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Vaticano silencia mais um teólogo suíço

Hans Küng e Leonardo Boff foram "vítimas" precedentes Keystone Archive

Denunciando "erros de fé", o Vaticano suspendeu o franciscano Josep Imbach de sua função de professor em universidade católica. Vinte dois anos antes, medida semelhante foi tomada contra H.Küng.

O cardeal Josef Ratzinger, chefe da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, decidiu suspender, por um ano, o teólogo franciscano, Josef Imbach, do cargo de professor na Universidade Papal San Bonaventura, em Roma. Dois órgãos da imprensa suíça (o jornal Blick e o semanário Reformierte Presse) indicam haver “divergências” entre Ratzinger e Imbach.

Desrespeito de dogmas

O motivo avançado são “erros de crença”. Mas segundo o jornal e a revista mencionados, o franciscano demonstra não acreditar em dogmas católicos (milagre, divindade de Cristo) e descartar ou pelo menos não mencionar o nascimento da Virgem Maria e a ressurreição dos mortos.

Josef Imbach publicou cerca de uma dúzia de livros, entre eles “Wunder. Eine existenzielle Auslegung” (Milagre. Uma interpretação existencial). O franciscano, sem possibilidade de recorrer da decisão, deve parar de ensinar.

Precedentes

A decisão da Sagrada Congregação da Fé lembra que o mesmo ex-Santo Ofício proibiu, em 1979, o conhecido teólogo suíço Hans Küng de ensinar em seminários católicos. Küng (nascido em 1928), foi professor de Teologia Ecumênica na Universidade de Tubinga (Alemanha) e foi “consultor” do Concílio Vaticano II. Ele escreveu mais de 50 livros, nem todos ao gosto do Vaticano. Entre eles, o polêmico “Infalibilidade…?”, questionando a infalibilidade papal.

Vale lembrar também que o mesmo cardeal Ratzinger impôs duas vezes “silêncio obsequioso” ao franciscano brasileiro, Leonardo Boff, 63 anos, (um dos principais nomes da Teologia da Libertação). Cansado das exigências do Vaticano, Boff renunciou em 1993 às suas funções de padre, não abrindo mão de sua militância na área social e ambiental.

swissinfo com agências.

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