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Espaço suíço no Rio de Janeiro se transforma em campo de beisebol

Crianças carentes aprendem a jogar o beisebol durante evento organizado no Baixo Suíça. Rafael Campos

A Casa da Suíça, uma das casas temáticas abertas durante os Jogos Olímpicos, também apelidada pelos cariocas de Baixo Suíça, foi premiada pela prefeitura do Rio de Janeiro. A Suíça, em contrapartida à cessão do espaço durante os Jogos, se comprometeu a devolver à população da cidade um campo de beisebol totalmente reformado.

A Rio-2016 chega ao fim e a Empresa Municipal Olímpica e pela Coordenadoria de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio de Janeiro anuncia (14.09) que o Baixo SuíçaLink externo ganhou o prêmio de Melhor Casa de Hospitalidade. Uma semana antes, o número de visitantes do espaço já havia ultrapassado a marca de 200 mil visitantes.

O Baixo Suíça virou referência gastronômica e cultural no Rio de Janeiro. Em 18 de setembro, dia do encerramento da Paraolimpíada, a casa de hospitalidade oficial da Suíça durante os Jogos encerrará suas atividades, mas deixará como lembrança um legado esportivo para a cidade através do apoio ao desenvolvimento de um esporte ainda pouco familiar aos cariocas: o beisebol.

Projeto social

O Consulado-Geral da Suíça no Rio anunciou que o governo suíço custeará a reforma do campo público de beisebol da Lagoa Rodrigo de Freitas, sobre o qual está erguido o Baixo Suíça. O Consulado também dará apoio financeiro a um projeto que tem o objetivo de ensinar o beisebol em escolas públicas de bairros cariocas carentes.

Anunciado oficialmente em 10 de setembro, o apoio suíço ao Projeto Social Baseball Escolar atende inicialmente a 110 alunos, de 9 a 16 anos, distribuídos em quatro núcleos de iniciação e desenvolvimento nos bairros de Irajá, Ramos e Rocinha e também no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Criado em 2012, o projeto afirma ter como objetivo “promover a inclusão e o desenvolvimento humano de jovens e crianças residentes em áreas de vulnerabilidade social”.

“A Suíça está financiando o pagamento de treinadores, os uniformes e o transporte dos jovens praticantes de beisebol em duas áreas: Irajá e Rocinha. Após a entrega do campo da Lagoa, uma nova área de treinamento será inaugurada para atender a jovens das comunidades do entorno”, diz o cônsul-geral da Suíça no Rio, Giancarlo Fenini. No dia do anúncio do apoio ao projeto, foi montado no Baixo Suíça um campo inflável de beisebol com 15 metros de diâmetro e realizada uma demonstração dos alunos para o público.

O apoio suíço, firmado para o biênio 2016-2017, oferece gratuitamente a todos os alunos do projeto orientação esportiva e técnica, acompanhamento e material. A ideia é fortalecer “espírito de equipe, formação moral, disciplina e força de vontade” como características do esporte: “Para nós é importante apoiar o esporte como um meio de desenvolvimento social. Escolhemos o beisebol, pois é um esporte democrático, que pode ser praticado em qualquer lugar, só precisando de uma bola e de um taco. Queremos tirar as crianças das ruas e do tráfico através do esporte, mostrando que é possível ter um futuro diferente”, afirma Fenini.

Alguns números

Nos seus primeiros 20 dias de funcionamento durante a Olimpíada, o Baixo Suíça bateu seu recorde de público, ultrapassando a marca de 160 mil visitantes. Esse número é o maior já registrado em todas as outras dez edições do projeto, que nos últimos anos esteve presente nos principais eventos esportivos do mundo.

O público carioca e os turistas de diversos locais que visitam a casa de hospitalidade da Suíça às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas têm experiências em diferentes áreas, como esporte, gastronomia, turismo e inovação tecnológica.

