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Basiléia rememora 650 anos do grande terremoto

O terremoto de 1356 visto por um artista do século XIX. Keystone

Uma das marcas do maior terremoto que sacudiu a europa central no século XIV está na catedral de Basiléia.

Mais do que um dos pontos turísticos da cidade, a Münster mostra a rachadura deixada pelo abalo reforçada com estruturas de metal em uma de suas paredes, capazes de manter um dos patrimônios da cidade – bem próximo do Reno.

A tragédia ocorreu há 650 anos e será relembrada na igreja. A peça “Basiléia”, em cartaz no teatro de Basel, também aborda o tema.

O terremoto causou grandes danos à cidade. De acordo com alguns registros, os primeiros sinais foram sentidos no horário do jantar do dia 18 de outubro de 1356. Três horas depois, o abalo sísmico mostrou sua força e cerca de 40 castelos teriam sido destruídos, assim como torres e igrejas em um raio de 200 quilômetros.

A intensidade estimada teria sido de 6.5 na escala Richter, considerada capaz de causar sérios danos. A escala, desenvolvida em 1935 pelos sismólogos Charles Francis Richter e Beno Gutenberg, é graduada de 1 a 9.

Assim, um terremoto inferior a 3,5 graus é apenas registrado pelos equipamentos, mas alguns danos podem aparecer quando o sismógrafo marcar de 3,5 a 5,4. Entre 5,5 e 6 deixam danos em edifícios mal construídos, enquanto um terremoto que fique entre 6,1 e 6,9 pode devastar uma área de 100 quilômetros. Acima de 7 pontos a área devastada será maior.

Estudos de como evitar uma nova catástrofe

A catástrofe que destruiu a cidade tem sido objeto de estudo dos pesquisadores. Mais do que entender e explicar o que ocorreu, os cientistas tentam acompanhar os movimentos para tentar evitar que algo parecido aconteça novamente.

Há cinco anos, investigadores do Instituto de Geofísica de Zurique, da Universidade de Basiléia e da Universidade de Estrasburgo conseguiram localizar o ponto exato de onde ocorreu o terremoto. A zona teria sido afetada por três rupturas sucessivas, que teriam provocado um movimento de elevação da superfície de 1,8 metros durante os últimos 8500 anos.

De acordo com as pesquisas, as falhas começam nas montanhas do Jura, ao sul de Basiléia, prolongando-se por 8 quilômetros. A falha se encontra ativa, mas os especialistas acreditam que Basel não voltará a sofrer um terremoto com as mesmas características neste século.

Hipóteses de trabalho

Dados federais mostram que os riscos na Suíça são de moderados a baixos. Os especialistas trabalham com a hipótese de um terremoto de 5 pontos a cada 10 anos e com a de um com magnitude 6 a cada 100 anos. Os números já têm sido calculados em francos. De acordo com os especialistas, um abalo de 5.5 a 6 pode significar gastos de 7 bilhões. Enquanto um abalo de mais de 6 pontos chegaria a danos de 40 bilhões de francos.

As autoridades federais responsáveis pela prevenção de riscos geológicos têm recomendado cuidados especiais, principalmente na construção de edifícios. De acordo com o Dr. Olivier Lateltin, menos de 100 prédios em Basiléia estão dentro das regras de construção preventivas, estabelecidas desde de 2003.

As novas normas não devem encarecer as obras. Segundo Lateltin, o importante é que arquitetos e engenheiros trabalhem juntos no projeto. Ele estima que os modernos métodos acarretem custos de 0,5 a 2% nas obras.

Os sistemas de proteção significam sobrevivência nos países localizados geograficamente em áreas propensas a terremotos. O Japão é um deles. Não são poucas as histórias de pessoas que sentem os prédios balançarem como se estivessem sendo embalados por um imenso joão-bobo. É que os edifícios dispõem de sistemas especiais, capazes de acompanhar os abalos sísmicos – e de proteger as pessoas.

Swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia

Basiléia organiza vários eventos para remomorar o terremoto de 18 de outubro de 1356.

Uma conferência de especialistas em economia, seguros e do mundo político discutirá a reação atual se uma catástrofe dessa amplitude se repetisse.

Esta noite haverá uma cerimônia religiosa na catedral de Basiléia.

A ameaça sísmica na Suíça é considerada moderada a média. As zonas de maior risco são o cantão do Valais, Basiléia, o vale do rio Reno e os cantões de St-Gallen e Grisões.

Situada no centro da Europa, a Suíça encontra-se na borda da placa tectônica eurásia. O limite dessa placa – na zona de atrito com a placa africana – segue a linha dos Alpes.

Por outro lado, Basiléia situa-se no centro da chamada “falha do vale do Reno”, aberta na crosta terrestre há 30 milhões de anos, quando houve a fratura do continente eurásio, com uma linha que vai do Mar do Norte até a Suíça.

Em caso de seísmo, os especialistas temem, além das próprias conseqüências do terremoto, uma espécie de mini maré causando desmoronamento do solo nos lados e nos reservatórios de água do país.

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