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Suíça participa de corrida de carros solares

Pela primeira vez, este ano, os motoristas podem dirigir sentados os futurísticos veículos solares. wsc07.ch

Dia 25 de outubro começa na Austrália a corrida mais dura para carros solares, o World Solar Challenge, que une tecnologia, incentivo à ciência, consciência ecológica, turismo, esporte e aventura.

Pela primeira vez, é permitido pilotar os veículos futurísticos sentado. O novo piloto da Swisspirit, Simon Röösli, alegra-se por não precisar mais ficar deitado no cockpit, como era o caso de seus antecessores.

Röösli já está um pouco nervoso. Desde 2006, ele espera o momento de sentar no cockpit do novo carro solar da Swisspirit, no norte da Austrália, e cruzar todo o quinto continente. A cada dois anos, em Darwin, é dada a largada à corrida que tem a fama de ser a mais difícil do mundo para veículos solares.

A Suíça particia da competição desde 1987 e é uma questão de honra. Afinal, os veículos da Faculdade de Engenharia de Biel (agora Universidade de Ciências Aplicadas em Tecnologia e Informática de Berna), sobretudo no início, obtiveram boas colocações – em 1990, o “Spirit of Biel II” até foi vencedor.

“Em 2006, eu tinha me candidatado como motorista e venci o casting”, conta Röösli à swissinfo.ch. “Desde então eu sou oficialmente piloto da Swisspirit.” Mas, em outubro de 2007, a equipe perdeu um integrante e Röösli teve de esperar mais dois anos.

Força midiática

Swisspirit é um projeto com maior repercussão midiática da Associação WSC07. Esta organização sem fins lucrativos com sede em La Neuveville reúne projetos e atores das áreas científica e cultural. O objetivo é a pesquisa, o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias a serviço da humanidade e de seu meio ambiente.

No último dia 15, o carro chegou a Darwin para ajustes finais. Esta semana ocorrem os testes que antecedem o início da corrida no dia 25. Valoriza-se muito o aspecto da segurança dos veículos, por exemplo, a sua usabilidade no trânsito rodoviário normal. Na Austrália, há perigos muito específicos à espreita de um piloto solar.

É sabido que os cangurus saltam na frente do capô – por isso, muitos carros usados no interior do país têm enormes barras de proteção do radiador. Só que esses veículos pesam duas toneladas ou mais, enquanto o carro solar tem cerca de 200 quilos.

Também as manobras de ultrapassagem com um veículo tão leve não são totalmente sem risco. A partir de Darwin, muitos assim chamados trens de estrada (road trains) viajam para o sul. Estes caminhões com vários reboques podem chegar a pesar mais de cem toneladas.

“Passar por um caminhão desses com um veículo 200 quilos significa ter que suportar uma pressão considerável”, diz Röösli. Chega-se a suar. Mas Röösli deverá suar também sem road trains e cangurus.

Cockpit é um suador

É primavera no hemisfério sul e o calor tropical úmido de Darwin é sucedido, em direção ao sul, pelo calor seco do deserto. Mas um sistema de ar condicionado (ainda) não foi planejado para o Swisspirit.

Já o uso de capacete é obrigatório. “Calculo que o calor dentro do veículo chegue a 50 graus.” Quatro a cinco horas por dia ele precisa aguentar nessas condições. Por isso, o trabalho em equipe é importante. “Dois motoristas estão previstos, um terceiro poderia se juntar à equipe”.

“Podemos viajar das 8 às 17h, mas não sabemos quando faremos nossas pausas. Não estão previstas paradas para ir ao banheiro, o que pode até ser possível, de tanto suar!” Em compensação, estão previstos vários stops obrigatórios para posar para a mídia.

O problema é que essas paradas não necessariamente coincidem com a necessidade de urinar, abastecer um carro acompanhante ou com uma troca de motorista. Cada carro solar é acompanhado por dois veículos. “Um vai na frente e chama atenção do trânsito, o outro segue atrás.”

Primeira vez sentado

O progresso técnico das últimas duas décadas na indústria solar se reflete menos no aumento da velocidade dos veículos do que no aumento das exigências por parte dos organizadores, diz o piloto suíço.

Com isso, a corrida aproxima-se cada vez mais do trânsito normal, o que também é o objetivo destes protótipos, que já estão equipados com pisca-pisca, buzina, luzes e cintos de segurança. Além disso, o motorista deve ser capaz de desembarcar sozinho em 15 segundos. A área de painéis solares nos veículos foi reduzida de 8 para 6 metros quadrados.

E, para o grande alívio, o condutor agora pode dirigir sentado, o que tem um grande impacto sobre a forma do veículo. A forma chata, aerodinâmica, com o piloro deitado, dá lugar a um carro que mais se assemelha a um automóvel comum.

Cerca de uma semana após a chegada em Adelaide, o estresse da corrida terá passado, e alguns membros da equipe vão mergulhar no Pacífico. Para Röösli, porém, a viagem continua: “Na verdade, eu sou mais biólogo do que especialista em energia solar.”

O comportamento dos animais lhe interessa mais do que o de motoristas de caminhão. “Por isso, da Austrália sigo diretamente para Bornéu, onde vou me dedicar ao estudo do comportamento dos orangotangos.”

Alexander Künzle, swissinfo.ch

Azar para Simon Röösli: o Swisspirit não largou no “World Solar Challenge”. O veículo foi danificado no transporte.

A equipe suíça, que venceu duas vezes a competição, era cotada como favorita ao título deste ano.

Nasceu em 1979, em Solothurn, e atualmente mora em Neuchâtel, onde se formou em Biologia em 2007, com especialização em parasitologia e estudos do comportamento.

Nos últimos dois verões, ele trabalhou na energiebüro AG, uma empresa de planejamento de grandes projetos de energia solar.

No futuro, ele gostaria de se ocupar com fotografias da natureza e dos animais.

O World Solar Challenge Solar (WSC) é considerado a mais difícil corrida de veículos solares do mundo.

Enquanto testam a eficiência dos veículos, os competidores participam de uma corrida de resistência por terrenos variados – asfalto, terra, florestas tropicais e deserto – e ainda podem desfrutar de belíssimas paisagens em um dos locais mais exóticos do mundo.

A corrida vai de Darwin (no norte) até de Adelaide (no sul da Austrália), num percurso de cerca de 3000 km.

Com o ‘Spirit of Bienne’, a Suíça ocupou boas posições no ranking até 1990, quando o carro ‘Spirit of Bienne II’ até venceu a corrida.

Até 1999, a competição acontecia a cada três anos; desde então, a cada dois anos.

A próxima corrida começa no domingo (25/10) e dura cerca de uma semana para a equipe WDC07.

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