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Venda da Swiss é retratada como fatalidade

Na falta de comentários entusiastas, os chargistas deram o tom nos jornais desta quarta-feira. swissinfo.ch

Os jornais comentam sem entusiasmo a venda da companhia suíça Swiss para a alemã Lufthansa.

Para a imprensa, não havia outra alternativa para a Swiss, uma empresa cheia de dificuldades. Mas os comentaristas também criticam os erros do passado.

Depois da falência da Swissair e dos 3 bilhões de francos investidos na sucessora Swiss, o jornal Le Matin, Lausanne, encontrou uma só frase para a partida da companhia suíça para Francfurt, sede da Lufthansa: “Já vai tarde”. Doravante Suíça mais Swiss é igual a dois, escreve o jornal.

Outros jornais em francês são mais moderados. O Le Temps, de Genebra, julga que, do ponto de vista financeiro, a compra da companhia nacional pela Lufthansa é eqüitativa. Para o jornal, caberá à empresa alemã assumir os riscos industriais de Swiss.

Como a maioria da imprensa, o jornal de Genebra fala das numerosas incertezas ligadas a essa aquisição. As principais são o futuro do aeroporto de Zurique (Unique Airport) e o desenvolvimento da companhia dentro da Star Aliance. No final, as regras do mercado é que vão decidir, conclui o Le Temps.

Reestruturação

Para o aeroporto de Zurique, o futuro não parece tão brilhante frente ao de Francfurt e o de Munique, advertem o Impartial, de La-Chaux-deFonds e o L’Express de Neuchâtel. Essa aquisição para uma operação de “salvamento de última hora”, afirma o Novelliste, de Sion.

“O que Swiss não ousou ou não tive tempo de fazer para sair de sua lenta agonia, Lufthansa vai fazer sem qualquer sentimento”, afirma o jornal de Sion. As leis do mercado vão impor uma reestruturação que terá conseqüências, cedo ou tarde, para os aeroportos de Zurique e Genebra”, prevê o Novelliste.

O Quotidien jurassien questiona a classe política. “A venda de Swiss é um fracasso para a Suíça. Apesar dos recursos financeiros investidos, a Suíça não esteve à altura de vencer esse desafio”, afirma o jornal. Lembremos que o governo federal detém 20% da Swiss, tendo investido quase 3 bilhões de francos em sua criação.

O “Quotidien jurassien” opina que o “fracasso de Swiss deve provocar reflexões. Ele interpela o país e sua capacidade de conseguir aliados num mundo cada vez mais interdependente.”

O 24Heures , de Lausanne, vai mais além e faz um paralelo entre o destino da companhia aérea e o isolamento («l’Alleingang», em alemão) da Suíça na Europa e no mundo. «A cruz branca vai ficar nas asas dos aviões mas as decisões serão tomadas alhures”, afirma o redator-chefe. Assim será, se persistirmos em nosso isolamento formal, com nossa soberania nacional”, conclui o “24 Horas”.

«Única solução razoável»

Na parte alemã da Suíça, a imprensa mostra-se aliviada com a venda da companhia aérea, embora com reservas. É o caso da Berner Zeitung, da capital. «Os que pensam com a razão e não com a barriga poderão conviver com essa solução porque a companhia alemã abre novas perspectivas para Swiss”.

Em Zurique, o Tages Anzeiger escreve que a “venda para a Lufthansa era a única solução razoável”. O jornal diz que o povo – que rejeitou o Espaço Econômico Europeu, em 1992 – também tem sua parte de responsabilidade na deterioração das condições da aviação civil.

Ainda em Zurique, capital econômica do país, a Neue Zürcher Zeitung afirma que a justiça poderá pedir a prestação de contas sobre os erros cometidos. O jornal critica principalmente a falta de garantias políticas acerca do aeroporto de Zurique.

“Poderíamos ter medido o sucesso ou o fracasso do governo (Conselho Federal) com as melhorias concretas no aeroporto de Zurique muito mais do no preço de venda da Swiss”, conclui o jornal.

Promessas, promessas

Mais incisivo sobre a questão da venda da companhia suíça, o Blick
lembra que durante três anos, o governo excluiu essa possibilidade. “Até onde os políticos e os empresários têm o direito de fazer promessas em total impunidade?” questiona o jornal popular, também de Zurique.

O Thurgauer Zeitung e o Bund de Berna destacam que nada garante o sucesso da Swiss dentro da companhia alemã. A esperança não pode esconder as incertezas quanto ao futuro da marca Swiss nem sobre seu papel dentro da galáxia Lufthansa.

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