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Suíça aproveita Davos para negociar com China

A Suíça que cortejar a China durante as conversas em Davos Keystone

A Suíça vai aproveitar os bastidores da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, nesta semana, para abordar o acordo de livre comércio (ALC) com a China.

O ministro da Economia da Suíça, Johann Schneider-Ammann, disse que irá se encontrar com o ministro do comércio da China, Chen Deming, nesta sexta-feira, para tentar passar a frente da União Europeia em um “negócio da China” com a economia que mais cresce no mundo.












“As chances de concluir um acordo de livre comércio com a China antes de a UE são boas”, disse Schneider-Ammann. “Isso representaria para a Suíça uma grande vantagem competitiva”.

Um estudo de viabilidade publicado no ano passado sugeriu que o produto interno bruto da Suíça (PIB) poderia ser aumentado em 0,23%, enquanto que as empresas economizariam 304 milhões de dólares por ano, se as barreiras comerciais forem suprimidas.

A China é o terceiro maior mercado de exportação da Suíça depois da União Europeia e dos Estados Unidos, com cerca de 300 empresas suíças localizadas na locomotiva econômica da Ásia, com um total de 700 agências que atuam lá.

As negociações para fechar o acordo com a China, que se arrasta há vários anos, foram estabelecidas durante uma visita da ex-ministra da Economia da Suíça, Doris Leuthard, em agosto do ano passado. Ambos os lados começarão debatendo os detalhes específicos este ano.

 

Encontrando soluções 

A reunião agendada entre Schneider-Ammann e Chen Deming é um exemplo típico do que acontece nos corredores de Davos, usados para discutir problemas ou firmar acordos de nível internacional.

A reunião anual representa um ponto de encontro informal ideal para líderes políticos, empresariais e representantes da sociedade civil, cultura e ciência do mundo.

No ano passado, Doris Leuthard, reuniu-se com representantes franceses para discutir formas de resolver um impasse entre os dois países sobre a evasão fiscal e o segredo bancário suíço.

A atenção também estará voltada para Davos este ano para ver se o fórum consegue encontrar respostas aos problemas relacionados com a última rodada de negociações de Doha, ou a atual crise do euro e as nações endividadas da UE.

A importância econômica e política da China aumentou muito rápido na última década. A economia do país sobreviveu intacta à crise financeira. Segundo alguns observadores, a China deve continuar crescendo em dois dígitos nos próximos anos, ultrapassando os EUA.

Novos mercados 

Além de querer se expandir nos mercados emergentes, algumas empresas suíças também estão procurando diversificar seus mercados para além da Europa, devido à estagnação econômica na região e a valorização do franco em relação ao euro.

Como as exportações suíças ficaram mais caras, portanto menos interessante para o mercado europeu, as empresas estão sendo incitadas a olhar além, atrás de novos clientes e lugares de produção mais baratos.

“Com as taxas de câmbio de hoje, quem produz na Suíça e vende para fora está em apuros”, disse Tom Malnight, professor de estratégia e administração geral da escola de comércio IMD em Lausanne, à swissinfo.ch. “A maioria das empresas acham que não podem estar sujeitas a variações cambiais a cada ano”.

“No futuro, as empresas terão que se tornar muito mais flexíveis, adaptáveis, com capacidade para modificar e mover-se”.

 

Direitos humanos

Mas as ações para estreitar os laços comerciais com a China também são criticadas por grupos de direitos civis.

O presidente chinês, Hu Jintao, lançou uma nota conciliatória em um discurso na semana passada durante uma visita oficial a Washington, admitindo que precisam trabalhar mais para melhorar a situação dos direitos humanos.

Mas muitos observadores não sossegarão enquanto não notarem que as palavras do Preidente Hu estão sendo seguidas de ações concretas. Em declaração à swissinfo.ch no ano passado, Thomas Braunschweig, do grupo de defesa dos direitos humanos “Declaração de Berna”, pediu à Suíça que se certificasse de que os eventuais lucros obtidos a partir de um ALC não fossem realizados às custas dos trabalhadores chineses.

“Nós não somos contra as negociações que darão à Suíça uma brecha para encorajar a China a empenhar-se no respeito dos direitos humanos”, explicou Braunschweig.

“O que estamos exigindo é que cláusulas obrigatórias sobre os direitos humanos sejam incluídas no acordo, e que deve haver um estudo preliminar sobre o impacto que um ALC poderia ter sobre os direitos econômicos e sociais das pessoas comuns”.

A Suíça reconheceu a recém-criada República Popular da China em 17 de janeiro de 1950 – um dos primeiros estados ocidentais a fazê-lo – retirando simultaneamente o reconhecimento da República da China (Taiwan).

Contatos com a República Popular da China não foram feitos inicialmente, devido a conflitos internos na China e à Guerra Fria. A República Popular fez sua primeira aparição no cenário internacional quando o premiê chinês Zhou Enlai participou da Conferência da Indochina, em Genebra, em 1954.

As relações bilaterais entre a Suíça e a China têm se desenvolvido em um ritmo acelerado desde que Deng Xiaoping lançou sua política de liberalização e reforma em 1979.

Existem atualmente 3297 suíços na China. Cerca de 300 empresas suíças com 700 agências ativas no país.

Desde 2002, a China, incluindo Hong Kong, tem sido a parceira comercial da Suíça mais importante da Ásia. As exportações suíças do ano passado totalizaram 5.2 bilhões de francos (+10% em relação a 2008), enquanto as importações 4.9 bilhões (-4%).

No todo, a China é o terceiro maior exportador para a Suíça atrás da UE e dos EUA. A China é também o terceiro maior mercado de exportação da Suíça depois de a UE e dos EUA.

Adaptação: Fernando Hirschy

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