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Projetos de integração oferecidos pelo governo suíço ajudam a melhorar qualidade de vida no país

Mulher posando para o fotógrafo
Sabine Graser: "É bom sair um pouco do grupo de nacionalidade própria." swissinfo.ch

Uma boa dica para quem chegou à Suíça é procurar a prefeitura da sua cidade ou vilarejo e perguntar sobre os programas de integração. 

Vale pesquisar na página de internet também. Existe uma infinidade de iniciativas, que vão desde aulas de bicicletaLink externo, passando por entrevistas personalizadas com o Departamento de Migração e IntegraçãoLink externo, até eventos e cursos de Boas Vindas.

Muitos residentes infelizmente não tomam conhecimento dos projetos por serem disponibilizados na língua do país de acolhida, o que dificulta a procura ou participação para quem não domina o idioma. Outra razão para a não adesão deve-se aos discretos anúncios do governo ou falta de tempo e disposição.

Artigo do blog “Suíça de portas abertas” da jornalista Liliana Tinoco Baeckert.

Nesse artigo, são citados apenas algumas boas ideias. Obviamente existe uma infinidade de projetos interessantes por todo o país, organizados também por pessoas comuns e muitas vezes voluntárias. Infelizmente a jornalista não daria conta de tomar conhecimento de todos, além da falta de espaço para menciona-los. Por isso fica a dica: procure por eventos relativos à integração e não se feche para o contato direto com suíços. É importante frequentar grupos de brasileiros e de portugueses, além de eventos organizados por pessoas de outras nacionalidades.

Para driblar o obstáculo da informação, a cidade de BadenLink externo, por exemplo, oferece já na inscrição obrigatória de moradia, uma hora de uma conversa com a família sobre questões da vida no país e na região. O bate papo é conduzido por um funcionário do departamento de Integração e segue alguns passos. O primeiro é dar as boas-vindas. Depois fala-se sobre a importância de se aprender a língua local, com opções de cursos de alemãoLink externo. Os participantes também são informados sobre questões do dia a dia, como creches, centros Familiares, escolas, bibliotecas, compras, trânsito e tempo livre, além de especialidades culturais, como valores e hábitos suíços. A cidade de GrenchenLink externo também oferece esse tipo de serviço.

Como a identidade dos participantes é protegida, a reportagem da Swissinfo.ch não teve acesso a nomes e não pode entrevistar participantes. É fácil imaginar, entretanto, o quanto ações como essas podem ajudar. O Escritório para Estudos de Trabalho e Política Social Bass (em alemão Büro für Arbeits und Sozial Politische StudienLink externo) realizou estudo para avaliar a receptividade da promoção da integração por meio de conversas no cantão de Zurique em 2016. Pode constatar que o interesse nesse tipo de oferta é grande. Dos entrevistados, 80% disseram que eles gostariam de participar de uma conversa para entender melhor como é a vida no novo local.

Mas não é necessária pesquisa para comprovar os benefícios de uma boa acolhida. Qualquer novo morador gosta de se sentir bem-vindo. É humanamente compreensível, principalmente quando se trata de estrangeiros chegando a uma terra diferente.

Outra boa iniciativa oferecida pelo boverno é o curso Bem-Vindo a ZuriqueLink externo, oferecido pela cidade em diversos idiomas, inclusive em português. Trata-se de uma iniciativa arrojada e única; os outros cantões disponibilizam informações em pdf em suas páginas de internet.

Os programas são desenhados para diversos tipos de públicos, com necessidades variadas. Há encontros voltados para migrantes acima dos 55 anos, como o Café Santé Baden. Durantes os encontros, as mulheres são convidadas a discutirem sobre temas relativos a saúde, alimentação, seguro saúde e outros que tenham relação com quem já passou dos 50 anos.

Para Sabine Graser, integração é encontro

À frente do Departamento de Integração da cidade de BadenLink externo (no cantão de Argóvia) há muitos anos, Sabine Graser lida com a questão migratória desde criança. Aos nove anos, teve que se mudar da Holanda para a Suíça e lidar com os dilemas da integração. Insatisfeita e triste por ter que deixar o seu país e amigos, a menina conta que escreveu para a rainha da Holanda e contou a injustiça a que estava sendo submetida: sair do país e ir morar em um lugar estranho, onde ela não dominava o idioma e não conhecia ninguém.

– Eu senti na pele, ainda que criança, o que é chegar em uma nova sociedade e me sentir perdida. Hoje, naturalmente, agradeço aos meus pais por me permitirem ter livros didáticos da Suíça naquela época e, assim, aprendi muito bem o alemão antes da mudança. Mas eu estava então tão infeliz que meus pais consideraram seriamente se não deviam voltar! Os professores da escola e as pessoas da vizinhança, que se aproximaram de mim abertamente e sem preconceitos, acabaram por me ajudar. Então, eu acho que esse interesse em integração pode ter sido trazido para a minha vida – conta Sabine.

No Departamento de Integração em Baden, Sabine Graser vai além de liderar projetos e eventos de networking ligados ao tema. Ela está sempre aberta a novas ideias e também cria seus próprios programas ligados ao assunto. O coral WorldCHOR BadenLink externo é um exemplo. Foi fundado por ela em 2016, tornou-se uma Associação no ano passado e hoje conta com cerca de 90 participantes, representantes de mais de 20 nações, com idades que variam entre 20 a 85 anos.

De acordo com Graser, o coral possibilita encontros musicais e culturais. Tem no seu repertório músicas de vários países e todos são convidados e estimulados a cantar em vários idiomas. “Além de divertido, é uma ótima oportunidade criar uma rede de contatos diferente, com pessoas que moram próximas, mas que vêm de diferentes lugares do mundo. É bom sair um pouco do grupo de nacionalidade própria”, explica. Sinal de que a integração está se encontrando.

Alguns projetos de integração

HeksLink externoIdade e MigraçãoVoltado para idosos, organiza eventos sobre temas como a chegada da aposentadoria, a Terceira Idade, saúde etc
IBK BadenLink externoMentores de jovensAjuda jovens a superarem desafios de separação da família no país de origem, saudade, orienta quanto ao novo sistema escolar
Hallo AargauLink externoPara todos que se mudarem para Aargau 
Mukki DeutschLink externoCursos de alemão para mulheres com serviço de baby-sitter para crianças 
ProveloLink externoPara todosPara quem não sabe andar de bicicleta
Femmes Tisch na SuíçaLink externoPara mulheres migrantes (em língua portuguesa)Reuniões em língua portuguesa para falar sobre questões ligadas alimentação, ginástica, educação dos filhos, sistema educacional e diversos outros temas
Mamães na SuíçaLink externoPara mães e pais de língua portuguesa na SuíçaGrupo de acolhimento: promove eventos,
CEBRAC ZuriqueLink externoServiços de informação e apoio à comunidade de língua portuguesa na Suíça. 
Migração em DebateLink externoProjeto social de acolhimento a migrantes de língua portuguesa na SuíçaPalestras e workshops sobre o tema migração são oferecidos aos participantes
WeltCHORLink externoPara todas as idades e nacionalidadesCoral em Baden – o grupo canta canções do mundo inteiro. Integração pela música
Coral Canta BrasilPara brasileiros e portuguesesCoral em Baden – informações no CEBRAC

 

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