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Ministro italiano desanca o sigilo bancário

O ministro italiano das Finanças, Ottaviano Del Turco, criticou o sigilo bancário suíço que considera porta aberta a escândalos como o que envolve um juiz suíço, preso sexta-feira por envolvimento com suposto mafioso italiano.

O juiz, Franco Verda, presidente do Tribunal Penal de Lugano, no estado do Ticino, sul do país, foi indiciado e preso sexta-feira, acusado de estar envolvido com suposto mafioso, contrabandista de cigarros, o italiano Gerardo Cuomo, de quem era amigo.

Para o ministro Del Turco, a detenção do magistrado não passa da “ponta de iceberg”, de um problema muito mais vasto. E conclui que o encarceramento de Verda não deve ser interpretado apenas como uma falta de lealdade de um magistrado. É todo o sistema, que favorece o crime organizado, que deveria mudar.

O ministro italiano criticou também as autoridades suíças por não concederem ajuda judiciária no caso de tráfico de cigarros (assunto recorrente com frequentes declarações de autoridades da União Européia cobrando da Suíça uma colaboração mais decidida). Realçou que os italianos não os únicos a saberem que as pistas de venda ilegal de cigarros levam aos bancos suíços.

Porta-voz do governo suíço rejeitou as críticas relativas a cooperação insuficiente com as autoridades italianas. E repetiu que,segundo a lei suíça, o tráfico de cigarros é apenas um delito aduaneiro.

O mesmo porta-voz realçou que desde que se somam ao delito de tráfico de cigarros, crimes como tráfico de armas ou de drogas, a colaboração com as autoridades italianas tem sido frutuosa.

Resta que o escândalo envolvendo o juiz Franco Verda – acusado de abusar do segredo de função e de corrupção passiva – continua tendo sérias repercussões. A esposa do magistrado, Désiré Rinaldi, está presa desde segunda feira. Seu filho, Marco Verda, chegou a ser preso mais foi solto. E 59 pessoas foram indiciadas.

Quanto a Gerardo Cuomo, ele seria o braço direito de Francesco Prudentino, outro italiano considerado um dos maiores contrabandistas de cigarros europeus. Além da relação de amizade do juiz Verda com Cuomo, sua esposa, Désirée, aceitou empréstimo de 220 mil dólares do suposto mafioso.

Na Itália, o procurador antimafia de Bari, Giuseppe Scelsi, terminou investigaçao sobre tráfico internacional de cigarros. Nesta quarta-feira, 9 de agosto, ele deve fornecer mais detalhes sobre o caso que assume proporções cada vez maiores.

Na Suíça é primeira vez que um magistrado vai para a prisão, acusado de corrupção e envolvimento com o crime organizado.

swissinfo com agências.

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