seus países de origem.
61% deles têm antecedentes traumáticos como guerras e outras formas de violência.

Laurent Subilia: doutor em Medicina, especialista em medicina tropical.

1988: Chefe de clínica, unidade de medicina de viagens e migrações.

1998: Consulta interdisciplinar de medicina e prevencão da violência.

2005: Consulta para víctimas de tortura e de guerra.

O Centro de Saúde para Imigrantes atende na Rua de Lyon, 89, em Genebra.

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