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Catamarã gigante Alinghi 5 vai de vento em popa

Até os Alpes parecem pequenos ao fundo do Alinghi 5, no Lago de Genebra. Keystone

Os primeiros testes com o novo catamarã da equipe suíça no Lago de Genebra superaram todas as expectativas, informou a Alinghi, nesta quinta-feira (23/7), em uma conferência de imprensa no porto de Bouveret, no cantão de Valais.

O barco gigante, resultado de cem mil horas de trabalho, é considerado o “primeiro passo” da Alinghi para a disputa da próxima edição da Copa da América (America´s Cup), maior competição de vela do mundo.

Os ventos sopram a favor da Alinghi, pelo menos em termos esportivos. Os primeiros testes com o multicasco Alinghi 5 feitos no Lago de Genebra, desde o dia 9 de julho, superaram todas a expectativas do time helvético.

“Estamos adiantados no nosso programa de treinos”, explicou o neozelandês Murray Jones, estrategista da equipe. “A fibra ótica integrada em diferentes peças nos permite saber exatamente quais forças agem sobre a estrutura, e isto em tempo real. É uma ferramenta de desenvolvimento absolutamente incrível. Pelos primeiros testes, o barco é surpreendentemente fácil de manobrar, elegante, suave e confortável”, disse.

Mais de duas mil empresas suíças e seis laboratórios da Escola Politécnica Federal de Lausanne participaram da concepção e construção do Alinghi 5. Foram usados 30.000 metros cúbicos de fibra de carbono para a construção do barco, com 27 m de comprimento e 23 de largura. A vela principal tem 1000m2.

Para Jones, “é o barco mais excepcional com o qual já naveguei. A sensação de potência é verdadeiramente extraordinária. A velocidade é tal que a gente se sente um pouco apertado sobre o lago; o Mediterrâneo nos dará mais oportunidades”.

“Veleja-se e se sente o barco como se fosse uma embarcação pequena”, disse Nils Frei, um dos três suíços na equipe de velejadores, à agência SI.

A equipe continuará navegando mais uma semana no Lago de Genebra. No início de agosto, o Alinghi 5 será transportado de helicóptero para o porto de Gênova (Itália), por cima dos Alpes, rumo aos primeiros testes em água salgada, no Mar Mediterrâneo. O destino final ainda não é conhecido.

“Primeiro passo”

No último dia 9 de julho, o catamarã de 90 pés foi levado por um helicóptero militar russo, o Mi-26 – o maior do mundo, de Villeneuve, no Valais (sudoeste da Suíça), onde foi construído, para o Lago de Genebra, onde recebeu mastro, velas e todos os equipamentos para fazer seus primeiros testes e treinos.

A Alinghi ainda não confirmou se vai usar este barco para correr a próxima edição da America´s Cup. A equipe suíça ainda espera que sua rival, a BMW Oracle (EUA), na condição de ‘Challenger of Record’, informe as características técnicas da embarcação com que pretende enfrentar o Alinghi 5.

O coordenador do projeto, Grant Simmer, que trabalhou com a equipe de desenho, tripulação e construtores de barcos, afirmou sentir-se “muito orgulhoso” do resultado. “Muitas pessoas trabalharam realmente duro, fizeram um trabalho fantástico e este é o produto desse esforço”.

Bertarelli entusiasmado

Ao lançar o barco no lago, há duas semanas, o genebrino Ernesto Bertarelli, presidente do Alinghi, comentou: “Como um velejador apaixonado por multicascos, estou extremamente contente em ver o Alinghi 5 na água para o próximo passo dessa campanha. Nas próximas semanas e meses, o time vai trabalhar na defesa da America´s Cup”.

Na 33ª edição da Copa da América, a Alinghi enfrentará a BMW Oracle, de São Francisco. O local da competição ainda não foi definido, mas já se sabe que será em fevereiro de 2010.

A probabilidade de que a disputa ocorra novamente em Valência, na Espanha, como a anterior, são cada vez menores. Tudo indica que será um lugar em que dominem os ventos rápidos, no hemisfério norte. Os estadunidenses elegeram o tipo de embarcação e o formato da competição.

Briga judicial e conceitos opostos

Antes de se enfrentarem no mar, as duas equipes ainda têm de resolver divergências em terra. Na mais recente briga entre Alinghi e Oracle, um tribunal de Nova Yorque conclamou as partes a resolverem o caso através de mediação.

Na semana passada, a Oracle acusou a equipe suíça de modificar as regras a seu favor. A reação da Alinghi foi violenta. A Sociedade Náutica de Genebra, que representa os interesses da Alinghi, queria conseguir no tribunal a expulsão da Oracle da 33ª Copa da América.

“Nosso barco é impressionante, a Oracle certamente tem seus pequenos problemas. Espero que eles tenham a coragem de vir enfrentamos, mas estou quase certo de que voltarão a contestar a nossa escolha do local da competição”, disse Bertarelli na coletiva à imprensa.

Independentemente de onde venha a ser o duelo, entrarão na água, segundo Bertarelli, dois projetos opostos de multicascos. “A concepção americana é tradicional. Eles tentaram adaptar um barco oceânicoo para construir seu trimarã. Nós, pelo contrário, nos inspiramos em pequenos barcos de lago para concecer nosso catamarã. Inevitavelmente, um dos dois barcos será mais rápido.”

Geraldo Hoffmann e Iván Turmo, swissinfo.ch (com agências)

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