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Medvedev quer moedas dos BRIC nas reservas do FMI

"A Rússia é por vezes criticada. Algumas vezes as críticas são merecidas, mas às vezes com certeza não", afirmou Medvedev em Davos swissinfo.ch

O presidente russo, em seu discurso de abertura do Fórum Econômico Mundial de Davos, na quarta-feira (26), pediu que o FMI inclua as moedas das principais economias emergentes na sua cesta de moedas.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) havia corrigido, na terça-feira (25), suas previsões do crescimento mundial em 2011, que no caso da América Latina deve ser de 4,3% ao invés de 4%.








Convidado a pronunciar o discurso oficial de abertura do Fórum Econômico Mundial de Davos (WEF, na sigla em inglês), o presidente russo, Dmitry Medvedev, pediu ao FMI para que a instituição inclua as moedas dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) no seu fundo de reserva internacional (SDR na sigla em inglês para Direitos Especiais de Saque).

Criado em 1969, o SDR complementa as reservas dos países membros. O fundo só existe no papel, pois representa uma promessa por parte dos Estados membros de fornecer o dinheiro quando é necessário. Ele é composto por uma cesta de quatro moedas escolhidas de acordo com o maior volume de exportações de produtos e serviços nos cinco anos anteriores à decisão. O FMI revisa a cesta a cada cinco anos.

Na última decisão, em novembro de 2010, o dólar, o euro, a libra esterlina e o iene foram mantidos na cesta de moedas.

Presença apesar de atentado

Apesar do atentado suicida que causou 35 mortes e 116 feridos no aeroporto de Moscou, na segunda-feira (24), o presidente russo fez questão de participar do encontro anual de Davos, na Suíça, lembrando que nenhum país está imune ao terrorismo. “Um atentado terrorista pode acontecer em qualquer lugar e em qualquer momento”, disse.

Por causa do atentado, Medvedev reduziu sua participação no Fórum. Uma porta-voz do Kremlim chegou a informar, na segunda-feira, que o presidente cancelaria sua ida à Davos. “Decidi participar do Fórum porque é uma plataforma mundial muito importante. Davos é um lugar conhecido e considero que a Rússia deve estar representada no mais alto nível em eventos como este”, declarou em seu discurso.

O discurso faz parte de um esforço para convencer os investidores estrangeiros a apostar na Rússia. Medvedev acentuou as medidas que o governo russo vem tomando para facilitar os investimentos no país e lutar contra a corrupção.

A apresentação foi antecipada por um minuto de silêncio em memória das vítimas do atentado.

Aposta em Brics

A edição 2011 do Fórum mostra sinais da volta da confiança no crescimento mundial, apesar da cautela dos “gatos escaldados” das crises fiscais europeias, principalmente a grega, que arrasou o moral dos participantes do evento no ano passado.

Klaus Schwab, que preside a reunião em Davos, destacou as oportunidades em países emergentes, enquanto uma pesquisa de confiança dos CEOs no evento mostrou que o otimismo está quase de volta aos níveis pré-crise.

A elite empresarial do WEF constatou o avanço da América Latina na nova ordem mundial, em meio à migração do poder das potências tradicionais do Ocidente para as economias emergentes do Sul e do Leste.

“Há muitas oportunidades com os novos motores de crescimento do mundo”, afirmou Schwab. “Nós nunca tivemos tantos representantes do Bric … eles estão representados aqui com força total”.

O tema oficial da reunião, “Normas Compartilhadas para a Nova Realidade”, reflete um desejo de garantir que as novas potências partilhem os valores das potências tradicionais.

Apesar das perspectivas otimistas para os emergentes, os participantes do fórum devem discutir ameaças complexas que a economia mundial enfrenta, além de lançar uma rede de risco global para ajudar empresas, governos e organizações internacionais a se prepararem melhor.

Nova realidade

O Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou na terça-feira algumas previsões revisadas para cima do crescimento mundial e para a América Latina em 2011, da qual espera uma expansão de 4,3%, frente a 4% de sua projeção anterior, feita em outubro.

Consciente dessas mudanças, Klaus Schwab tinha afirmado antes do início do evento que “um dos fatores mais importantes da nova realidade é o movimento de poder geopolítico e geoeconômico do norte para o sul e de leste a oeste”.

“Isso não tem apenas consequências políticas e econômicas. Acredito que o mundo atravessará várias ondas fortes de adaptação”, completou Schwab.

A presença crescente de líderes políticos e econômicos, além de empresários, de China, Índia e Brasil confirma essa tendência.

Em meio aos diversos sinais sobre o avanço latino-americano, um estudo divulgado em Davos dos grupos de logística Agility e Transport Intelligence afirma que três países da região – Brasil, México e Chile – estão entre os dez mercados emergentes mais atrativos do mundo para investimentos no setor.

O Brasil ocupa o terceiro lugar nesta lista, atrás de China e Índia, enquanto o México está em sétimo lugar e o Chile em nono, segundo o relatório “Olhando além dos BRIC: novas estrelas do amanhã”.

O Fórum Econômico Mundial

(WEF) começou como Fórum de Administração Europeu, em 1971.

Criado pelo empresário alemão Klaus Schwab, foi projetado para conectar líderes empresariais europeus com seus homólogos americanos para encontrar formas de aumentar vínculos e resolver problemas.

É uma organização sem fins lucrativos, com sede em Genebra, financiada pelas taxas de inscrição de seus membros.

O fórum recebeu seu nome atual em 1987, ampliando seus horizontes para fornecer uma plataforma de resolução de disputas internacionais. O WEF tem colaborado na resolução dos conflitos entre Turquia e Grécia, Coreias do Norte e do Sul, Alemanha Oriental e Ocidental e na África do Sul durante o regime do apartheid.

O WEF realiza relatórios detalhados da situação mundial e de países específicos. Também acolhe uma série de reuniões anuais – a principal sendo a de Davos, no início de cada ano.

Em 2002, esta reunião foi transferida para Nova York ,em uma alteração pontual de local em apoio à cidade, após os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001.

Davos tem atraído uma série de grandes nomes do mundo empresarial, acadêmico, político e do show business. Entre eles: Nelson Mandela, Bill Clinton, Tony Blair, Bono, Angela Merkel, Bill Gates e Sharon Stone.

Como o fórum cresceu em tamanho e status na década de 1990, atraiu uma crescente crítica de grupos antiglobalização, que se queixam do elitismo e do interesse individualista dos participantes.

A reunião de Davos de 2011 será realizada entre os dias 26 e 30 de janeiro, com a presença de 2.500 participantes de 90 países.

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