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Brasil participa do maior evento de ginástica do mundo

Lausanne, capital olímpica que acolhe ginastas do mundo inteiro Keystone

Vinte mil jovens atletas começam a chegar à cidade suíça de Lausanne para participar do maior encontro de ginástica rítmica não competitiva do mundo.

A se realizar entre os dias 10 e 16 de julho, o festival World Gymnaestrada contará com a participação de delegações de 55 países, entre eles o Brasil, que terá, segundo a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), uma equipe composta por 688 integrantes, sendo 536 ginastas.

Esta é a décima-quarta edição do Gymnaestrada. O festival, que é organizado pela Federação Internacional de Ginástica, ocorre de quatro em quatro anos e foi realizado pela primeira vez em 1953, na cidade holandesa de Rotterdam. Atualmente, é um símbolo de fraternidade no esporte amador mundial, já que não existe premiação de campeão e o seu principal objetivo é promover o intercâmbio esportivo entre os atletas e a troca de informações entre as federações nacionais sobre o trabalho desenvolvido em cada país.

A delegação brasileira na Suíça será chefiada pela presidente da Federação de Ginástica do Rio de Janeiro, Andréa João, e terá uma equipe técnica composta por nove pessoas. Ginastas de 23 clubes de diversas regiões do Brasil foram escolhidos para participar do Gymnaestrada após participarem de diversos processos seletivos.

O aspecto mais interessante da participação brasileira, no entanto, passa por fora dos clubes e se dá nas associações e escolas de ginástica rítmica que possibilitam uma iniciação esportiva para jovens moradores de comunidades carentes. Dois exemplos acontecem no Rio e em São Paulo, onde a ida de alguns atletas à Lausanne se deu com muito esforço e acontece recheada de sonhos.

É o caso das adolescentes Jéssica Nunes e Franciele Nascimento, ambas com 16 anos e moradoras do município de Mauá, na região do ABCD Paulista. Três anos após darem seus primeiros passos no esporte nas aulas de ginástica da Associação Estrela Azul, as duas foram selecionadas em um teste realizado com centenas de jovens no ginásio poliesportivo do município vizinho de São Bernardo do Campo.

Agora, a sensação das meninas é de quem vive um conto de fadas: “Estou muito ansiosa”, revelava Jéssica, pouco antes de embarcar para a Suíça. Franciele, por sua vez, já pensa no futuro: “Depois do Gymnaestrada, quero estudar e fazer faculdade de Educação Física”. Os familiares, assim como diversos colegas da Estrela Azul, foram ao aeroporto se despedir das jovens ginastas em um clima de muita emoção.

Esforço e dedicação

O esforço e a dedicação das duas são reconhecidos por todos: “Elas trabalham como aprendizes no Banco do Brasil de manhã, treinam à tarde e estudam à noite”, revela, sem disfarçar o orgulho, a presidente da Associação, Maria Helena Martins, que acompanha Franciele e Jéssica na viagem à Suíça. A delegação da Estrela Azul é completada pela professora Elisabete Nobre, ex-aluna da Associação e uma das grandes incentivadoras do desenvolvimento da ginástica rítmica na região.

Além do apoio do BB, revela Maria Helena, as meninas conseguiram ajuda da Prefeitura de Mauá e de alguns empresários: “Fizemos um trabalho intenso junto ao comércio local para conseguir apoio. Esperamos que daqui a quatro anos a gente possa levar muito mais adolescentes ao Gymnaestrada”, diz. A dura realidade, no entanto, ainda não mudou: “Estamos sem nenhum apoio no momento para as modalidades de ginástica, judô e futsal”, lamenta a presidente da Estrela Azul.

Em Lausanne, as duas meninas de Mauá farão suas apresentações durante a Noite Brasileira, data especial do Gymnaestrada 2011 que acontecerá no dia 12 de julho e é encarada com muita expectativa pela CGB. O tema da Noite Brasileira será “Máquina do Tempo”, com apresentações que falarão sobre a chegada dos migrantes suíços ao Brasil. Um ensaio geral com toda a delegação brasileira será realizado no sábado (9), véspera do início oficial do festival de ginástica.

Ginástica do Alemão

A Noite Brasileira em Lausanne será abrilhantada também por 20 jovens ginastas _ com idades entre sete e dezessete anos _ que fazem parte da Vila Olímpica Carlos Castilho, localizada no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O grupo foi selecionado para o Gymnaestrada 2011 após se classificar em 2009 no festival GymBrasil, realizado na cidade de Nova Friburgo (RJ).

Apesar da classificação, concretizar a viagem para a Suíça não foi tarefa fácil. Durante quase dois anos, a ameaça da falta de recursos ameaçou o sonho das meninas, mas o esforço da ONG Movimento Cultural Social (MCS), que gerencia a Vila Olímpica, tornou reais os R$ 180 mil necessários à viagem. Durante a Noite Brasileira, o grupo carioca vai apresentar a coreografia “O Gingado Brasileiro”.

Responsável pelo projeto de ginástica rítmica no Complexo do Alemão, a professora e ex-ginasta Michele Sandes comemora o objetivo alcançado: “A curiosidade pelo esporte foi surgindo aos poucos nas meninas e, vendo esse interesse crescer, tive a idéia de montar uma equipe para representar a Vila Olímpica em eventos”, diz. O sonho, também nesse caso, não vira realidade sem muito esforço e dedicação: “As meninas precisam ter boas notas na escola e bom comportamento para poderem ficar na equipe”.

A edição de 2011 do World Gymnaestrada, décima-quarta do festival de ginástica rítmica, é a terceira a acontecer na Suíça.

Em 1969, a quinta edição foi realizada na Basileia e reuniu nove mil e seiscentos ginastas de 28 países. Treze anos depois, em 1982, a sétima edição do Gymnaestrada reuniu em Zurique catorze mil e duzentos jovens ginastas de 22 países.

Agora, as autoridades de Lausanne afirmam que a cidade deve aproveitar o evento “para consolidar sua imagem de cidade acolhedora, calorosa, aberta e esportiva”.

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