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Veículo elétrico ganhará as ruas

O protótipo Pálio Elétrico desenvolvido pelos suíços e brasileiros. Itaipu

A parceria que une Brasil, Paraguai e Suíça é um projeto que busca ao mesmo tempo a eficiência energética e a proteção ao meio ambiente.

Os veículos estarão brevemente nas ruas de algumas das principais cidades brasileiras.

Desenvolvido em conjunto pelas empresas Itaipu Binacional, Fiat Automóveis, Kraftwerke Oberhasli (KWO) e MES DEA, um veículo da marca Pálio Elétrico será utilizado experimentalmente pelos consulados da Suíça no Rio de Janeiro e em São Paulo e pela embaixada suíça em Brasília, provavelmente ainda este ano.

O objetivo da “visita” do Pálio Elétrico aos consulados e à embaixada é tornar mais conhecido do grande público o projeto de desenvolvimento de veículos elétricos levado a cabo por suíços e brasileiros.

A idéia é expandir a frota pelo Brasil, sobretudo a partir da aquisição de veículos por empresas públicas. A Companhia de Eletricidade de Minas Gerais (Cemig) confirmou a aquisição de quatro veículos, e o exemplo mineiro já está sendo seguido por outras empresas do setor, como Eletrobrás, Ande, Copel, Furnas, Ampla, CPFL e Light, entre outras.

A parceria entre a Itaipu e a KWO nasceu em 2005 com a assinatura de um Termo de Cooperação Tecnológica entre as duas empresas que envolvia questões relacionadas à gestão de usinas hidrelétricas: “Não estava previsto o desenvolvimento de tecnologias fora do escopo das hidrelétricas. Somente após o sucesso de outras ações conjuntas foi que, em maio de 2006, houve a ampliação do escopo da cooperação, sendo assinado o convênio para o desenvolvimento do Projeto Veiculo Elétrico”, afirma Celso Novais, coordenador-geral brasileiro do Projeto Veículo Elétrico.

No projeto, explica Novais, foram incluídas ações de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia na área de meios de transportes movidos à eletricidade que fossem técnica e economicamente viáveis e ambientalmente corretas: “O Projeto VE é muito importante, pois permite à Itaipu mais uma ação para promover a preservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais, o que é essencial para o planeta”.

O caráter ambiental do projeto também é ressaltado pela KWO: “Estamos empenhados em um projeto que cabe no conceito de desenvolvimento sustentável. A KWO e a Itaipu têm a mesma maneira de pensar a questão ambiental, estamos em busca de soluções que afetem menos o meio ambiente”, afirma Gianni Biasiutti, dirigente da empresa suíça.

Sintonia

A sintonia entre Itaipu e KWO é fundamental para o sucesso do projeto, afirma Novais: “As expertises suíça e dos técnicos da Usina de Itaipu se complementaram na execução de ações conjuntas. Neste contexto, a Itaipu prestou serviços em sua área de especialização à KWO e também recebeu suporte técnico da KWO em outras áreas, sendo predominante o suporte da KWO no Projeto VE, que começou na Suíça e depois foi ampliado para a Itaipu”.

Novais cita ainda a importância de outra empresa suíça: “A base do Projeto Veículo Elétrico veio da empresa suíça MES DEA, que nos forneceu seus conhecimentos e produtos para viabilizar a montagem de nossos protótipos.

A KWO teve um papel importantíssimo na identificação do parceiro MES DEA, pois realizou pesquisa do estado da arte em veículos elétricos a nível mundial, identificando com imparcialidade o potencial técnico da MES DEA, que se tornou nossa parceira na Europa”.

Linha de montagem

A linha de montagem do Pálio Elétrico fica no Galpão 5 da Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), onde funciona o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Movidos a Eletricidade. A Fiat fornece o “kit mecânico”, composto por chassi, suspensão e carroceria, entre outros componentes.

A Itaipu fornece o “kit eletroeletrônico”, formado por motor elétrico, bateria e módulo de tração, entre outros componentes. A capacidade atual de produção é de quatro carros por mês.

A principal preocupação dos pesquisadores na linha de montagem do carro elétrico é elevar a autonomia das baterias, que atualmente é suficiente para pouco mais de cem quilômetros: “A eficiência da bateria ainda precisa melhorar, mas isso é uma questão de tempo”, afirma Gianni Biasiutti, enaltecendo mais uma vez a parceria com o Brasil: “Estamos desenvolvendo um projeto de transferência de tecnologia para a produção de baterias”.

Novo mercado

Com a correção deste e de outros detalhes, como preço e velocidade, o objetivo é tornar o carro elétrico uma opção viável para o mercado: “Os veículos elétricos ainda necessitam de alguns aperfeiçoamentos para atenderem plenamente as demandas de mercado e se tornarem competitivos como os veículos convencionais. O principal problema está no preço e na autonomia”, pondera Celso Novais.

O brasileiro, no entanto, afirma acreditar que o desenvolvimento deste novo mercado está próximo: “Estamos fazendo diversas pesquisas para vencermos estes obstáculos, e não estamos sozinhos, pois em diversos países existem ações e projetos com objetivos similares. Neste momento, no Brasil acreditamos que, pela alta eficiência dos VE´s e pelos benefícios ambientais, as empresas do governo podem e devem usar estes protótipos para patrocinar as pesquisas e desenvolvimentos necessários para sua viabilidade econômica”.

Biasiutti, por sua vez, acredita que tudo é questão de dar tempo ao tempo: “O futuro do trânsito de pessoas será os veículos elétricos. Dirigir ou estar em um veículo elétrico será mais prazeroso do ponto de vista físico e mais correto no aspecto ambiental.

Quando plenamente desenvolvido, o motor elétrico terá torque máximo em todos os seus estágios, ao contrário dos motores convencionais. O carro elétrico é o futuro das ruas”.

Maurício Thuswohl, swissinfo, Rio de Janeiro

No dia 16 de julho, os cônsules da Suíça no Rio de Janeiro, Roland Fischer, e em São Paulo, Hans Hauser, estiveram em Foz do Iguaçu (PR) para conhecer a linha de montagem do veículo elétrico. Foram recebidos pelos coordenadores do Projeto Veículo Elétrico, Celso Novais (Brasil) e Jorge Ferreira (Paraguai), que deram explicações sobre o desenvolvimento do projeto. Os diplomatas suíços também conheceram a linha de produção do caminhão elétrico, próxima novidade que deve sair do Galpão 5 da Usina de Itaipu.

Além do projeto de produção de veículos elétricos desenvolvido em parceria com a KWO, a MES DEA e a Fiat, a empresa Itaipu Binacional já iniciou parcerias similares com grandes empresas estatais brasileiras, como a Petrobras e a Eletrobrás. Segundo Celso Novais, o objetivo é fazer com que a produção de veículos elétricos gere emprego e renda no Brasil, além de estimular a criação de empresas regionais para atender à demanda dos projetos.

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