Pouco sobrou da Eco Rio 92
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Dez anos depois, os suíços que participaram da Conferência concordam que ela serviu de início para uma tomada de consciência sobre o estado do planeta mas constatam que quase nada foi feito de concreto até agora.
Dez anos atrás, na Rio 92, os dirigentes do mundo inteiro constaram que o planeta estava doente e comprometeram-se a cuidar dele. Mas o entusiasmo passou logo, lamentam várias personalidades suíças que acompanharam de perto o que vem sendo feito depois.
Mudar os hábitos de vida
A questão é oportuna até porque está sendo preparado o chamado “encontro da Terra II”, outra grande conferência internacional, de 26 de agosto a 4 de setembro em Joanesburgo, África do Sul.
“Foi uma experiência excepcional, uma emoção coletiva”, lembra Jean-François Giovannini, chefe da delegação suíça na Rio 92. “Pela primeira vez, descobríamos, juntos, o quanto a Terra é frágil e limitada”, acrescenta.
“Pensávamos que algumas medidas seriam suficientes mas constatamos depois que o desenvolvimento sustentável requer um mínimo de eqüidade entre o Norte e o Sul. (…) Isso só é possível com a mudança total de nossos hábitos de vida e estamos longe disso”, afirma Giovannini.
Discussão voltou-se para a Economia
O ex-deputado e presidente da Sociedade Suíça de Proteção ao Meio Ambiente (SPE), René Longet, também constata a “enorme disparidade” entre o Norte e o Sul. Afirma que “gerimos os recursos de maneira irresponsável, dematamos florestas inutilmente, praticamos a pesca excessiva nos oceanos e ameaçamos a estabilidade climática”.
Longet afirma, no entanto, que a Rio 92 teve um “papel essencial” porque consagrou definitivamente a noção de desenvolvimento sustentável como síntese entre desenvolvimento e meio ambiente. Critica sobretudo o imobilismo dos EUA em que o último exemplo é a recusa do Protocolo de Kyoto sobre as mudanças climáticas.
A Declaração de Berna, uma das mais ativas Ongs suíças, é mais pessimista ainda. Ela afirma que da Rio 92 só restaram “belas palavras” sobre o desenvolvimento sustentável. Segundo a organização, a rapidez da globalização desviou a discussão para a competitividade da economia e das finanças.
Papel mais ativo em Joanesburgo
Outra constatação pessimista é a de Philippe Roch, secretário federal para o meio ambiente. Ele recorda que a Rio 92 foi “um choque cultural mundial (…) mas que, na prática, o balanço da década é totalmente negativo”.
Roch considera que o “estado do planeta é muito pior” e que a tendência poderia ter sido invertida. Ele calcula que, na metade deste século, 90% da população mundial viverá nas cidades e que as condições de vida serão insuportáveis.
Vários observadores concordam que a Suíça não tem dado um mau exemplo com suas políticas ambiental, de transportes públicos e de ajuda ao desenvolvimento. Esperam também que, com a recente adesão à ONU, o país poderá ter um papel mais ativo no Encontro da Terra II, em Joanesburgo.
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