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África do Sul começa a Copa 2010 com empate

Show de abertura da Copa combinou tradições com modernidade da África. Keystone

O primeiro Mundial de futebol na África começou com um show de cores, música e tradições do continente. Na partida de abertura, a África do Sul empatou com México (1 a 1).

A Suíça, que participa pela nova vez de uma Copa do Mundo, estreia no torneio na próxima quarta-feira (16/6) contra a Espanha, campeã europeia e favorita ao título na África do Sul.

Mais de 90 mil torcedores assistiram à colorida e descontraída festa de abertura, no estádio Soccer City, em Joannesburgo, que misturou tradição com modernidade sob o slogan “Bem-vindos ao berço da humanidade”.

No total, 1.580 figurantes de toda a África participaram do show que, segundo o presidente da Fifa, Joseph Blatter, deu início ao “maior espetáculo do mundo”. Na tribuna de honra, o Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu dançou descontraidamente.

O grande ausente da festa foi Nelson Mandela, que cancelou sua vinda por causa da morte de uma bisneta em acidente de trânsito, quando ela voltava do concerto de abertura da Copa, realizado na quarta-feira à noite em Soweto.

“Melhor Copa de todos os tempos”

“Será a melhor Copa de todos os tempos”, disse poucos dias antes da abertura o presidente da Fifa, Sepp Blatter, ao receber do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, a “Order of the Companions of OR Tambo”, a distinção máxima para um cidadão no país africano.

As próximas semanas vão mostrar se Blatter, que se empenhou pessoalmente para levar o primeiro Mundial à África, tem razão e consegue calar os céticos, principalmente no que diz respeito à logística e à segurança.

Vinte anos após o fim do apartheid, a “nação arco-íris” não deixa dúvidas de que recebe o mundo de braços abertos e que o torneio, pelos em termos de hospitalidade, o torneio será um sucesso.

Blatter prometeu ajudar a África com esta Copa. Os números do maior evento esportivo de todos os tempos são gigantescos. Segundo a agência alemã de notícias esportivas SID, a Fifa estima os custos da Copa 2010 em 1,2 bilhão de euros.

Deste total, cerca de 800 milhões de euros foram cobertos pela entidade máxima do futebol mundial. Sem contar 110 milhões de francos de ajuda concedidos na fase final dos preparativos ao Comitê Organizador do Mundial na África do Sul.

A generosidade da Fifa, no entanto,pode ser relativizada, considerando-se que ela prevê receitas de 2,6 bilhões de euros. Só a venda dos direitos de transmissão dos jogos pela televisão rendem 1,6 bilhão de euros à organização.

A Fifa, porém, também, se mostra generosa com seus membros. Somente por sua participação na primeira fase, a Associação Suíça de Futebol receberá 8 milhões de francos. A equipe que se sagrar campeão em 11 de julho receberá 20,6 milhões de euros.

Pesados investimentos

Segundo a SID, a África do Sul investiu cerca de 28 bilhões de euros em obras relacionadas direta ou indiretamente ao evento, entre elas, a ampliação das redes rodoviária e ferroviária – uma infraestrutura que beneficiará a população também depois do Mundial.

Economistas estimulam que o Mundial possa dar um impulso extra de 0,2% a 0,4% do produto interno bruto sul-africano, ou seja um acréscimo de 5 a 10 bilhoes de euros.

O governo em Pretória prevê um aumento de 2,4 bilhões de euros da arrecadação de impostos graças à organização da Copa e diz que o megavento gerou 415 mil novos empregos.

A receita adicional será bem-vinda ao tesouro público, que investiu 5 bilhões de francos só na construção, renovação ou ampliação dos estádios. Além disso, a África do Sul espera um novo impulso para o turismo, um dos pilares de sua economia.

“Agora vem a sobremesa”

Para a Suíça, a Copa 2010 começa de verdade na próxima quarta-feira, na estreia contra a Espanha, no Grupo H. Nesta sexta-feira, a presidente do país, Doris Leuthard, visitou a esquipe na concentração em Vanderbijlpark, cidade de 200 mil habitantes nas proximidades de Joanesburgo.

No final do treino, ela entregou a cada integrante da delegação da seleção uma garrafa como os “Entregue pela presidente Doris Leuthard”. “É um sinal de que a população suíça os apoia. É um incentivo, mas o desempenho em campo depende de vocês”, disse Leuthard sobre o presente.

Ela lembrou que, há quatro anos, também visitou a seleção na Alemanha e, “naquela Copa, a equipe jogou bem”. Leuthard disse que a classificação da Suíça para o Mundial já foi um sucesso. “Agora vem a sobremesa. Naturalmente vamos estar diante da TV e torcer”, disse.

Leuthard elogiou o país anfitrião da Copa. “Os sul-africanos cumpriram até agora tudo o que prometeram. Isso não é óbvio para um país com uma taxa de desemprego de 25% e pouca mão de obra bem qualificada.”

A presidente assistiu ao jogo de abertura entre a África do Sul e o México, no estádio Soccer City, em Joanesburgo, antes de embarcar de volta à Suíça.

África do Sul 1 x 1 México

O Mundial que celebra a igualdade começou com um empate em 1 a 1 entre os anfitriões sul-africanos e os mexicanos. Após um primeiro tempo fraco, com raros lances de área, Tshabalala abriu o placar com um golaço no contra-ataque aos 10 minutos da etapa final.

Os mexicanos igualaram o marcador através do zagueiro Rafael Márquez, aos 34 minutos do segundo tempo, após um cochilo da defesa sul-africana, que parecia já estar sonhando com a vitória.

Gols, velocidade e dramatismo – o segundo tempo valeu o ingresso dos torcedores. Os mexicanos dominaram os 45 minutos iniciais, os donos da casa, a última etapa. O time da casa cresceu sob o som ensurdecedor das vuvuzelas e quase teve um final feliz, quando Mphela mandou a bola na trave, aos 45 minutos do segundo tempo.

O empate abafou um pouco a empolgação da torcida sul-africana, ciente de que os próximos dois adversários da Bafana Bafana no Grupo A não são mais fáceis do que o México: o Uruguai e França, campeões mundiais e adversários na segunda partida da Copa.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, tem reiterado que sua intenção ao escolher a África do Sul para sediar a Copa do Mundo 2010 foi ajudar a África, um argumento que é visto com ceticismo pela mídia.

Em entrevista ao jornal suíço Blick.ch, em janeiro deste ano, Blatter foi perguntado se não foram simplesmente os votos africanos para sua eleição em 2007 que o transformaram em “amigo da África”.

Resposta de Blatter: “Que absurdo! Na primeira eleição, em 1998, em Paris, a África votou majoritariamente em Lennart Johansson, e na segunda eleição, em Seul, em 2002, a África até teve um candidato próprio. Na terceira vez, em Zurique, em 2007, não houve candidato de oposição.”

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