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Cientistas fazem ratos paraplégicos andar

O rato paraplégico "andando" após tratamento. uzh.ch

Pesquisadores suíços e americanos conseguiram dar mobilidade parcial a ratos paraplégicos. Os animais voltaram a andar e até mesmo correr sobre um tapete rolante após ter sido submetidos a estímulos elétricos, combinados com um treino regular e medicamentos.

A experiência sugere que ratos, tornados paraplégicos através do corte das fibras nervosas, possam voltar a andar sem a restauração das fibras danificadas ou restabelecimento do circuito nervoso que liga a medula espinhal ao cérebro.

A pesquisa poderá ter importância para as pessoas feridas na medula, segundo os cientistas. Eles publicaram os resultados na edição eletrônica da revista científica Nature Neuroscience.

Atividade rítmica

“A medula espinhal contém circuitos nervosos que podem gerar uma atividade rítmica sem input do cérebro. Eles fazem funcionar os músculos das patas traseiras de uma maneira que lembra a caminhada”, explicou Reggie Edgerton, da Universidade da Califórnia, um dos co-autores do estudo.

Segundo ele, pesquisas semelhantes já foram realizadas em outras ocasiões, mas é a primeira vez que cobaias conseguem carregar seu próprio peso e caminhar de forma autônoma.

Os pesquisadores cortaram a medula espinhal de ratos adultos e aplicaram impulsos elétricos epidurais (n.r.: localizado entre a vértebra e a dura-máter, a membrana externa do sistema nervoso) debaixo do corte, no nível das vértebras lombares ou do sacro (n.r.: sacro é um osso grande e triangular localizado na base da coluna vertebral e na porção superior e posterior da cavidade pélvica). Eles também fizeram os ratos absorver moléculas que imitam os efeitos da serotonina, um neurotransmissor.

O movimento dos tapetes rolantes, nos quais eles estavam instalados, e os impulsos e as moléculas absorvidas ativaram diretamente uma rede de neurônios e provocaram um movimento de caminhada nos ratos.

Sem iniciativa própria

Após semanas de treinos sobre o tapete rolante, os ratos recuperaram a capacidade de andar carregando seu próprio peso, inclusive também de andar para trás, de lado ou em ritmo de corrida. Porém, os animais continuaram sendo incapazes de andar por iniciativa própria.

Isso significa que a medula espinhal é “quase capaz de um processo cognitivo”, explica Grégoire Courtine, da Universidade de Zurique e co-autor da pesquisa. “Ela pode compreender que o meio-ambiente exterior muda e interpreta essa informação para modificar a maneira de ativar os músculos”, acrescenta.

Os pesquisadores trabalham para desenvolver um dispositivo aplicável ao ser humano e que poderia estar disponível, esperam os cientistas, em até quatro anos.

Esse dispositivo, com ou sem adjunção de medicamentos, serviria para tratar pessoas que sofreram acidentes graves na medula espinhal. Mais da metade dos feridos na medula tem entre 16 e 30 anos.

swissinfo.ch com agências

A paraplegia, tal como a tetraplegia, é um estado que normalmente resulta de uma lesão medular. Este tipo de lesão pode classificar-se de completa ou incompleta dependendo do fato de existir ou não controle e sensibilidade periféricos abaixo do nível da lesão da pessoa em questão. (Texto: Wikipédia em português)

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