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Fórum Social Suíço é fruto de Porto Alegre

Debate no FSS com a presenta de Chico Witaker (segundo da esquerda para a direita) e Samir Amin (primeiro à direita) swissinfo.ch

O 2° Fórum Social Suíço, realizado em Friburgo, é "um rebento" do Fórum Social Mundial.

Como o FSM, é um palco de “construção altermundista”: acha que um outro mundo é possível e quer “sair dessa dessa perspectiva sem alternativa”.

Os fóruns sociais que germinam pelo mundo têm um ponto comum: apresentam-se como espaço aberto, democrático, de debates de idéias, de livre intercâmbio de experiências reunindo entidades civis e os mais diferentes movimentos sociais opostos ao neoliberalismo.

Contrapondo ao domínio do mundo pelo capital – ou seja, à lógica do capitalismo geralmente qualificado de selvagem – propõem uma sociedade em que o homem seja o ponto de convergênca das atenções: o ser humano deve ser o centro da “construção de uma sociedade planetária”.

O Fórum Suíço também rejeita o modelo de globalização em que vivemos e deseja passar a uma nova fase, saindo de simples resistência e de protestos e passando a uma fase de consolidação de alternativas.

Samir e Chico

Presente em Friburgo, Samir Amin, um dos mais respeitados pensadores dos países emergentes (ele é egípcio), lembrou a swissinfo que “é nesses fóruns que se pode avaliar o avanço do movimento social, o avanço da cristalização de alternativas”.

“O adversário (o sistema neoliberal) é dono da situação enquanto não tivermos um contra-projeto. Com a bola no campo do adversário, ficamos na defensiva. Mas devemos passar à ofensiva. Desde que se cristalizem iniciativas em todos os níveis, do local ao internacional”.

Outra personalidade presente no Fórum Suíço, Francisco Whitaker, figura de destaque do Fórum Social Mundial, deixou claro também o enfoque de uma sociedade voltada para o homem.

O outro mundo possível e almejado por todos os que se reúnem no Fórum é um mundo de paz, de respeito pelos direitos humanos, de igualdade de oportunidades… “Um mundo em que todos nós gostaríamos de viver”, destacou o co-fundador do Fórum Social Mundial, em entrevista a swissinfo.

“Um outro mundo não é só possível, diz Chico Whitaker. Queremos sair dessa perspectiva sem alternativa de que a história terminou, de que não devemos pretender mudar nada, pois agora é o mercado que domina tudo, é a lógica do mercado, a lógica do dinheiro”.

Lógica da cooperação

“Há outras lógicas possíveis, pois o ser humano não é um réptil conduzido pelo medo e pela rareza dos recursos, realça o mestre. É um ser capaz de compartilhar, de dar, de ajudar. Nós queremos que isso sobreponha à lógica da busca incessante e única do lucro. Que a lógica da competição seja substituída pela lógica da cooperação”.

É nessa perspectiva que todos se reuniram em Friburgo, por ocasião do Segundo Fórum Suíço, de 3 a 5 de junho.

Desse Fórum participaram umas 80 organizações: de sindicatos a organizações que se preocupam com o desenvolvimento, passando por ONGs voltadas para questões relacionadas com direitos humanos, direitos da mulher e defesa dos imigrantes.

No encontro – que terminou domingo, 5 de junho – foram abordados, em diferentes oficinas, temas como soberania alimentar, direitos dos migrantes, injustiças comerciais e financeiras, as multinacionais e a OMC, entre outros.

A proposta é que os participantes “contem o que fazem, que haja uma conscientização dos problemas existentes e haja uma união de esforços” em vista de uma mudança do modelo de sociedade em vigor.

Tudo deve funcionar nessa lógica de cooperação, diz Whitaker. Não em bases autoritárias, mas num movimento de baixo para cima, que partem de princípios como o que Paulo Freire propôs sempre: todo professor aprende com o aluno, todo aluno ensina o professor… ou seja, igualdade na troca.

Samir Amin enfatiza, por seu lado, que “a História é feita pelo povo. Através de luta. Os interesses sociais de povos, de nações, que são diferentes, divergentes e, às vezes, conflitantes. Mas é através da construção de alianças entre os interesses de classes populares (no senso lato do termo) que se faz a História avançar”.

Mas esta “luta” tem todo um outro caráter: não é violenta e deve funcionar na lógica de rede. Um pouco a exemplo de como funciona o sistema neoliberal, o “adversário”.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa, de Friburgo.

Realizou-se em Friburgo, de 3 a 5 de junho, o 2° Fórum Social Suíço, reunindo 80 ONGs e centenas de pessoas.

Na busca de “um outro mundo possível” e mesmo “inevitável” foram abordados temas como soberania alimentar e as injustiças comerciais e financeiras.

Sempre na ótica de colocar o homem no centro da construção de uma sociedade planetária, lógica esta oposta ao sistema capitalista em que o capital e o lucro primam sobre o homem.

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