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Hackers atacam Ministério suíço das Relações Exteriores

Por medida de segurança, o ministério cortou o acesso à internet Keystone

A rede informática do Ministério suíço das Relações Exteriores (DFAE) foi alvo de um ataque "muito profissional" de vírus. A dimensão do dano ainda não é conhecida.

Os especialistas em informática do ministério descobriram o ataque na última quinta-feira (22/10), num trabalho conjunto com a Microsoft, informou o porta-voz do DFAE, Georg Farago, à agência de notícias AP.

O Ministério caracterizou o incidente como um “ataque de vírus”, mas desconhecidos teriam usado um software especial para invadir a infraestrutura de informática do DFAE com a intenção de reunir informações específicas.

O ataque foi aparentemente projetado para não ser notado. Segundo o porta-voz, o software estava muito bem escondido e não causava panes perceptíveis no sistema. Os técnicos do ministério ainda tentam rastrear a origem do ataque e descobrir se houve roubo de informações.

O Ministério das Relações Exteriores cortou temporariamente a conexão à internet para evitar a saída de dados e impedir a manipulação do sistema de informática por terceiros.

“Dentro da administração federal, temos acesso (à rede de informática) e podemos enviar e receber e-mails. Mas ainda não temos acesso à internet”, disse o porta-voz Georg Farago à swissinfo.ch.

Os funcionários também estão impossibilitados de acessar a intranet do ministério de fora dos seus escritórios. As restrições devem começar a ser levantadas nos próximos dias, disse Farago.

A Central Federal de Registro e Análise para Segurança da Informação (Melani) apóia o ministério no esclarecimento do ataque. Essa central reúne empresas e instituições ligadas à segurança de sistemas de computação e internet, bem como de proteção a infraestruturas vitais à Suíça.

Ataque anterior

O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria Federal de Economia (Seco) já foram vítimas de um ataque de hackers em 2007. Cerca de 500 funcionários do DFAE e da Seco receberam e-mails contendo um link supostamente referente a um concurso de fotografia.

Quem clicava no link para votar no concurso baixava um vírus troiano, que instalava e executava um software de espionagem, não descoberto pelos programas antivírus em uso na época.

Em meados de 2008, a Promotoria Pública Federal abriu inquérito contra desconhecidos por suspeita de um serviço de espionagem ilegal e por invasão não autorizada de um sistema de informática.

A porta-voz da Promotoria, Jeanette Balmer, disse na segunda-feira à agência de notícias AP que não houve resultados conclusivos sobre a identidade dos hackers e que a investigação judicial foi abandonada em 26 de setembro passado.

Problema global

O ataque de hackers ao ministério suíço não é um caso único. Em 27 de setembro passado, o site do Ministério da Defesa do Brasil foi desfigurado por um defacer conhecido por firehacker do grupo Fail Shell, que atua deste de 2008. Nesta terça-feira de manhã, o site www.defesa.gov.br não estava disponível.

Em junho de 2008, a China negou as acusações dos Estados Unidos que os seus agentes utilizaram dados copiados secretamente para tentar invadir os computadores do Departamento de Comércio.

Em março de 2009, um estudo do Information Center Monitor, ligado à universidade de Toronto, no Canadá, concluiu que rede global de espionagem online se infiltrou em 1.295 computadores de 103 países, incluindo máquinas pertencentes a ministros de relações exteriores, embaixadas e do líder tibetano Dalai Lama.

A China foi acusada de estar envolvida com essa rede, mas imediatamente negou sua participação. O porta-voz da embaixada chinesa em Londres, Liu Weimin, disse à época que não havia provas de envolvimento de Pequim e sugeriu que as acusações faziam parte de uma “campanha de propaganda” encampada pelo governo tibetano no exílio.

swissinfo.ch com agências

As panes ocorridas na última sexta-feira nos sistemas de informática dos ministério do Interior e das Finanças foram resolvidos.

Essas panes, provavelmente, estavam ligadas a um problema de hardware, informaram as autoridades.

Já o Ministério suíço da Defesa (MD) tem um outro problema de informática: o excesso de software.

O ministro Ueli Maurer disse ao jornal SonntagsBlick que, nos últimos anos, seu ministério comprou 500 programas diferentes, não compatíveis e que o MD “simplesmente não tem condições de operar”.

Maurer suspendeu a compra da terceira parte de um sofisticado Sistema de Comando (FIS), considerado o “cérebro da informática do Exército”, em que já foram investidos 702 milhões de francos. No total, o software custaria 1,8 bilhão de francos.

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