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Portugueses vão escalar geleiras começando pela Suíça

A geleira de Aletsch, na Suíça, fotografada em 2002. Keystone

Depois de receber o aval da Unesco em Paris, José Maria Abecasis e José Diogo Tavares montaram nas suas bicicletas neste último fim de semana a caminho da Suíça, para dar início ao Projeto Icecare, no glaciar de Aletsch/Jungfrau.

O projeto visa sensibiizar para as mudanças climáticas devido o aquecimento global.

Trata-se de uma expedição em cinco geleiras de várias partes do mundo, classificadas patrimônio mundial pela Unesco, que estão sendo seriamente afetados pelo aquecimento global: Kilimanjaro na Tanzânia, Huascaran no Perú, Ilulissat na Groelândia, Sagarmatha-Everest no Nepal, e Aletsch, na Suíça, que tem 23 Km e é o maior da Europa.

Viagem de bicicleta

Até chegar à região do Jungfrau, os dois escaladores devem percorrer 700 km em bicicleta a uma média de 120 km/dia. O início da expedição está previsto para o da 25 deste mês, logo após o encontro com a equipe técnica que os espera em Berna. Em entrevista à swissinfo.ch, José Abecasis afirmou que a principal intenção do projeto é mostrar às pessoas comuns que os efeitos do aquecimento global estão mais próximos do que elas imaginam”, afirma.

“Sempre vemos aqueles gráficos de cientístas sobre o clima que falam que as águas do oceano vão subir tantos metros e nos parece tão longe… que não seremos afetados. Mas ao ver a situação desses glaciares que estão se reduzindo com grande velocidade pensei que deveria já fazer alguma coisa para chamar a atenção sobre este fenômeno”, declarou.

Choque com o degelo

A imagem da neve do Kilimanjaro desaparecendo chocou José Abecasis Soares, empresário na área da informática. A ideia surgiu numa conversa com um amigo acostumado a escalar montanhas. “Pensamos em ir ao Kilimanjaro e estávamos combinando as datas quando ele me disse que era melhor irmos o mais cedo possível porque mais tarde já não haveria neve”, contou.

Mesmo sendo uma pessoa que não tinha um comportamento ecológico mais ambicioso do que o fechar a torneira ao escovar os dentes, como ele confessa sorrindo, o possível desaparecimeno do Kilimanjaro em 2015 o tocou de tal maneira que logo começou a planejar uma maneira de testemunhar esse fato. E quanto mais estudavam e investigavam o fenômeno, as fronteiras do projeto iam se alargando; e de um glaciar passaram a cinco para mostrar que o mesmo fenômeno atinge todo o mundo.

Falar com as populações locais

E depois pensaram que “seria interessante falar com as populações locais que já estão a sofrer as consequências”. ” No caso do Kilimanjaro existem 1 milhão de pessoas que dependem dele para o abastecimehto de água doce e para a agricultura. O seu desaparecimento seria uma verdadeira catastrofe ecológica”, afirmou.

Além dos dois idealizadores, a equipe do Ice Care será formada por dois engenheiros ambientalistas e apoiada por por uma pessoa licenciada em Geofísica e Meteorologia e especialista em monitoramento por satélite.

Apesar do caso do glaciar Aletsch não ser tão urgente quanto o da Tanzânia, ele está recuando 800 metros por ano. “Vamos descer o glaciar, a pé. Quando chegarmos ao seu limite inferior, vamos registar esse ponto no GPS que colocaremos online. O objetivo é que todos os anos no mesmo mês seja feito esse registro. Assim poderemos seguir, em direto, o recuo do glaciar”, explicou.

A equipe quer usar e abusar das novas tecnologias para sensibilizar a opinião pública recorredo ao uso de blogs, redes sociais, twitter, imagens online, etc. “Vamos usar inclusive um instrumento de medição que hoje é acessível a todos como o GPS”, explicou José Abecasis, enfatizando que o objetivo do projeto não é fazer mais um gráfico, mas sim conscientizar” que todos têm sua parte de responsabilidade com o futuro do planeta.”

Adriana Niemeyer, Lisboa, swissinfo.ch

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