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Basiléia vira centro de reforma do sistema financeiro

O FSF divide sua sede com o Banco de Compensações Internacionais, em Basiléia. www.bis.org

O pouco conhecido Fórum de Estabilidade Financeira (FSF), sediado em Basiléia, foi escolhido pelo G20 para coordenar as reformas do sistema financeiro internacional.

A Suíça não só é um dos poucos integrantes do FSF, como também desempenha um papel chave na história da organização, que terá em breve representantes dos países emergentes.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), somente durante as últimas duas décadas, o mundo enfrentou 18 crises financeiras. Uma das mais significativas, a “primeira do mundo globalizado”, foi a asiática.

Em 2 de julho de 1997, o baht, moeda tailandesa, se desvalorizou, com efeito devastador para a economia da Tailândia, que contagiou a Indonésia, Malásia, Filipinas, Hong Kong, Coréia do Sul e Taiwan. O “milagre econômico asiático” desmanchou-se no ar.

A lição aprendida levou Hans Tietmeyer, então presidente do Banco Central Alemão e comissário dos ministérios das Finanças e dos bancos centrais do G7, a admitir publicamente que as autoridades financeiras e os guardiões econômicos do século 20, como o FMI, precisavam de reforços.

O mundo havia mudado e exigia novas regras. Por isso, Tietmeyer convocou o G7 para criar uma nova estrutura para fortalecer a supervisão do sistema, o que chamou de Fundo de Estabilidade Financeira (FSF, na sigla em inglês).

Missão e membros



A proposta de Hans Tietmeyer foi apresentada em outubro de 1998. Em fevereiro de 1999, o FSF já era uma realidade. Seu primeiro presidente foi Andrew Crockett, então presidente do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), sediado em Basiléia.

Seus integrantes eram os ministros das finanças, presidentes de bancos centrais e autoridades supervisoras do G7 (Estados Unidos, Japão, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha e Itália.

O objetivo do fórum foi definido em seus estatutos: “Coordenar o trabalho das autoridades financeiras para evitar os crescentes riscos sistêmicos derivados da integração dos mercados”. Ou seja, garantir a solidez do sistema financeiro internacional.

Para melhorar a capacidade de reação do novo organismo, o FSF convidou como participantes o FMI, o Banco Mundial, o Comitê do Sistema Financeiro Mundial, o Comitê de Controle Bancário de Basiléia (BCBS) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A Suíça e o FSF



A Suíça teve um papel chave na história do Fórum de Estabilidade Financeira. Primeiro, porque sua sede fica em Basiléia. Segundo, porque é um dos poucos países não integrantes do G7 que foi convidado a aderir, como reconhecimento da importância do mercado financeiro suíço.

A Suíça integra o FSF desde janeiro de 2007, quando o ministro das Finanças, Hans-Rudolph Merz, nomeou Jean-Pierre Roth, presidente do Central Suíço (BNS), como representante do país no fórum. E é também um dos principais países promotores da importância do FSF.

Segundo Philipp Hildebrand, vice-presidente do banco central helvético. “Em outubro de 2007, poucos meses depois do início da atual crise financeira, o G7 delegou ao FSF a missão de identificar as causas do problema e tirar as primeiras lições da mesma.”

Em abril de 2008, o FSF apresentou um relatório sobre o assunto. Suas três principais conclusões foram: deve-se reduzir o nível de endividamento do sistema financeiro; as instituições devem identificar e avaliar melhor os riscos que assumem; e o sistema financeiro precisa se imunizar cada vez melhor contra influências perversas.

“Após avaliar a situação suíça encontramos evidências”, continua Hildebrand, “constamos que nos grandes bancos internacionais, efetivamente, o endividamento era muito elevado, a avaliação dos riscos insuficientemente confiável e existiam lacunas na exigência de fundos próprios – todos elementos apontados pelas análises do FSF”.

O futuro do FSF



Em escala internacional, a missão do FSF está apenas começando. Os participantes da cúpula do G20, em 14 e 15 de novembro passado, em Washington, decidiram que o fórum seria responsável pela coordenação das reformas do sistema financeiro internacional.

Agora, espera-se que ele apresente propostas para os encontros financeiros internacionais programados para 2009. Atualmente, o presidente do fórum é Mario Draghi, presidente do Banco da Itália, cujo mandato termina em maio de 2009. Para ser mais representativo da realidade mundial atual, o FSF terá em breve também representantes das economias emergentes da América Latina, da Ásia e do Leste Europeu.

swissinfo, Andrea Ornelas

O FSF é o novo coordenador e gerador de propostas para fortalecer o debilitado sistema financeiro internacional. Ele pode criar grupos de trabalho específicos e se reunir quantas vezes for necessário.

Conta com especialistas dos ministérios das Finanças, bancos centrais, órgão internacionais de regulamentação e supervisão, assim como comitês de sistemas de pagamento e liquidação.

O atual presidente do G20, Luiz Inácio Lula da Silva, solicitou que, além de representantes dos países emergentes, também a Espanha esteja representada no FSF.

O Fórum de Estabilidade Financeira é integrado por:

G7 (EUA, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália

Suíça, Austrália, Hong Kong, Holanda e Cingapura

FMI e Banco Mundial

Banco Central Europeu e Banco de Compensações Internacionais

Comitê de Supervisão Bancária de Basiléia, Organização Internacional de Comissões de Valores e Associação Internacional de Supervisores de Seguros.

O G20, promotor do Fórum de Estabilidade Financiera, é formado por:

G7, União Européia (como bloco), Rússia, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, República da Coréia, África do Sul e Turquia.

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