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Quatro séculos de altas e baixas das bolsas

2008 como em 1929? swissinfo.ch

Entre euforia e depressão, a bolsa faz e desfaz fortunas colossais há 400 anos.

Em plena crise financeira, o museu Wertpapierwelt de Olten (região noroeste) faz uma exposição sobre a história dessa instituição de investimento e de especulação.

“Por vezes um sonho se realiza, às vezes se evapora.” É com essa primeira frase de Jonathan Chance – um dos protagonistas que servem de guia à exposição – que o visitante entra no universo da bolsa e dos mercados financeiros. O percurso é balizado por 90 papéis negociados em bolsa, entre quedas abissais e altas fantásticas.

“As primeiras ações da história foram emitidas pela Companhia Holandesa das Índias Orientais. Foi em 1602”, explica Dagmar Shönig, conservadora do Museu Wertpapierwelt de Olten, noroeste da Suíça, designando um dos primeiros exemplares desses títulos revolucionários.

“A idéia era repartir os riscos e naturalmente também os lucros. Depois o sistema se alastrou rapidamente, em particular na Grã-Bretanha”, acrescenta.

“Tulipomania” e primeiras vertigens

Rapidamente é desencadeada a primeira crise da história, a crise “das tulipas”. Na Holanda, a flor tinha chegado a um nível de popularidade tal que as batatas eram cotadas em bolsa a preços estratosféricos. Certos comerciantes começaram a vender as batatas das flores antes de plantar, o que lembra a crise atual.

Resultado: em 1637 explode a primeira bolha especulativa que provoca a bancarrota de centenas de pessoas.

“Nessa época, que denominamos a fase da infância, entre os séculos 17 e 18, surgiram numerosas empresas sérias que financiavam projetos ambiciosos graças à emissão de ações”, afirma a conservadora. Outras são criadas por simples escroques como a Sociedade para Transformar Chumbo em Prata ou ainda a Sociedade cujos Objetivos Empresariais serão comunicados posteriormente”, explica Dagmar Schönig.

Hoje, a evocação desses inocentes dispostos a investir em tais empresas pode provocar sorrisos, mas quem sabe se os acontecimentos que abalam atualmente o mundo das finanças não provocarão sorrisos dentro de alguns anos ou talvez apenas dentro de alguns meses?

A “puberdade”

No século 19, o sistema bolsista entra na “puberdade”. A revolução industrial, a colonização, as grandes infra-estruturas, em particular as ferrovias, absorvem enormes capitais que só ser conseguidos nas bolsas de valores.

Esse desenvolvimento fulgurante do capitalismo provoca excessos. O banco Overend é um exemplo. Em 1865, essa instituição inglesa de crédito é transformada em sociedade anônima. Deixa, portanto, de depender da fortuna familiar que a havia criado – e que visivelmente freava as especulações – e passa a fazer investimentos de alto risco que provocam sua falência no ano seguinte, desencadeando a primeira “sexta-feira negra” da história da bolsa de Londres.

Mas o século 19 também tem sucessos industriais enormes, como testemunham as ações de companhias como Siemens ou Standart Oil Company, propriedade de John Davison Rockfeller.

Colonização

“Outro aspecto interessante da história da bolsa é o financiamento da “colonização”, explica a curadora. O século 19 também foi marcado pelo surgimento de uma série de empresas que favorecem a atividade e a emigração para o outro lado do Atlântico.

Além das ações de empresas sérias como a Companhia de Colonização Americana ou a New Zealand Company, surgem papéis curiosos no mercado.

A exposição tem vários exemplares, como esse título do Estado de Poyais, em Honduras. Um Estado fantasma, mas que seu promotor, o escocês Gregor MacGregor, defende como um verdadeiro eldorado junto às 200 pessoas para as quais o sonho tornou-se pesadelo. A maioria desses colonos faleceu completamente arruinada no meio da selva na América Central.

Instrumento indispensável

No século 20 surgiram novas empresas em setores que não existiam anteriormente como telefones, telégrafos, eletricidade e termina com a revolução virtual nas bolsas.

A gritaria dos pregões pertence ao passado. As transações são doravante virtuais, através da internet. Esse progresso não coloca as bolsas ao abrigo de sismos como demonstram os acontecimentos recentes.

Depois da chuva vem o bom tempo, diz o provérbio, e a regra segundo a qual uma quebra das bolsas é acompanhada de uma alta das ações, poderá se verificar mais uma vez. No futuro também haverá gênios como Thomas Edison e que poderão financiar suas invenções no mercado de ações.

Paralelamente, os que vendem vento – como uma empresa alemã que conseguiu convencer centenas de pessoas a investir numa máquina com movimento perpétuo – deverão continuar a enriquecer às custas de pessoas inocentes.

swissinfo, Daniele Mariani, Olten

O museu Wertpapierwelt de Olten (noroeste) é gerido pela Fundação Coleção de Ações Histórias, criada em 2002 pelo grupo Six Securities AS, do qual faz parte a empresa que administra a bolsa suíça.

A coleção tem quase 7 mil ações provenientes de uma centena de países.

O museu organiza todo ano uma exposição temporária.

A exposição atual “Alta e Baixa – a história da bolsa narrada por ações”, vai até agosto de 2009.

O museu está aberto de terça e quarta-feira, das 9:30 h às 17 h
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