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2a geração de estrangeiros tem sucesso na integração

Dezembro de 1964: trabalhadores italianos pegam o trem em Zurique para passar o natal com a família. Keystone Archive

Perfeitamente integrados, os filhos dos primeiros imigrantes italianos e espanhóis ainda hesitam em pedir a nacionalidade suíça.

Porém aqueles que o fizeram, mostram muitas vezes uma melhor integração à sociedade do que muitos suíços de origem.

Desenraizados, divididos entre duas culturas sem aderir a nenhuma delas, pouco qualificados e mal integrados ao seu meio sócio-profissional: os clichês sobres os “secondos” são os mais variados na Suíça.

Um estudo intitulado “Migração e relações interculturais”, realizado pelo Fundo Nacional Suíço entre Genebra e Basiléia, mostra, porém, que essas crenças estão muito distantes da realidade.

Pela primeira vez, seus autores pesquisaram igualmente a situação dos filhos de imigrantes, que pediram e receberam a nacionalidade suíça. Esses novos cidadãos, constituem quase a metade (43%) do conjunto de “secondos”.

Com base no grupo representativo de 400 jovens adultos (entre 18 e 35 anos), filhos de espanhóis e italianos que chegaram na Suíça nos anos sessenta, esse estudo dá um retrato surpreendente de uma geração pouco conhecida.

Progresso de geração

Enquanto seus pais eram operários da construção civil ou trabalhadores agrícolas, os “secondos” freqüentaram universidades e hoje são mão-de-obra altamente qualificada. Profissionalmente, essa geração chega a apresentar resultados até melhores do que os jovens suíços originários do mesmo meio.

Sobretudo os jovens estrangeiros naturalizados ajudam a elevar a média do grupo de “secondos”. “Do ponto de vista de sucesso sócio-profissional na sociedade suíça, os jovens naturalizados estão na dianteira”, explica Marie Vial, um dos autores do estudo.

Juntamente com seus colegas Cláudio Bolzman e Rosita Fibbi, Vial interessou-se sobretudo pelo pais desses novos cidadãos suíços. “Eles próprios já eram mais bem sucedidos do que os outros”.

Seriam os naturalizados mais bem integrados devidos ao passaporte suíço ou seria a bem sucedida integração que os levaria a pedir a naturalização? Para a pesquisadora genebrina, a questão causa-efeito funciona nos dois sentidos.

O passaporte é muito caro

Os “secondos”, que prefiram manter a nacionalidade dos seus pais, justificam sua escolha através dos seguintes argumentos: os trâmites burocráticos são complexos, os custos são altos, existe a obrigação de serviço militar e o medo de perder o passaporte da União Européia.

As leis de naturalização estão sendo atualmente revisadas pelo governo e parlamento. O objetivo é flexibilizar as regras, que são consideradas hoje em dia uma das mais restritivas do mundo.

Os autores do estudo se defendem das acusações de terem por objetivo influenciar os debates políticos. Em dez dias, os parlamentares suíços vão debater o tema.

As raízes são importantes, apesar de tudo

Estariam os “secondos” tão bem integrados, que eles teriam as mesmas condições do que os suíços de origem? Infelizmente não, afirma o estudo. No caso do acesso às carreiras públicas isso não ocorre, mesmo se suas competências sejam iguais ou maiores do que candidatos suíços.

Também as tradições familiares continuam a ter um papel importante para os “secondos”. Eles abandonam a casa dos pais mais tarde. Eles têm menos disposição de viver em concubinato e as mulheres retornam rapidamente ao trabalho logo após o nascimento do primeiro filho, graças à ajuda dos avôs na guarda das crianças.

Os “secondos” também não se esquecem da sua cultura de origem na educação familiar: mais de 40% deles continuam a falar italiano ou espanhol com os filhos, mesmo dominando o francês ou o suíço alemão, geralmente aprendido na escola.

swissinfo, Marc-André Miserez
traduzido por Alexander Thoele

– No final de 2001, viviam 1,5 milhões de estrangeiros na Suíça.

– Entre os que têm mais de 15 anos, 330 mil nasceram na Suíça.

– Mais de 43% dos “secondo” já têm a nacionalidade suíça.

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