Entre as atrações do Baixo Suíça que mais atraem o público estão o globo de neve gigante, a gôndola giratória, o trem tipicamente suíço com óculos de realidade virtual, a pista de corrida e o rinque de patinação de gelo sintético. Somente por essas atrações passaram mais de 20 mil visitantes durante a Olimpíada.

Na gastronomia, tem feito muito sucesso entre os visitantes do Baixo Suíça o churrasco tipicamente suíço, feito à vista de todos na churrasqueira especial “Feuerring” comandada pelo chef suíço Chris Zueger. Os pratos mais pedidos foram o salsichão suíço acompanhado de pão e mostarda, com 18 mil unidades vendidas, e o queijo tipicamente suíço acompanhados de batatas, picles e cebola, com 11 mil porções.

Expansão

Coordenador do Projeto Social Baseball Escolar, Uilson Barbosa Oliveira destaca a importância do apoio suíço: “O patrocínio do Consulado da Suíça nos permitiu abrir um novo núcleo em Duque de Caxias, além de poder padronizar o uniforme e pagar os instrutores e assistentes”, diz. Oliveira aposta que o esporte em breve cairá nas graças dos cariocas: “O beisebol no Brasil está crescendo bastante, principalmente entre os adultos, e agora estão vindo as crianças. Daqui a cinco a dez anos teremos uma geração de time de beisebol muito forte no Rio de Janeiro”.

Nos seus primeiros 20 dias de funcionamento durante a Olimpíada, o Baixo Suíça bateu seu recorde de público, ultrapassando a marca de 160 mil visitantes. Esse número é o maior já registrado em todas as outras dez edições do projeto, que nos últimos anos esteve presente nos principais eventos esportivos do mundo.

Além do apoio, os alunos que se destacarem nos dois próximos meses serão selecionados para treinar no Centro de Alto Rendimento de Beisebol, em São Paulo, e para participar da peneira do Elite Camp Brasil, evento organizado pela Major League de beisebol do Estados Unidos (MLB) em parceria com a Confederação Brasileira de Beisebol que acontecerá em novembro no Paraná: “É uma oportunidade concreta de abrir portas para uma carreira internacional”, diz Oliveira.

Campo reformado

As estruturas do Baixo Suíça foram montadas às margens da Lagoa, sobre um campo de beisebol projetado em 2012 pela Prefeitura do Rio, mas que sofria com o abandono e não era utilizado para a prática do esporte. O Consulado da Suíça, como contrapartida à cessão do espaço durante os Jogos, se comprometeu com a Prefeitura a devolver à população da cidade um campo de beisebol totalmente reformado. A entrega do campo está prevista para o início de dezembro, e contará com a presença do prefeito Eduardo Paes.

O objetivo da parceria, que conta com o apoio da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol, é que o beisebol, que ainda luta para ser esporte olímpico e teve participação confirmada pelo COI para a próxima Olimpíada, a se realizar em 2020 no Japão, tenha um local no Rio onde possa ser praticado de maneira adequada: “O compromisso foi firmado com o aval das federações carioca e brasileira de beisebol, e o campo obedecerá as demarcações oficiais utilizadas em países como Estados Unidos e Japão. Também será restaurado o chão de saibro e instalado um novo sistema de iluminação”, diz o cônsul Giancarlo Fenini.

O Consulado não informa oficialmente quanto custará a reforma do campo de beisebol da Lagoa, mas ela será mais complexa do que o imaginado no momento em que foi fechado o acordo com a Prefeitura. As primeiras análises técnicas realizadas descobriram que o terreno é parcialmente inundado à noite, quando a maré da Lagoa sobe, o que torna necessária a realização de adaptações para possibilitar sua dragagem: “O budget da reforma subiu um pouco. Mas, apesar desse problema que não estava no script, vamos entregar o campo reformado à Prefeitura e à Federação de Beisebol do Rio”, afirma Fenini.

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