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Uma exposição para salvar as araras e os tucanos do Brasil

Espécies ameaçadas, em particular, por um escandaloso tráfico ilegal, do Brasil para outros países. J.Gabriel Barbosa

Fribourg – O artista Bento Cassiano de Souza expõe 30 pinturas. Ele quer lutar contra o tráfico ilegal de animais.

Reportagem de Kessava Packiry

Bento Cassiano de Souza já expôs em Lisboa, Londres, Roma… e já realizou numerosas exposições em seu país, o Brasil. Pela primeira vez, apresenta 30 obras suas em Fribourg. Não somente por prazer, mas, como parte de sua luta, para proteger espécies pelas quais tem particular afeição: as araras e os tucanos.

Autodidata, 48 anos, formado em fotojornalismo, filosofia e teologia, Bento Cassiano de Souza é um aguerrido combatente em favor da causa ecológica no Brasil. Freqüentemente, vai às escolas procurando despertar a atenção dos jovens sobre a necessidade de se preservar o meio ambiente. E não perde a oportunidade para denunciar o tráfico de animais selvagens, entre eles as araras e os tucanos, principais vítimas desse comércio.

Esses grandes papagaios da América do Sul provocaram nele uma enorme reação, da mesma forma como ocorreu em relação aos tucanos. A paixão por essas aves maravilhosas acabou “transpirando”, em forma de copiosas gotas coloridas, sobre suas telas. Para Bento Cassiano de Souza, entretanto, suas pinturas servem antes de mais nada para delatar o tráfico ilegal de animais.

50% para a fundação

“Um tráfico escandaloso” define Souza indignado: “Os traficantes maltratam suas presas e para remetê-las ao exterior, anestesiam, esses animais e os colocam em tubos de PVC (policloreto de vinila, nota da redação) antes de escondê-los na mala. Infelizmente, as estatísticas revelam que 90% dessas aves morrem durante a viagem. E as que sobrevivem, ficam tão traumatizadas ou estropiadas que resistem por pouco tempo”.

Enquanto no Brasil, um marginal paga cerca de 200 francos suíços por uma ave capturada, na Europa, ela será vendida por preço cinco a dez vezes superior, entre 1000 e 2000 francos, se não for mais.

Bento Cassiano de Souza faz questão de lutar contra a pirataria das aves e contribuir para a preservação das espécies no próprio habitat – por isso, 50% de venda de seus quadros são destinados à fundação ecológica Terra Brasilis, que ele preside.

Tráfico

Terra Brasilis – que reúne especialistas de diferentes áreas – parte do princípio de que a conscientização das pessoas é a melhor maneira de coibir o tráfico, já que a repressão não tem dado os resultados esperados.
A aquisição dessas aves pode, no entanto, ser feita legalmente, acrescenta o artista: criatórios com animais confiscados no âmbito do tráfico ilícito torna, efetivamente, possível a aquisição de araras, tucanos e papagaios, por intermédio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA).

La Liberté de 08.02.2006 (Traduzido do francês por J.Gabriel Barbosa)

Nota: o artigo do jornal La Liberté está ilustrado por uma foto do artista junto a uma de suas obras, e traz esta legenda: Bento Cassiano de Souza tem uma atração infinita pelas araras e os tucanos, muito freqüentemente vítimas do tráfico ilegal de animais selvagens.

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