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Afro-suíços são candidatos às eleições de outubro

Candidatos a deputado federal em frente ao palácio do governo Keystone

Uma dezena de suíços de origem africana, de diversos partidos, são candidatos a deputado federal nas legislativas de 21 de outubro.

Sete deles explicaram à imprensa, em Berna, suas posições e o que pretendem defender se forem eleitos para a Câmara Federal.

Com o tema “criar as bases de uma confiança recíproca”, candidatos de origem africana nas eleições de 21 de outubro convocaram uma coletiva à imprensa para expor seus programas e reagir a cartazes de conotação racista espalhados pelo maior partido suíço, a União Democrática do Centro (UDC).

Suíços porque diferentes

“Somos suíços porque somos diferentes e este país foi construído sobre as diferenças cantonais, culturais, lingüísticas e tantas outras”, afirmou Alpha Dramé, membro da Assembléia Municipal de Genebra e candidato a deputado federal pelo Partido Verde. “O ambiente rancoroso da campanha ofusca o debate das verdadeiras questões urgentes como as mudanças climáticas e a luta contra o CO2”, acrescentou Dramé.

Ricardo Lumengo, de origem angolana, deputado estadual no cantão de Berna, afirmou que as pessoas “ainda não estão habituadas a ver africanos na política suíça, mas estamos aqui justamente para defender a tolerância”. Candidato a deputado Federal, Lumengo advertiu para o risco de excesso de entusiasmo da comunidade africana.

De refugiado a político

Lumengo veio de Angola como refugiado e militou na Suíça durante dez anos pelo fim da guerra e a democracia em seu país de origem (ouça os áudios na coluna à direita). Estudou direito, integrou-se, obteve a nacionalidade e achou que deveria se engajar na política suíça “porque aqui também há problemas sociais”, explicou a swissinfo.

“Devemos abrir portas e devemos servir de exemplo para que outros suíços de origem africana que ainda hesitam a entrar em política”, afirmou Nathalie Fellrath-Owanga, deputa estadual socialista em Neuchâtel.

Membro da Assembléia Municipal em Zurique, Andrew Katumba, disse que a Suíça “não está nas trevas” (como afirmou recentemente o jornal inglês The Independent) mas um país de tolerância, respeito mútuo e de imigração”. Disse ainda que “a população estrangeira está cansada de ataques verbais xenófobos” e que, se for eleito, trabalhará por uma verdadeira lei de integração dos estrangeiros.

O mais importante é a formação

Serge Segbo, do Partido Democrata Cristão, destaca que “defende uma Suíça próspera mas solidária, respeitando as diferenças”. Para ele, o essencial é defender a formação dos jovens, inclusive nas famílias menos favorecidas. Segbo sabe do que fala, pois é doutor em informática pela Politécnica de Lausanne.

O socialista Carl-Alex Ridoré explicou que os afro-suíços não se interessam apenas pelas questões de imigração e sim por todos os outros problemas enfrentados pelos suíços. Deputado estadual em Fribourg, ele disse que nunca realçou a cor da pele em suas campanhas anteriores mas sua experiência e competência.

“Quer os políticos conservadores queiram ou não, a Suíça terá de continuar vivendo com o fenômeno da imigração que é parte da globalização”, afirmou a ecologista Felicienne Villoz Lusamba Muamba, candidata a deputada federal. Ela trabalha na área social e diz que a Suíça “precisa de uma nova lei de imigração”.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

Vários candidatos aderiram a essa campanha interpartidária: Félicienne Villoz Lusamba Muamba, vereadora em Bienne (socialista), Nathalie Fellrath-Owanga, deputada estadual em Neuchâtel (socialista), Ricardo Lumengo, vereador em Bienne e deputado estadual em Berna (socialista).

Carl-Alex Ridoré, deputado estadual em Fribourg (socialista), Andrew Katumba, vereador em Zurich (socialista), Mandu dos Santos Pinto (Partido Verde, Zurique), Serge Sagbo (democrata cristão) e Alpha Dramé, vereador em Genebra (Verde).

Um autro suiçode origem africana – Antoine Vonnez – é candidato pelo Partido Evangélico Suíço PEV). De origem argelina, Ali Benouari é candidato pelo le Parti Libéral. A Neuchâtel, le PEV Liliane Grimm, de origem africana, também é candidata pelo PEV.

Questionado por swissinfo, a União Democrática do Centro (UDC) informou que tem três candidatos da África do Sul e um da Nigéria e que os quatro são suíços do estrangeiro. O partido indicou que também tem candidatos originários dos Bálcãs e da Itália.

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