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A primeira dama do futebol suíço

Gigi Oeri: presidente e mecenas do FC Basel. Keystone

Gisela "Gigi" Oeri é presidente do FC Basel, o clube suíço de futebol mais bem sucedido no exterior. Seu sonho é reconquistar o título de campeão nacional e afastar torcedores violentos dos estádios.

Em entrevista à swissinfo, a mulher mais rica da Suíça fala sobre sua paixão pelo futebol e por ursos de brinquedo.

Para Gigi Oeri, a eleição ao posto de presidente do FC Basel não aumentou seu poder. Agora ela participa de mais reuniões com a Federação Suíça de Futebol e presidentes de outros clubes.

A mulher mais rica da Suíça, mecenas e apaixonada por futebol, revela que aposta tudo no novo treinador da sua equipe, Christian Gross, para a reconquista do título no campeonato helvético.

swissinfo: O que significa para você o FC Basel: hobby, paixão, família ou outros sentimentos?

Gisela Oeri: Para mim trata-se, sobretudo, de uma ocupação plena. Mas também é um pouco um hobby, paixão e, por que não, uma questão familiar.

O dia de trabalho é composto praticamente por atividades ligadas ao clube. Ao mesmo tempo eu ainda administro museus, um clube de ginástica e também tenho a minha própria família. O tempo acaba fica curto.

Como você começou a se interessar por futebol?

G.O.: No passado eu cheguei a praticar muito esporte, sobretudo ginástica. Assim acabei levando esse elemento para a família do meu marido, que era mais interessada em questões artísticas e culturais. Para mim, foi como se a nossa família apenas tivesse esperado que alguém se interessasse e se engajasse em esporte. Além disso, é preciso saber que o futebol faz parte da cultura da Basiléia, ficando os dois bem mais unidos desde os anos 60 e 70.

Como é ser a única mulher a atuar num meio predominantemente masculino?

G.O.: Essa pergunta é freqüente. Infelizmente eu não posso me orientar em exemplos femininos. O mais importante é mostrar que mulheres loiras não correspondem absolutamente burras, como diz o ditado popular. O fato de ser mulher traz mais vantagens do que desvantagens. Por exemplo, eu sou tratada sempre com muito respeito pela maioria das pessoas. Homens se comportam de uma forma diferente quando eles estão sentados para negociar com uma mulher. Eu sou apenas uma que entende um pouco de futebol. Por isso, o fato de ser mulher não é para mim muito relevante.

Você possui no centro da Basiléia, entre outros objetos, um museu de brinquedo, a chamada Casa de Bonecas. O que está por trás disso?

G.O.: Esse museu é a expressão da minha paixão de colecionadora. Ela começou na época eu que eu comprava casas de bonecas antigas e peças para restaurar eu mesmo. Com o tempo, passei a ter tantos objetos, que já não estava conseguindo arrumá-los de forma profissional na minha casa. Quando uma casa ficou livre no centro da cidade, eu decidi criar no local um museu para apresentar dignamente essa coleção.

Eu tento separar minhas atividades como presidente de clube de futebol e dona de museu. Mas quem se der ao trabalho, pode encontrar no museu também bonecos de jogador feitos de feltro. Eles são brinquedos raríssimos.

O último campeonato de futebol suíço não ficou em boa lembrança para o FC Basel. O que ocorreu de errado com o clube?

G.O.: O último jogo do campeonato realmente terminou muito mal para o nosso time. Perdemos o título e ainda acabou tendo briga entre os torcedores. Porém nem tudo foi fracasso na última temporada: nós chegamos às quartas-de-final no campeonato da UEFA. Até então, nenhuma equipe suíça tinha conseguido chegar tão longe.

Como você pretende resolver na Basiléia o problema da violência no futebol, como a provocada pelos grupos de hooligans?

G.O.: O FC Basel está fazendo o possível para acabar com o problema dos hooligans. Porém, o que mais me chateia, é o fato do clube ter sido penalizado, apesar de não termos tido culpa nenhuma nas agressões cometidas. O fenômeno do hooliganianismo é um fenômeno concomitante do futebol. É falso acreditar que o clube sozinho poderá acabar sozinho com esse problema. O que nós defendemos é a criação de leis mais severas contra os hooligans, incluindo também bancos de dados para registrar o nome dos meliantes e impedi-los a entrar nos estádios. O FC Basel já fez essas sugestões há quatro anos, porém a questão do banco de dados foi impedida pelas leis de proteção aos dados pessoais.

O FC Basel já é o mais bem sucedido clube da Suíça no plano europeu. O que está faltando agora para a conquista de títulos de porte?

G.O.: Nós já provamos que podemos competir em nível europeu com outros clubes. Porém existem barreiras que uma equipe helvética não consegue ultrapassar. Essa é uma questão de dinheiro, das federações e, talvez, das direções dos clubes. Do ponto de vista da estrutura do futebol suíços, nós podemos nos comparar com a Áustria, porém Espanha, Inglaterra ou Itália estão anos-luz distante da nossa realidade.

Como alemã de origem a viver na Suíça, por qual time seu coração bateu mais forte durante a Copa do Mundo?

G.O.: Eu acredito que tenho dois corações. Enquanto as duas equipes não jogarem uma contra a outra, acho que não tenho problema de saber por qual time eu torço. É uma pena que a seleção suíça tenha se despedido da Copa com aquelas marcações de pênalti tão tristes. Aos críticos alemães dos fracos marcadores suíços eu só posso dizer: esses jogadores atuam no futebol alemão.

Eu estive presente em vários jogos na Copa do Mundo e fiquei impressionada pela perfeita organização. Eu espero que a Suíça e a Áustria, como organizadores do Euro 2008, consigam realizar algo próximo disso. Assim o campeonato seria um grande sucesso para nós.

swissinfo, Urs Geiser

O FC Basel é um clubes de futebol mais bem sucedidos da Suíça. Desde 2003, ele já foi três vezes campeão nacional, mas perdeu o título no último jogo da última temporada.

Gigi Oeri foi eleita em maio de 2006 como a primeira presidente mulher de um time de futebol suíça. Como acionista majoritária, ela já participava do conselho de direção do clube desde 1999.

Junto com Karren Brady, presidente do clube inglês FC Birmingham City, Oeri é uma das poucas mulheres no mundo a estar envolvidas nos negócios do futebol.

Gisela “Gigi” Oeri nasceu em 1955, tendo crescido no povoado de Schopfheim, sul da Alemanha, não muito distante da fronteira com a Suíça.

Ela estudou fisioterapia e era ativa ginasta.

Gisela Oeri é casada com Andreas Oeri, co-proprietário da multinacional farmacêutica Roche, sediada na Basiléia. Ela é considerada uma das pessoas mais ricas vivendo na Suíça.

Desde 1999, Gisela Oeri faz parte da diretoria do FC Basel, tendo sido eleita posteriormente vice-presidente do clube de futebol e, em maio de 2006, presidente. Ela também é a acionista majoritária do clube e mecenas.

Oeri abriu em 1998 a Casa de Bonecas no centro da Basiléia, um museu de brinquedos com a maior coleção européia de ursinhos. Oeri também é produtora de filmes.

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