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Aumenta o “turismo da morte”

Associação especializada reúne 1700 membros swissinfo.ch

Número crescente de estrangeiros compra passagem só de ida para a Suíça em busca de uma "morte digna".

A Suíça é o único país a permitir a assistência ao suicídio, com o perigo de descambar para a eutanásia, proibida no País.

Autoridades começam a preocupar-se com o vazio jurídico.

A associação Dignitas, criada há 4 anos em Zurique, vem atraindo “turistas” do vários países, principalmente da Alemanha, interessados em pôr termo a uma existência que consideram não valer mais a pena.

São pessoas que apresentam um quadro clínico irreversível e se integram na categoria de “doentes terminais”, ou seja sem possibilidade de cura. Entre os chamados tratamentos fúteis e os sofrimentos – geralmente sinônimos de agonia sem fim – elas preferem o suicídio assistido.

Condições

Esse suicídio, a associação Dignitas lhe oferece num apartamento sóbrio, de duas camas, uma mesa e algumas cadeiras e mesmo pinturas originais na parede. É nesse ambiente que o paciente recebe uma dose letal de um barbitúrico (pentobarbital de sódio) que leva a morte tranqüila, na grande maioria dos casos sob os olhares de familiares ou pessoas íntimas.

As condições para que isso aconteça são que o paciente o solicite por escrito e apresente atestado médico que diagnostique uma doença incurável e as terapias possíveis.

Entre as exigências figura ainda adesão à associação, com pagamento de cotização, adaptada às posses de cada um.

Chovem pedidos

O êxito de Dignitas parece ter superado as expectativas. Principalmente nos últimos dois meses, depois que a mídia européia começou a fazer reportagens sobre esse caso único no mundo de assistência ao suicídio.

Segundo o jornal Le Temps de Genebra, que publicou matéria sobre o assunto recentemente (edição de 5/9), “Dignitas que conta 1.700 membros, dos quais 750 estrangeiros, recebe pedidos do mundo inteiro”.

Mas o procurador geral de Zurique receia que “essas práticas incrementem o turismo da morte”.

Acontece que nessa questão muitos especialistas acham difícil definir critérios, havendo o perigo de se resvalar para a eutanásia ativa, ilegal.

Polêmica

Para evitar “derrapagens” há médicos que prefeririam descriminar esse tipo de eutanásia desde que seja praticada de maneira responsável por médicos.

A polêmica seria resolvida apenas com uma regulamentação que na Suíça pode não tardar. Quanto ao caso de Dignitas, por exemplo, as autoridades judiciárias de Zurique já pensam em exigir que o certificado médico seja fornecido por especialistas locais.

Têm-se também em mira o caso da Holanda, por exemplo, onde a eutanásia é permitida, mas somente em casos estritos. no País, para a ajuda ao suicídio são exigidos pareceres de dois médicos.

“obra santa”

Fica a questão: quem tem direito de tomar decisão de abreviar a vida de alguém? As respostas variam em função das convicções e crenças de cada um. Mas parece que a profissão de anjo da morte na Suíça não tenha muito futuro. O vazio legislativo vai ser preenchido, mais cedo ou mais tarde.

Mas por enquanto, o diretor de Dignitas estima realizar “obra religiosa e santa” fornecendo assistência ao suicídio de pessoas cansadas de sofrer e sem esperança alguma de cura.

swissinfo/J.Gabriel Barbosa

Exit é outra associação de assistência au suicídio.

Sediada em Lausanne, atende somente a suíços.

E a ajuda se realiza em casa do paciente.

O “anjo da morte” dialoga com ele e seus familiares.

Não quer “ser submergida” com pedidos do exterior.

Jargão médico:

EUTANÁSIA consiste em apressar o fim de quem está morrendo.

DISTANÁSIA é o prolongamento da vida por meios artificiais, depois que os órgãos faliram.

ORTOTANÁSIA é a “morte no tempo certo”, suspendendo o tratamento fútil.

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