Fundação exige escola integral

Almoço faz parte da oferta nas escolas em período integral. Keystone

Para os pesquisadores da "Avenir Suisse", a Suíça precisa de mais escolas em período integral. A principal razão é econômica: 77% das mulheres trabalham.

A dificuldade de melhorar a oferta escolar está nas tradições familiares do país e também nos custos elevados.

Mulheres ativas no país dos Alpes conhecem o problema. Com crianças, o trabalho só é possível se os horários estiverem de acordo com o funcionamento das escolas. Ao contrário de vários países europeus, o horário escolar integral é raro na Suíça e, muitas vezes, não bem visto.

Porém esse tipo de estabelecimento facilita a vida de pais e mães que trabalham. Num país com quedas crescentes das taxas de natalidade, essa mão-de-obra não pode ser desprezada.

Nesse sentido, a “Avenir Suisse”, um fundação criada pelas empresas helvéticas, preparou um estudo com dicas de financiamento e abertura de escolas de período integral. O destinatário do estudo é o Estado e a mídia, que deu destaque para o tema nas manchetes de jornal.

35 comunas

Escolas em período integral existem atualmente apenas em 35, das 2.800 comunas suíças. “Essas instituições estão em grande parte nas regiões urbanas”, explica Markus Mauchle, um dos fundadores da associação “Verein Tagesschulen”, criada para funcionar como lobby de defesa das escolas integrais.

A oposição a essa proposta é grande, sobretudo por parte de políticos conservadores e administrações comunais. “O primeiro problema é a conceito tradicional de família de muitos suíço, para quem o homem deve trabalhar e a mulher ficar no forno. O segundo argumento contrário são os custos elevados das escolas integrais”, lembra.

Facilidades

As estatísticas mostram que 77% das mulheres suíças têm pelo menos uma ocupação em tempo parcial. Para elas, escolas em período integral permitiriam não apenas a reeintegração rápida no mercado de trabalho após o nascimento da criança, mas também flexibilidade, defende o representante da “Verein Tagesschulen”.

Além da questão econômica, Markus Mauchle vê também nas vantagens pedagógicas um forte argumento.

– Nessas escolas as crianças recebem um acompanhamento melhor para realizar seus deveres escolares e têm melhor oferta de atividades livres. Além disso, os filhos dos estrangeiros podem se integrar melhor ao país, pois estão em permanente contato com outras crianças suíças – justifica.

12 mil francos

O custo de uma vaga numa escola em período integral seria de 12 mil francos anuais. Em regra, as taxas são calculados de acordo com os rendimentos familiares e complementados pelo Estado.

Em Regensdorf, no cantão de Zurique, pais de uma criança pagam 8.640 francos por ano, que cobrem 100% dos custos. Em Zug, no cantão com o mesmo nome, uma criança custa 3.090, valor que cobre apenas 22% dos custos.

Para defender esse acréscimo nas despesas públicas, Avenir Suisse ressalta no seu estudo que as escolas integrais permitem as famílias melhorar seu nível de renda e também o rendimento escolar dos filhos. No final, o lucro seria das próprias comunas através do crescimento da receita e menor desemprego.

Apoiada por associações de professores na Suíça, a proposta da Avenir Suisse tem o objetivo de levantar um debate público. “A iniciativa de criar essas escolas deve nascer nas próprias comunas. Nossa iniciativa serve apenas para dar uma base a elas”, defende Thomas Held, diretor da fundação.

swissinfo com agências

Breves

– Além da Avenir Suisse, outras associações de professores defendem a introdução de escolas em período integral.

– O estudo Pisa mostra que a igualdade de chances depende do contexto social no qual as crianças são educadas.